CICLO CIRCADIANO
A morte sempre chega, quando menos se espera.
No Instituto de Biomedicina e Genética se reuniam biocientistas, genéticos, pediatras, obstetras, biólogos, ornitólogos. O novo tema era preocupante e grave : Infertilidade .
— O derretimento das geleiras, aumento de temperatura, degradação ambiental, enchentes, estiagem, aumentam os riscos de pandemias e doenças infecciosas. O clima influencia o ciclo Circadiano (estado físico e mental ) e o relógio biológico dos humanos. Mulheres produzem óvulos inférteis, espermogramas de homens apresentam anomalidade cromossômica e hormonal, estamos enfrentando uma nova pandemia de infertilidade ocasionada pelos fatores de mudanças climáticas.
— Nossa produção de Retorten Babys FIV ( in vitro ) teve um retrocesso, os embriões não se desenvolvem, são rejeitados e morrem nos úteros transplantados.
Homens e mulheres tornaram-se incapazes de se reproduzir. Bancos de doações de sêmen são fechados por falta de candidatos.
— O resultado é que se não nascerem mais crianças, teremos adolescentes e jovens em menor quantidade, um aumento da população de idosos, que não tem quem cuide deles. Não vejo outra alternativa, temos que tornar público o que está acontecendo. A humanidade caminha para sua extinção.
— Segundo o Centro de Zoologia, animais também deixaram de se reproduzir, inclusive aves diminuíram os ovos e filhotes.
Assim o instituto de Biomedicina publicou a notícia sobre a "Pandemia Mundial de Infertilidade Humana". Também convocando jovens de 13 até 20 anos para se candidatar como doadores de óvulos e espermas, para tentar impedir o maior desastre do século, o fim dos humanos, fauna e flora.
A notícia repercutiu como uma bomba, destruíndo os sonho de casais que pretendiam ter filhos. Mulheres e homens infecundos sentiam-se inúteis na natureza por não poderem mais se procriar, refletindo-se em surtos depressivos e ataques de pânico, pensamentos suicidas, aumentando internações em clínicas de psiquiatria. Escolas e universidades eram fechadas por falta de alunos, fábricas, lares de idosos, hospitais e restaurantes, passaram a usar robôs para substituir a falta de funcionários. As ruas tornaram-se quase vazias e no ar pairava um luto silencioso, abandono e solidão.
Idosos acamados e com dificuldade de se movimentar que viviam sozinhos, eram encontrados mortos em suas casas. Outros eram abandonados em hospitais e ninguém aparecia para buscá-los, os formulários eram preenchidos com nomes e endereços falsos, e familiares nunca sendo localizados. Foi autorizado a Eutanásia para os idosos doentes, uma equipe recolhia os corpos, eram enfiados num invólucro de plástico, sepultados em valas pelos bosques e lugares isolados para evitar contaminação e proliferação de bactérias.
Ossos humanos eram doados para fábricas de material de construção, transformados em pó para produção de tijolos e porcelanato. O couro era aproveitado nos cortumes para fazer calçados, bolsas, cintos, tambores, roupas, pois a pele humana é mais macia e maleável.
Adolescentes que se prontificaram a doar óvulos e esperma, apresentavam os mesmos sintomas, a incapacidade reprodutiva já na tenra idade. A humanidade em pouco tempo seria extinta para sempre do planeta Terra.
No instituto de Biomedicina os poucos cientistas não encontravam nenhuma solução, que pudesse impedir a evolução da pandemia de infertilidade humana nem o triunfo da Morte.
— Quem de voces acredita em Deus, levante sua mão.
Apenas dois entre vinte médicos, levantaram a mão.
— Então os outros que comecem a acreditar e rezar também. Nada mais pode ser feito.
Seria mesmo o fim da humanidade ?
★ segue no cap. 2
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