LEONOR E O PIANO - CAP. 10 - FINAL
Francisco gostava de tomar banho naquele banheiro, a tia sabia, e ele demorava muito, pois também realizava hidromassagem. Ele chegou às 17 h. O relógio cuco de Leonor, que ficava na sala de jantar, soou sete horas da noite.
Leonor estava realmente vivendo muitas emoções, a gata sumiu de novo, o sobrinho estava se banhando durante duas horas?! A tutora de Vivara, ficou sem jeito de chamar Francisco, mas estranhava a demora. Ela estava aflita, e precisava lanchar, mas seu coração batia rápido. Ela bebeu uma xícara de café com leite, com duas bolachas doces, e desceu até a parte externa anexa ao quintal, onde ficava o banheiro. Foi até a porta e bateu dizendo: - Meu querido Francisco, está tudo bem? A gatinha não voltou, acho que ela foi para rua, e isto não é bom. Coloquei um lanchinho à mesa. Não quer vir...
Ninguém respondia, e nenhum barulho se ouvia vindo do interior do banheiro. Ela retorceu o rosto, com desgosto e preocupação. Olhou para baixo e viu um líquido vermelho escorrendo por baixo da porta. Aí escutou o piano tocando sozinho, só podia ser, sozinho. Quando voltou à sala, percebeu que o piano não estava no lugar, sumira, pois ninguém sabia tocar RACHMANINOFF, só ela.
Leonor, significa "leão" e "honra", e parece que nossa personagem central é dotada de um autocontrole incrível, diante de tantos dissabores... ela estava triste pelo novo desaparecimento da felina operada, e ainda se preocupava com Francisco, e não sabia o que era o líquido escuro que escorria por baixo da porta do banheiro, o piano toca o concerto n. 2 de Rachmaninoff, sem que o piano esteja lá. Uma voz grave grita do quarto de cima: " Eureka, Eureka". Agora sim, deu tudo certo, e quem me atrapalhava tia, já não existe mais, vou protegê-la de todo o mal, e com certeza, você não está doente não: - Hoje é segunda-feira. O efeito da radiação das transmutações a alucinaram um pouquinho só...
Carlos Alberto - Não se preocupe com o corpo de Francisco, já o fiz desaparecer, por enquanto, não obstante, se nós precisarmos iremos trazê-lo de volta ; não chore. A mulher reconheceu a voz de Albertinho, como ela chamava o sobrinho-neto primogênito. Ele era químico, e vinha trabalhando em um projeto secreto há decênios. Mas a bela senhora não sabia de sua ambição...
Carlos Alberto queria o prêmio Nobel, já havia dito isto a Leonor, há uns dez anos, mesmo sabendo que Leonor achava tal comenda suspeita.Para completar o projeto final faltava grana, o piano valia muito, a casa também, e Francisco fora de cena, faria com que Leonor deixasse tudo que tinha só para ele. Pois é, Carlos Alberto desceu as escadas com Vivara nos braços, ela estava quase desintegrada. E ele olhando o olhar de sua terna e horrorizada tia, novamente gritou - O piano sumiu, mas continuará eternamente a tocar, não consigo reativar a materialização, só a custa de muito dinheiro tia. Mas a sua preciosa cobaia, ou melhor Vivara, não deu para salvar...
-Lamento titia, agora resta a você escolher: - Ou vive, e me apoia, repassando todos os seus bens para o meu nome, ou terá o mesmo fim de Francisco, o Abelhudo. A mulher se travestiu de uma frieza sem par, e respondeu - Meu querido, estou orgulhosa, você é um cientista raro e merece todos os louros da vitória. - Vivara está melhor assim, e quanto ao Francisco, ele era um inútil. Você fez bem. Agora, tenho uma dúvida, meu brilhante sobrinho - Quem está tocando agora, o piano fantasma? O homem tresloucado respondeu calmamente, e com lágrimas nos olhos - O espírito de Vivara...
A estória continua em sua parte II, com mais dez capítulos, sendo que o capítulo 8 será escrito, pelo autor que acompanhar os outros sete. Será incrível.