Ecos da Escuridão
Elisa despertou às 3:17, o peso familiar esmagando seu peito. O relógio digital emitiu um brilho pálido, refletido na parede branca e vazia do quarto. Essa presença opressora a assombrava há várias noites. O silêncio era absoluto, mas ela podia ouvir sussurros.
Tentou atribuir suas experiências ao estresse ou à privação de sono, mas isso já não parecia suficiente. As sombras a observavam, trazendo lembranças de sua infância, quando acordava em pânico e corria para o quarto dos pais. Agora, não havia para onde fugir.
De olhos fechados, ela viu rostos indistintos, todos a encarando com uma acusação silenciosa. Ao abrir os olhos, viu uma sombra se movendo. Ao encarar o espelho, uma figura fugidia surgiu atrás de si.
Elisa tentava lembrar quando esse terror começou, mas sua mente se desviava como se repelisse algo. Uma noite, jurou ouvir alguém chamar seu nome, uma voz baixa e quase maternal que tocou uma ferida antiga. A figura de uma mulher em uma cadeira de balanço a assombrava.
Ao apagar a luz, virou-se para a parede e de costas para o espelho. As vozes aumentaram, misturadas a um choro abafado. Um toque frio percorreu seu braço. Ela não acendeu a luz; estava cansada da falsa segurança da claridade.
Na manhã seguinte, encontrou um brinquedo antigo debaixo da cama: um ursinho desgastado que não via desde a infância. Ao tocá-lo, a nostalgia e o terror a envolveram. O eco de seu passado nunca se calaria completamente, mas ela estava decidida a enfrentar a escuridão.