A Cidade Perdida
Numa estação chuvosa que parecia não ter fim, os ventos torrenciais traziam consigo histórias esquecidas, contos sussurrados nas tabernas úmidas das vilas vizinhas. A cidade de Ashmore, uma lenda entre os velhos pescadores da costa, é muito engolida pela vegetação densa e pela neblina impenetrável. Diziam que aqueles que se atreviam a explorar suas ruínas não voltavam, um destino que tornava a cidade perdida um mistério inviolável.
Um grupo de aventureiros, atraídos pela curiosidade e pela promessa de tesouros ocultos, decidiu desbravar os segredos de Ashmore numa noite em que a lua cheia iluminava o céu, como um farol esquecendo de gerar alerta. Ao se aproximarem das ruínas, foram recebidos por uma estranha sensação — um murmúrio, quase como um lamento, parecendo eclodir das pedras cobertas de musgo. Ignorando o aviso, avançamos, certos de que a bravura superaria qualquer advertência.
Conforme adentravam a cidade, os edifícios eram eretos, mas pareciam respirar um ar de desespero, cada janela quebrada como um olho vazio observando suas almas. Entre as sombras projetadas pela luz da lua, rostos distorcidos em uma eterna agonia podiam ser vistos, sombras de antigos habitantes que não encontraram descanso. O grupo sentiu a temperatura cair, e, de repente, uma risada gutural ecoou entre as ruínas, reverberando nas paredes como um eco de uma vida que aprisionada naquele lugar.
Havia uma presença, uma entidade que não permitiria que saíssem da cidade tão facilmente. Um por um, os membros do grupo desapareciam, puxados para a escuridão pelas mãos invisíveis que emergiam da terra. A última a permanência, um jovem chamado Lucas, viu seu destino se desenrolar diante dele, impotente. Com cada passo que ele dava para recuar, a cidade se fechava, cada rua se tornava um labirinto, cada sombra uma armadilha possível.
No momento em que Lucas virou para correr, a cidade revelou seu segredo final: um portal para um mundo que nunca deveria ser visto, um lugar onde o tempo e a vida se entrelaçavam em um ciclo eterno de terror. Ao cruzar a linha entre o que era real e o que pertencia aos pesadelos, ele se tornou mais um eco das lendas que habitavam a cidade perdida.
E assim, Ashmore continuou a ser esquecido pelo mundo, mas reverberando em sugestões nas noites de tempestade, aguardando suas próximas vítimas, aquelas que, como Lucas, não acreditavam que uma curiosidade poderia custar a própria alma.