13 CONTOS DE HORROR - ESPECIAL SEXTA FEIRA 13 - CONTO 1 "A cidade dos bonecos"

Carlos acordou com um solavanco. Sentia uma leve tontura, como se tivesse sido tirado de um sono profundo de maneira abrupta. Seus olhos piscavam, ajustando-se à luz fraca e alaranjada que penetrava pela janela. Ele não reconhecia o lugar. O quarto era pequeno, e as paredes pareciam feitas de madeira gasta, como se o tempo houvesse se esquecido daquele espaço.

Levantou-se lentamente e se aproximou da janela. A rua do lado de fora era vazia, exceto por algumas figuras imóveis. Algo estava errado. Os transeuntes não se moviam, e seus corpos não pareciam... normais.

Curioso, Carlos saiu da casa, sentindo o chão de madeira ranger sob seus pés. Aproximou-se de uma das figuras — era um homem parado no meio da calçada, com um sorriso congelado no rosto, os olhos de vidro fixos em um ponto distante. Ao tocar o ombro da figura, Carlos percebeu o pior: era um boneco, uma marionete perfeitamente esculpida, com articulações visíveis e cordões invisíveis que pareciam prender seus membros.

O horror tomou conta de Carlos. Ele correu pela rua, passando por dezenas de bonecos parados, todos com sorrisos congelados e olhos vazios. Cada esquina revelava mais dessas figuras grotescas, e cada vez mais, o silêncio ensurdecedor aumentava sua sensação de pavor.

Tentou falar com eles, gritar por socorro, mas suas vozes eram silenciadas pelo vazio. Os bonecos, no entanto, começaram a se mexer, mas não como seres vivos. Eles se movimentavam de forma estranha, como se forças invisíveis os guiassem. Cordas, que só agora Carlos conseguia ver, os erguiam e faziam com que se movessem de maneira assustadoramente sincronizada.

— Bem-vindo, Carlos. — Uma voz feminina ecoou pelas ruas.

Ele se virou e viu uma mulher parada no centro da cidade. Mas ela não era uma boneca como os outros. Era humana. Seus olhos o encaravam com um brilho maligno.

— O que está acontecendo aqui? — gritou ele, desesperado.

— Esta é a Cidade dos Bonecos, um lugar onde todos, eventualmente, tornam-se parte da coleção. — O sorriso dela era frio, calculado.

Carlos olhou para suas próprias mãos e sentiu um calafrio profundo ao perceber que seus dedos já estavam endurecendo. Sua pele adquiria um brilho opaco, de madeira. As articulações de seus braços se tornavam rígidas, como se estivesse sendo lentamente esculpido em uma forma que não poderia controlar.

— Por que eu? — sussurrou ele, lutando contra o terror que o envolvia.

— Porque você sonhou com este lugar. E todos que sonham com a Cidade dos Bonecos... acabam se tornando um deles.

Enquanto seu corpo se transformava, Carlos foi tragado pelo silêncio. Ele não poderia mais gritar, não poderia mais fugir. Agora, ele era apenas mais um boneco, sorrindo eternamente, condenado a se mover ao som de cordas invisíveis.

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Luis Fernando Alvez
Enviado por Luis Fernando Alvez em 13/09/2024
Código do texto: T8150751
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