O circo, a igreja e o padre
A viagem de algumas horas tinha transcorrido na mais perfeita ordem, quando o circo coloca os pneus para queimar no asfalto, sai de baixo, muita bagunça e várias paradas pela estrada. Perto da cidade onde vai ocorrer os espetáculos, uma enorme cratera está se formando, como e se terra quisesse se dividir em duas, uma fumaça densa e esquisita, exalando um forte odor começa a sair da cratera. O circo passa pela estrada, ao lado dela, um dos palhaços olha aquilo e pensa:
- Essa cratera não estava ali da última vez. - e voltou a se concentrar no seu jogo de celular.
A tenda fora montada em poucas horas. o circo costumava ficar três semanas em cada cidade, em muitas delas, o público acabava sendo pequeno, apenas o suficiente para se pagar as despesas. Com o aumento da tecnologia, as pessoas preferiam ver atrações através da tela do celular. Ir ao circo representava sentir o cheiro de fezes de animais, não era nada agradável.
Perto dali, uma igreja estava começando a receber bastante público, era o retorno do padre wallace, que esteve ausente em uma ferranha batalha contra o câncer, ele tinha vencido, a doença maldito havia perdido a batalha. As pessoas queriam estar presentes para vê-lo e ouvi-lo, a igreja lotaria a noite, todos os preparativos estavam sendo feitos para isso.
O padre escolhe qual o sermão seria o mais adequado para aquela noite, estava ansioso e preocupado, algo apertava o seu coração, não era um pressentimento bom. escutou um baque forte no chão, foi olhar e viu o enorme crucifixo de ferro tombado. fez o sinal da cruz:
- Que Deus me ajude. - e se ajoelhou para rezar.
Antigamente o circo contava com dezenas de animais, com o tempo os animais foram morrendo seja por doença ou por velhice. hoje o circo conta apenas com um casal de tigres, dois elefantes, uma pantera, dois cachorros da raça poodle adestrados, um papagaio falante e cinco micos treinados para roubar dinheiro do bolso das pessoas distraídas na plateia.
Em particular, a jaula que abriga os elefantes não está normal hoje,os animais estão bastante agitados, pressentindo algo estranho no ar. gargalhadas e um som sombrio deixam os animais alvoroçados. um tratador do circo chegou a levantar e pedir que os animais ficassem quietos, ameaçou estalar o chicote, os animais como que entendendo o recado, ficaram quietos.
Depois que o tratador deixou os animais e voltou ao seu trailer. Um dos elefantes levantou a sua enorme orelha, tinha algo ali soprando no seu ouvido, ele sacode de novo a orelha visivelmente incomodado, o outro elefante fica de longe observando e ficando agitado. Essa agitação toda atiçou os demais animais que dormiam tranquilamente. No dia seguinte seria a inauguração do espetáculo na cidade.
A igreja começou a lotar, todos os lugares sentados já estavam ocupados, o padre olhava pela janela a reunião dos fiéis, algo dizia que ele precisava cancelar o culto, mas agora não poderia mais, causaria um transtorno, talvez fosse apenas ansiedade, ele precisava acalmar os nervos. Do lado de fora, um vento gelado soprava, quem conversava do lado de fora da igreja tratou de correr para dentro, se proteger do frio.
Algo sussurrante, provido de uma maldade imensa passou voando perto da igreja, depois mais um vulto, ninguém percebeu, mais algumas sombras, elas estavam indo na direção do circo, mais especificamente na jaula dos animais. Logo os animais voltaram a se agitar, mas por um breve momento. as sombras começaram a entrar pelos seus ouvidos o acalmando para não chamar atenção.
Pouco a pouco, as trancas das jaulas foram se abrindo e os animais ganharam liberdade, mas eles tinham uma missão a cumprir, a liberdade não era de graça, o preço a se pagar era muito alto, controlados por sombras do mal, um olhar de ódio se formou, até os poodles, que são tão brincalhões e com um olho bobinho estavam ensandecidos, o papagaio controlava as palavras. os animais foram saindo em silêncio um a um das jaulas, não queriam chamar a atenção.
Muitas pessoas assistiam o culto do lado de fora da igreja, não tinha mais lugar, a igreja estava abarrotada de gente. Padre Wallace discursava o seu sermão. Estava falando da cura de deus, que ele só ele poderia dar esse milagre, mas as pessoas precisavam acreditar na palavra, a cura viria apenas pela fé e por acreditarem nas suas palavras, nada além disso.
Pessoas emocionadas choraram no meio do salão, era um culto muito poderoso, eram palavras poderosas. A igreja tinha entrado em um estado de êxtase total. As pessoas do lado de fora poderiam ter notado o perigo antes que fosse tarde demais, mas em transe, anestesiadas pelas belas palavras do padre, só notaram quando a fuga se tornou impossível.
A pantera, foi o primeiro animal que chegou, pulando em cima de uma senhora e rasgando a sua carne, quando ela se deu conta, estava caída no chão, pessoas ao seu lado começaram a gritar, ainda mais quando dois elefantes loucos vieram em uma velocidade absurda e começaram a dar patada em todo mundo.
O padre assustado, pediu calma aos fiéis, que pouco a pouco estavam sendo informados do que estava acontecendo do lado de fora. Micos entraram pelos vitrais da igreja, os quebrando e mostrando dentes afiados e olhos vermelhos. O padre chegou a olhar bem fundo em um deles, observando ali o mal encarnado.
Pessoas se amontoavam na porta da igreja querendo correr para longe, mas era de lá que os animais entravam na igreja, os elefantes pisoteando e matando pessoas, os tigres rasgando e arrancando membros, os poodles coitados, só conseguiam morder os calcanhares. A polícia havia sido chamada, o pessoal do circo agora já tinha sido comunicado do que estava acontecendo. O padre com o crucifixo na mão, vocifera palavras de exorcismo, querendo exorcizar o mal que tinha se abatido naquela igreja.
Um animal observa tudo de longe, parecia ser o que estava com o espírito líder, voava longe da confusão e se empoleirou em cima da bíblia no altar e encarou o padre de frente, que fracassou ao tentar lhe jogar água benta.
- Deixe disso, padre Wallace, vamos conversar.
O padre estava em choque que o papagaio sabia o seu nome. Aos poucos o papagaio informou tudo que ele tinha para falar. A polícia e o circo já tinha conseguido controlar a situação do lado de fora. Estavam fazendo agora uma contagem de mortos, já passava de três dezenas, as ambulâncias ajudavam os feridos.
O dono do circo desesperado, os animais mortos e uma carnificina para resolver, ele colocava as mãos na cabeça e sabia que o seu negócio estava arruinado.
O padre pegou a bíblia nas mãos e guiado pelo papagaia, saiu cabisbaixo da igreja. precisava responder uma pendência com as forças do oculto, precisava chegar até a cratera. Nenhum policial notou ou se notou fizeram vistas grossas para o padre que andava para longe em silêncio, sabiam que ele não tinha culpa de nada, era apenas uma vítima da situação, o circo sim era o culpado.
Chegando na cratera, o espírito saiu de dentro do papagaio e se juntou aos outros que esperavam o padre. Já sabendo do pior, o padre rezou o pai-nosso e a ave-maria e pulou de cabeça naquele buraco, que levaria a sua alma ao mais sórdido mundo da criação divina.
Em uma noite de desespero no hospital, quando parecia não haver mais esperança de cura, o capiroto em pessoa havia aparecido para ele, abalado com a doença e sem muito juízo de valor, ele aceitou o pacto. Agora ele estava indo de encontro para finalizá-lo.
Prestem muita atenção nas vozes que vocês ouvem, o mal nunca descansa.
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OBRIGADO!