O Demônio e o Pastor
O pastor José Maurício era um homem respeitado por sua seriedade e profunda espiritualidade. Tendo dedicado décadas à igreja, ele guiava seus membros com sabedoria e compromisso. Além de ser um homem de fé, José Maurício também era estudado em ciências humanas, o que lhe proporcionava uma visão abrangente das necessidades das pessoas. Seu ministério fora marcado por inúmeras experiências espirituais, mas nada o preparara para o que estava prestes a acontecer.
Naquela madrugada, enquanto revisava suas anotações para o sermão do domingo, o silêncio foi rompido por uma presença sombria. José Maurício sentiu um calafrio percorrer sua espinha e, ao levantar os olhos, viu uma figura nebulosa se materializar diante dele. Era um espírito maligno, cuja presença densa e opressora encheu o ambiente com uma aura de maldade.
Com toda a autoridade que possuía em Cristo, José Maurício ergueu a mão e começou a repreender o espírito. “Em nome de Jesus, eu te expulso! Saia deste lugar agora!”
Mas, para sua surpresa, o espírito não se abalou. Em vez disso, levantou uma mão esquelética e falou com uma voz que parecia ressoar em múltiplas frequências ao mesmo tempo: “Calma! Calma! Eu estou aqui porque fui enviado pelo seu Deus!”
As palavras do espírito congelaram José Maurício no lugar. Como poderia ser? Deus enviando um mensageiro tão nefasto? Sua mente fervilhava de perguntas, mas antes que pudesse expressar qualquer uma delas, o espírito continuou: “Ele me obrigou a revelá-lo o que está por vir.”
Ainda desconfiado, o pastor manteve-se em silêncio, mas sua postura defensiva não diminuiu. O espírito, percebendo o ceticismo de José Maurício, avançou alguns passos, a escuridão que emanava dele tornando o ambiente quase sufocante.
“O que vou te dizer é um segredo que poucos foram dignos de conhecer,” disse o espírito, com um tom grave, carregado de um sarcasmo que fazia os pelos de José Maurício se eriçarem. “As igrejas, incluindo a sua, não estão preparadas para o que está por vir. Milhões de demônios, poderosíssimos e ancestrais, serão libertados. Eles trarão caos e destruição como o mundo jamais viu. E a maioria dos seus irmãos de fé está cega e surda, sem saber do perigo iminente.”
José Maurício, com o coração apertado, tentou processar o que ouvia, mas o espírito não deu trégua e continuou: “A igreja está imersa em pecados. A falta de busca a Deus em oração, a ausência de santidade e consagração, e o desprezo pela leitura da Bíblia corroeram as raízes da fé. A avareza tomou conta dos corações, e a apatia pelos demais seres humanos é como um câncer que se espalha sem controle.”
As palavras do espírito pesavam sobre José Maurício como uma sentença de condenação. Ele sempre acreditou que sua igreja estava pronta para combater as forças do mal, mas essa revelação o fez duvidar. Como poderiam estar prontos para algo tão terrível? Ele olhou para o espírito com uma mistura de horror e incredulidade.
Antes que José Maurício pudesse reagir, o espírito deu um sorriso sarcástico, que parecia distorcer ainda mais sua forma. “Prepare-se, pastor José Maurício. Prepare os seus. Pois quando o momento chegar, nem a fé mais inabalável será suficiente para deter o que está por vir.”
O espírito, então, inclinou-se para frente, seus olhos brilhosos fixos no pastor. “Para provar que o seu Deus me enviou e que minhas palavras são reais, saiba que eu sou o espírito da morte, e você receberá o meu sinal na perna, para que nunca mais se esqueça disso.”
Antes que José Maurício pudesse processar essas palavras, ele sentiu uma dor lancinante em sua perna, como se uma chama ardente estivesse sendo gravada em sua carne. Gritou, segurando a perna, e percebeu que um sigilo demoníaco, intricadamente desenhado, estava sendo impresso em sua pele.
O espírito riu, uma gargalhada que parecia reverberar nas paredes da sala. “Não se escandalize! Quando acontecer o que eu disse, o sinal sumirá! E não vai demorar! E não deixou de falar: Hoje terá muita zombaria e gargalhadas no Inferno! Um sinal demoníaco nas pernas do pastor! Eu não me aguento de ver e rir! E desapareceu às gargalhadas como se tivesse gostado de inserir o seu sinal nas pernas do pastor!
Com essa risada macabra ecoando pelo ambiente, o espírito desapareceu, deixando José Maurício sozinho, ofegante e com a marca maldita queimando em sua perna. O pastor sabia que, a partir daquele momento, sua vida nunca mais seria a mesma. A urgência de preparar sua igreja agora era acompanhada pelo terror constante daquela marca, um lembrete cruel do que estava por vir. E assim, a noite se tornava ainda mais escura, enquanto ele enfrentava o desconhecido com uma mistura de temor e fé.