ATIREI UM PAU NO GATO

O técnico em computadores Elton tinha 65 anos, por problemas cardio-respiratórios, decidiu se aposentar do trabalho.

Ele nunca havia se casado por opção de viver para si mesmo, apenas na companhia de seu gato preto da raça Bombaim, o mini-pantera. O seu apartamento parecia maior e vazio, decidiu vender e comprar uma casa em outro lugar mais tranquilo, com ar mais puro do que na cidade grande. Se agradou duma vila rodeada de bosques, com poucos moradores, onde havia algumas casas velhas para vender mas precisando de reparos. Como o preço era mais barato, comprou um casarão de madeira com um pomar. A fábrica de reparos trocou o telhado, as janelas e portas, foi feito uma nova pintura, e finalmente ele se mudou pra seu novo lar com seu gato preto Fargo.

O vilarejo com cerca de quinhentos habitantes era hostil. Sua casa no final da rua era observada de longe com maus olhos, todos se mantinham na distância ou ignoravam, demostrando que eram conservativos e não simpatizavam com novos moradores, vindo de cidades modernas e com outros costumes.

Ele passeava pelo lugarejo no final da tarde, para arejar os pulmões foi até o bosque. Depois de se aprofundar no bosque, deparou-se com uma espécie de PET CEMITÉRIO. Centenas de sepulturas com cruzes de madeira, talhadas com sinais e palavras místicas escritas, para afastar o azar.

Um idoso entrou no cemitério e veio ao seu encontro.

— Esse cemitério é para gatos pretos. O lugarejo é supersticioso, acreditam que gatos pretos são seres das trevas, trazem azar, enfermidades, são causadores de desgraças. Uma vez por mês, um grupo de pessoas saem pelas redondezas caçar gatos pretos. Eles são mortos com veneno, depois aqui sepultados. Eu observei que o senhor tem um gato preto em casa, com certeza irão matá-lo também. Eu preciso ir, antes que alguém me veja falando com voce, meu nome é Abílio.

— Isso é incrível, ainda existem pessoas que acreditam nessas lendas nos dias de hoje! Pobres animais inocentes, são perseguidos e mortos apenas por sua cor.

Se eles se atreverem a tocar em Fargo, esses fanáticos irão me pagar caro.

Elton retornou rapidamente para sua casa e foi logo procurar Fargo. Aliviado viu o gato preto dormindo tranquilo no sofá.

Durante a noite ele escutava passos vindos de fora de pessoas rondando a casa, esperando Fargo saír para fora. Ele havia trancado o gato no seu quarto para protegê-lo, e tinha uma pistola carregada ali perto, para se defender daqueles malucos com mentalidade de idade média, assassinos de animais.

Na manhã seguinte, ele colocou Fargo no box, pegou o carro e foi para a cidade mais próxima. Lá se dirigiu ao distrito policial, para registrar queixa. O policial demostrava indiferença ao ler o formulário.

— Eu estou dizendo que há um cemitério clandestino de gatos assassinados, e o senhor parece não se importar.

Irritado Elton deixou a delegacia e procurou a sociedade protetora de animais e do meio ambiente.

A mulher que era responsável, escutou ele relatar os fatos e prometeu tomar uma providência.

— Essas pessoas precisam de informações, esclarecimentos sobre os felinos. Tentaremos encontrar uma solução de forma pacata, antes de prender todos os moradores por crime ambiental. Deixe seu gato preto Fargo, aqui ele estará em segurança.

Ao chegar em casa notou que as vidraças haviam sido quebradas a pedradas, tudo tinha sido revirado, objetos quebrados.

Aquela estória estava indo longe demais. Ele ele iria agir ao seu modo, iria recebê-los a balas se novamente se aproximassem de sua casa, tentar fazer mal para seu gato preto Fargo. . .

🐈‍⬛ segue no próximo capítulo

NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 23/08/2024
Reeditado em 23/08/2024
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