ECOS DA UMBANDA
+┼+ ♫ Refletiu a luz divina
Ψ___💀____Ψ com todo esplendor ( hino umbandista )
+┼+ é no reino de Oxalá
onde há paz e amor
luz que refletiu na Terra
luz que refletiu no mar
🥁 luz que veio da Aruanda
para tudo iluminar
🪘 a Umbanda é paz e amor
um mundo cheio de luz
é força que nos dá vida
e a grandeza nos conduz
avante filhos de fé
como nossa lei não há
levando ao mundo inteiro
a bandeira de Oxalá ♫
O escritor Arlen Koch era descrente e nunca teve religião. Ele procurava no computador, um cenário diferente para construir sua estória de terror. Eis que encontrou uma vila de nome Aruanda, onde os habitantes eram todos umbandistas, sendo Umbanda a única religião praticada no lugar. Adeptos de outras religiões não eram aceitos no vilarejo de poucos moradores. Um missionário que havia se aproximado do lugar, tentando distribuir Bíblias e pregar as sagradas escrituras, havia sido banido e apedrejado.
Para evitar conflitos religiosos, discriminações e perseguições, as autoridades de outro lugar próximo, protegiam a cidadela com drones pelos ares.
Como não havia nenhum hotel, apenas um supermercado, um correio, um pronto-socorro de atendimento, ele alugou um carrohome para se acomodar.
Ao se aproximar do lugar viu que era resguardado por uma porteira de grades, com um brasão do símbolo de ponto riscado em sangue de animal e pemba preta, do exu Tranca Rua das Almas, com cruzes, tridentes e caveiras.
Numa árvore pendia um sino de ventos, feito de ossos de aves e plumas negras de corvos.
Arlen havia se informado estando preparado sobre o que deveria fazer, para obter permissão de entrada. Ele abriu uma garrafa de uísque, acendeu um charuto, uma vela vermelha, e depositou no solo, ergueu a mão mostrando três dedos na forma de tridente pronunciando Agô, Agô.
Numa das casas o babalorixá Eclecio, acompanhava seus movimentos pelo vídeo de segurança.
Pouco depois duas mulheres abriram a porteira, em silêncio o conduziram até a casa do babalorixá.
— O que o senhor procura aqui ? Visitantes não são bem vindos.
— Eu sou escritor, quero pedir permissão para usar o ambiente daqui na minha estória.
— Antes terei que consultar as entidades, aguarde alguns minutos.
O homem se aproximou do congá, bateu a cabeça no pé da estátua do Ogum Megê de Ronda, serviu um copo de cerveja.
— Ogunhê, ogunhê !
A resposta é positiva, pode fazer seu trabalho e ficar o tempo que quiser. Estacione seu carrohome onde achar melhor. Venha participar da nossa reunião de quimbanda essa noite. Hoje é Sexta-Feira dia dos exus.
Ao anoitecer ecoava o batuque dos tambores e atabaques no vilarejo, invocando as entidades e vibrando energias purificantes pelos ares.
Arlen entrou no centro de umbanda e sentou-se numa cadeira para assistir o culto dos exus.
Uma corrente de médiuns vestidos de trajes em preto e vermelho dançavam ao ritmo dos tambores, enquanto outros cantavam : " Fé, fé no Tranca Ruas , eu rogo ao senhor das almas, inimigo tomba, eu fico em pé "
" Saravá seu sete cruzes, na quimbanda
saravá exu do canto do aquicó
seu ponteiro é firme e não falha
sete cruzeiros não perde batalha
saravá rei da encruzilhada, exu maior "
Tentando se controlar e esconder o que sentia, observava atento como os médiuns se incorporavam com suas entidades, meio o cheiro forte de incensos de ervas, para descarregar a terreira das energias negativas e afastar os eguns.
Um médium vestindo uma capa roxa e um chapéu de cilindro baforando charuto, ao lado duma mulher de vestido vermelho se dizendo cavalo da pomba gira rainha Maria Padilha, chamou Arlen para uma consulta.
— Pode contar com nossa ajuda para escrever uma boa estória para seu livro. Eu mostrarei como voce deve conduzir os seus escritos. Revele o seu maior medo, aquele segredo escondido no seu "batedor" há muito tempo, será um bom começo.
Voce sabe muito bem do que estou falando . . .
★ segue no cap. 2
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