Sob As Areias do Tempo - CLTS 28

O calor do deserto egípcio era implacável. Sob o sol escaldante, um grupo de arqueólogos escavava freneticamente, ansiosos para revelar os segredos ocultos por milhares de anos. Liderando a expedição estava a Dra. Emily Carter, uma renomada egiptóloga conhecida por suas descobertas extraordinárias e pelo insaciável desejo de desenterrar a história antiga. Com seus cabelos loiros presos em um rabo de cavalo prático e olhos verdes cheios de determinação, ela era uma figura imponente e respeitada entre seus colegas.

Ao seu lado estava o Dr. Marcus Thompson, um jovem arqueólogo com um intelecto afiado e uma paixão pelo mistério. Alto e esguio, com cabelos castanhos desarrumados e olhos castanhos penetrantes, Marcus era o braço direito de Emily e compartilhava sua sede de conhecimento.

— Vamos, estamos perto — disse Emily, sua voz cheia de excitação.

A equipe avançava, cavando com precisão e cuidado. Após horas de trabalho exaustivo, uma pedra maciça com inscrições hieroglíficas foi revelada. Emily e Marcus se ajoelharam diante dela, examinando os símbolos com atenção.

— Isso... isso é um aviso — murmurou Marcus, franzindo a testa. — "Aquele que perturbar o sono dos mortos encontrará a ira dos deuses".

Emily sorriu, seus olhos brilhando de excitação.

— E se essa é a entrada para a tumba do Faraó Ankhara? Precisamos continuar.

Com grande esforço, a equipe conseguiu mover a pedra, revelando um túnel escuro que descia nas profundezas da terra. Com tochas acesas, Emily, Marcus e alguns membros da equipe avançaram pelo túnel, seus passos ecoando nas paredes de pedra.

Depois de caminhar por várias horas, chegaram a uma câmara gigantesca. As paredes estavam cobertas de pinturas vibrantes que retratavam a vida do Faraó Ankhara e rituais misteriosos. No centro da câmara, havia um sarcófago de ouro, ricamente decorado com joias e inscrições.

Emily se aproximou do sarcófago, seus dedos trêmulos de excitação. Ela sabia que estavam prestes a fazer uma descoberta histórica.

— Isso é incrível — disse ela, sua voz sussurrada cheia de reverência.

Marcus se ajoelhou ao lado dela, ajudando a remover a tampa do sarcófago. Quando finalmente conseguiram abrir, revelaram uma múmia envolta em bandagens antigas, ainda intacta após milênios.

— Ele está... perfeito — disse Marcus, sua voz cheia de espanto.

Enquanto a equipe examinava a múmia, uma sensação de inquietação começou a se espalhar. Emily, no entanto, estava cega pela excitação da descoberta.

— Precisamos levar isso de volta ao laboratório para análise — disse ela.

Com cuidado, a múmia foi retirada do sarcófago e colocada em um caixote para transporte. A equipe começou a fazer o caminho de volta pelo túnel, mas uma sensação de desconforto e medo começou a crescer entre eles.

Naquela noite, no acampamento, Emily estava examinando um antigo amuleto encontrado junto à múmia. Marcus entrou na tenda, sua expressão séria.

— Emily, estou preocupado. E se a maldição for real? E se perturbamos algo que não deveríamos?

Emily suspirou, cansada.

— Marcus, somos cientistas. Não podemos nos deixar levar por superstições. Precisamos focar nos fatos.

Emily colocou o amuleto de lado e voltou-se para uma tabuinha com inscrições enquanto Marcus revirava pergaminhos antigos, tentando encontrar algo relevante.

— Marcus, você sabia que o Faraó Ankhara reinou durante o Novo Império do Antigo Egito? — Emily perguntou, sem desviar os olhos de seu trabalho.

— Sim, entre 1350 e 1330 a.C., certo? — Marcus respondeu, colocando um pergaminho de lado. — Esse foi um período de grande prosperidade e expansão territorial. Era a época da 18ª Dinastia, que inclui faraós famosos como Tutancâmon e Ramsés II.

Emily assentiu, seus olhos brilhando de excitação.

— Exatamente. Ankhara ascendeu ao trono após a morte de seu pai, Faraó Thutmose IV. Ele governou com um punho de ferro e uma sabedoria estratégica impressionante.

— Ele era conhecido por suas habilidades militares, não era? — Marcus interveio. — Liderou campanhas vitoriosas contra os hititas e núbios, expandindo as fronteiras do Egito.

— Sim, e internamente, ele foi um grande patrono das artes e da arquitetura — continuou Emily, erguendo um fragmento de cerâmica decorada. — Ankhara foi responsável pela construção de templos grandiosos dedicados aos deuses Amon-Rá e Osíris. Seus projetos arquitetônicos, incluindo uma pirâmide imponente em Gizé, são testemunhos de sua devoção religiosa e desejo de imortalidade.

Marcus assentiu, pensativo.

— A linhagem de Ankhara também era poderosa. Ele era filho de Thutmose IV e da Rainha Mutemwiya, descendendo diretamente de Amenhotep II, um dos mais influentes faraós do Novo Império.

— E ele casou-se com a Rainha Nefertari, uma mulher de grande beleza e sabedoria — acrescentou Emily. — Juntos, tiveram dois filhos. O filho mais velho, Seti I, sucedeu-lhe ao trono, continuando a expansão e consolidação do império egípcio. Sua filha, Meritamun, tornou-se uma sacerdotisa de alto escalão, dedicada aos cultos de Amon-Rá e Hátor.

Marcus ficou em silêncio por um momento, refletindo sobre as palavras de Emily.

— A morte de Ankhara foi envolta em mistério, não foi? — perguntou ele, finalmente. — Relatos históricos sugerem que ele sucumbiu a uma doença desconhecida, possivelmente uma praga que assolou a região durante seu reinado.

Emily suspirou, lembrando-se das inscrições que havia lido.

— Sim, mas alguns estudiosos especulam que Ankhara pode ter sido vítima de um complô político, envenenado por cortesãos ambiciosos ou rivais que cobiçavam o trono.

— E a maldição associada à sua tumba — murmurou Marcus, um arrepio percorrendo sua espinha. — Adverte sobre a vingança divina contra aqueles que perturbarem seu descanso eterno.

— Isso só reforça a aura de mistério e temor em torno de sua morte — disse Emily, pensativa. — Faraó Ankhara deixou um legado de conquistas militares, avanços culturais e mistérios que perduraram por milênios. Sua vida e morte continuam a fascinar historiadores e arqueólogos, representando o poder e os enigmas da civilização egípcia antiga.

Marcus olhou para Emily, seus olhos refletindo a mesma determinação e curiosidade.

— Precisamos continuar nossas pesquisas com cuidado, Emily. Perturbamos algo poderoso e antigo.

— Concordo, Marcus. Respeito e cautela são essenciais. Vamos honrar a memória de Ankhara e tentar desvendar seus mistérios sem despertar mais horrores.

E assim, sob a luz vacilante das tochas, os dois arqueólogos continuaram sua missão, cientes do perigo e da grande responsabilidade que carregavam ao explorar os segredos do passado.

No entanto, naquela mesma noite, enquanto todos dormiam, um grito aterrorizante ecoou pelo acampamento. Emily e Marcus correram para fora de suas tendas e encontraram um dos membros da equipe, Peter, caído no chão, seu rosto contorcido de horror.

— Ele está morto! — gritou um dos arqueólogos, pálido de medo.

O corpo de Peter estava retorcido de uma maneira antinatural, como se tivesse sido esmagado por uma força invisível. Seus olhos estavam arregalados, congelados em um último olhar de terror absoluto. Marcas de unhas cobriam seu pescoço e braços, como se ele tivesse tentado desesperadamente se livrar de algo que o estava estrangulando. Ao seu redor, o solo estava coberto por uma fina camada de areia, movendo-se levemente como se uma brisa invisível estivesse presente.

Os dias seguintes foram de tensão crescente. Vários membros da equipe começaram a relatar visões estranhas e pesadelos com o Faraó Ankhara. Emily tentava manter a calma, mas a atmosfera de terror estava começando a afetar até mesmo a sua determinação.

Uma noite, enquanto examinava o amuleto novamente, Emily sentiu uma presença atrás de si. Virou-se rapidamente, mas não viu nada. Seu coração batia acelerado, e pela primeira vez, ela sentiu o frio do medo percorrer sua espinha.

— Marcus, algo está errado — admitiu ela. — Acho que perturbamos algo muito poderoso.

Marcus concordou, sua expressão sombria.

— Precisamos devolver a múmia e o amuleto. Talvez isso apazigue o espírito do Faraó.

Naquela noite, com um plano traçado, Emily e Marcus levaram a múmia de volta à câmara subterrânea. No entanto, ao chegarem, foram recebidos por um espetáculo aterrorizante. A múmia estava em pé, suas bandagens flutuando no ar, e os olhos vazios brilhando com uma luz maligna.

— Vocês ousaram perturbar meu descanso eterno — uma voz gutural ecoou pela câmara.

Emily e Marcus ficaram paralisados de medo enquanto a múmia avançava em direção a eles. Sabiam que não tinham chance de escapar.

— Devolvemos tudo! Não queríamos ofender! — gritou Emily, tentando apaziguar a entidade.

Mas a múmia não parecia disposta a perdoar. Com um movimento brusco de seu braço, ela convocou outras figuras das sombras das paredes da câmara. Outras múmias surgiram, suas bandagens esvoaçando e olhos vazios brilhando com a mesma luz maligna.

Marcus, em um momento de desespero, ergueu o amuleto e apontou para a múmia principal. Um brilho intenso emanou do amuleto, fazendo a múmia recuar por um momento.

— Use isso! — gritou Marcus para Emily.

Com coragem renovada, Emily pegou o amuleto e avançou contra a múmia. O brilho aumentou, envolvendo a múmia em uma luz cegante. A entidade soltou um grito ensurdecedor antes de desintegrar-se em pó, deixando a câmara em um silêncio profundo.

No entanto, as outras múmias não foram afetadas e começaram a avançar. Emily e Marcus se viram cercados, seus corações batendo descontroladamente. Emily segurou o amuleto com força, sentindo seu poder pulsar em suas mãos.

— Marcus, precisamos lutar juntos — disse Emily, sua voz firme.

Marcus pegou uma tocha e avançou, usando o fogo para afastar as múmias. Emily ergueu o amuleto, direcionando sua energia para as criaturas. A luz brilhante cortava através das bandagens, queimando-as e reduzindo-as a pó.

A luta foi intensa e desesperadora. As múmias avançavam incansavelmente, suas mãos ossudas tentando agarrar Emily e Marcus. Emily sentiu uma mão gelada envolver seu tornozelo, puxando-a para baixo. Com um grito, ela direcionou o amuleto para a múmia, libertando-se de seu aperto.

Marcus, suado e ofegante, lutava ao seu lado, usando a tocha como uma arma. As chamas iluminavam a câmara, criando sombras dançantes nas paredes.

Finalmente, com um último esforço, Emily ergueu o amuleto alto acima de sua cabeça. Um feixe de luz intensa emanou, envolvendo todas as múmias restantes. Um grito coletivo ecoou pela câmara enquanto as criaturas se desintegravam em pó, deixando apenas o silêncio.

Com a múmia destruída e a maldição aparentemente quebrada, Emily e Marcus voltaram ao acampamento, exaustos mas aliviados. Sabiam que o preço da curiosidade científica às vezes era alto demais.

— Nunca devemos esquecer o respeito pelo passado — disse Emily, olhando para o horizonte do deserto.

Marcus assentiu, refletindo sobre a experiência aterrorizante. Ambos sabiam que suas vidas jamais seriam as mesmas.

Enquanto o sol nascia sobre o deserto egípcio, Emily e Marcus se preparavam para partir, carregando consigo não apenas descobertas históricas, mas também uma lição valiosa sobre os perigos ocultos sob as areias do tempo.

Tema: Múmia.

Batista Andrade
Enviado por Batista Andrade em 11/08/2024
Código do texto: T8126818
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