O tarot de Sansputt

(Fevereiro de 1990)

Em Kassara, uma vila no interior de Rottweel, uma estudante praticante de tarologia ajudava suas amigas com problemas emocionais. Victória, sua amiga e também taróloga, frequentemente realizava leituras para seu melhor amigo, Alexis.

- Victória: Me diga, o que você quer que eu veja?

- Alexis: Victória, quero saber meu futuro.

- Victória: Então, tire cinco cartas.

Enquanto Victória lia as cartas, Alexis se mostrava ansioso.

- Victória: Parece que há um impedimento para seus planos futuros. Você terá que aprender a lidar com isso. E... você está sofrendo por algo?

Alexis permaneceu em silêncio, olhando fixamente para Victória.

- Victória: Eu já sabia, senti que algo não estava bem com você. O que está acontecendo?

- Alexis: Ok, tudo bem.

(Setembro de 1995)

Alexis contou que um dia, seu amigo Josiel o convidou para uma festa na casa de Martins. Às 19h, reuniram-se com outros amigos e beberam diversos shots, jogaram damas, xadrez, baralho e participaram de jogos como verdade ou desafio. No final da noite, Martins levou-os para explorar a enorme casa de seus pais.

- Ana: Olha só, que casa grande, Martins. Seus pais são o quê?

- Martins: Na verdade, essa casa foi uma herança dos meus bisavós. Minha mãe trabalhou no exército e agora é sargento da aeronáutica. Meu pai era piloto da aeronáutica e agora tem uma escola de aviação.

- Josiel: Vai se foder, teus pais são demais!

- Martins: Obrigado, espero que gostem. Eles viajaram e disseram que eu podia trazer meus amigos.

Desceram para o porão, onde encontraram quatro cômodos: uma cozinha, um quarto de hóspede, uma sala de jogos e uma despensa. Jack, o avô de Martins, havia falecido há quase um ano e deixado um quadro de homenagem no corredor do subsolo. As paredes eram pintadas de cor-de-pele e as portas de madeira colonial.

- Martins: Meu avô guardava algumas coisas bizarras aqui. Ele tinha até um deck de tarot antigo. Alexis, você tem uma amiga que entende de magia. Eu sei que você é médium e posso confiar nisso.

- Alexis: Mas eu não sei ler o tarot. Vic lê para mim.

- Martins: Meu avô dizia que só um médium poderia tocar nas cartas sem consequências. Você pode ajudar a ler para nós?

- Ana: Não devemos caçoar dela, ela é amiga de Alexis. Respeitemos.

Martins apresentou o deck de tarot e pediu para Alexis ler as cartas. Apesar de relutante, Alexis concordou. A leitura começou com uma prece em latim:

- Alexis: "Sana medicus magorum, Tuere nos, pater! Quia abyssus est; Quia venit ad me; Et solus timeo. Sansputt, vitam peto; Et offero pro servitiis tuis; Dimittere card cincinno et da mihi vocem tuam et visionem tuam."

Repentinamente, Alexis desmaiou e as luzes se apagaram. Quando acenderam novamente, Alexis estava diferente, com uma voz grave e olhos fundos.

- Cauã: Alexis, você está bem?

- Alexis: Sim, estou. Mas algo está tomando o controle de mim.

A porta estava trancada, e todos estavam presos no quarto. Cauã foi o primeiro a tirar uma carta.

- Alexis: Cauã, teu passado é marcado por dor. Seus pais foram mortos por drogas e abusos. Sua infância foi marcada por trauma e violência.

Cauã revivia seu passado traumático, e seu desespero aumentava. Adam Sansputt, a entidade do tarot, usava Alexis para revelar os pecados e traumas dos presentes.

- Adam (em Alexis): Você sabia o que fez, Cauã. Você mentiu e usou as pessoas ao seu redor.

Adam forçou Suzy a tirar uma carta, revelando a dor e as escolhas erradas de sua vida. Suzy tentou seguir as instruções de Adam, mas acabou sendo punida brutalmente por desobedecer.

- Adam: Suzy, "Antes sozinha do que mal acompanhada. Se correr ou gritar, levará uma palmada."

Suzy, ao tentar escapar, acabou se ferindo e foi espancada até a morte por espíritos vingativos invocados por Adam.

Martins, desesperado, pediu para saber se Victória ainda o perdoaria.

- Adam: Não queres saber o que houve com seu avô?

- Martins: Não, quero saber apenas se Vic me perdoa.

Adam revelou que Victória e Martins eram meio-irmãos e que Martins, ao rejeitar Victória, havia causado grande dor. Adam ofereceu a Martins uma escolha: manter o silêncio ou contar a verdade sobre o passado. Martins, em lágrimas, escolheu revelar a verdade.

- Adam: Martins, "O mal que você acredita é o mal que você causa. Teu silêncio é profano."

Adam então possuía o corpo de Martins, levando-o para uma eternidade de tortura.

Alexis acordou, não encontrando seus amigos. O quarto estava limpo, como se nada tivesse acontecido. Alertou as autoridades, mas os corpos nunca foram encontrados. O tarot foi levado a um leilão após os pais de Martins se livrarem dos objetos de Jack.

(Fevereiro de 1990)

- Victória: Então, acho que você precisa tomar cuidado.

- Alexis: Por quê?

- Victória: Quando Adam Sansputt é invocado, ele ceifa a alma dos jogadores e possui o anfitrião, que se torna um portal entre os mundos. Adam possuiu Alexis e o levou para o inferno.

Relatos afirmam que os gritos de agonia de Alexis e Martins podem ser ouvidos à noite. O tarot nunca foi encontrado novamente, e há teorias da conspiração em torno de seu desaparecimento.