A MALDIÇÃO DO FARAÓ. — CLTS 28.
“Está é uma obra de ficção inspirada na real história de Howard Carter e a descoberta do tumulo do faraó Tutancamon."
I
O VALE DOS REIS
Egito
1922
"A morte vai atacar com seu tridente aqueles que perturbarem o descanso do faraó", disse o egiptólogo Howard Carter, ao encontrar a seguinte inscrição gravada num óstraco de argila numa antecâmara ao mausoléu de Tutancâmon, faraó da XVIII Dinastia.
Enquanto o arqueólogo tentava compreender o que as inscrições estavam realmente dizendo, os outros membros da equipe, céticos em relação ao que leram, percebiam que tudo não passava de uma maldição falsa para afastar os ladrões de túmulos.
— Preciso avisar o Lorde Carnarvon da nossa descoberta. — disse Carter, com um brilho radiante nos olhos e um largo sorriso eufórico.
No hotel, o egiptólogo enviou uma mensagem para Lorde Carnarvon, o financiador das escavações para encontrar a tumba de Tutancâmon, com as seguintes palavras: "Finalmente tivemos uma incrível experiência no vale. Tumba fantástica, com selos intactos. Aguardaremos sua chegada."
O homem foi até a janela do quarto e olhou para o céu, fascinado com o espetáculo do pôr do sol em terras egípcias. O sol se escondendo no horizonte por trás das célebres pirâmides de Gizé.
"A morte vai atacar com seu tridente aqueles que perturbarem o descanso do faraó", disse Carter para si mesmo, se sentindo meio tolo por estar se deixando impressionar com aquilo. Ele nunca foi uma pessoa supersticiosa, nem um homem que acreditava em maldições e misticismo pagão. Howard Carter era um cientista, assim ele se definia.
Depois de tomar um banho relaxante e desfrutar de um delicioso jantar no restaurante do hotel com sua equipe, o historiador voltou ao seu quarto, pegou um charuto e fumou na varanda, admirando a noite estrelada sobre a cidade do Cairo.
Poucas semanas depois de receber o telegrama com a mensagem de Carter, o Lorde Carnarvon chegou ao Cairo acompanhado da esposa e da filha, além de outros indivíduos que estavam entusiasmados com a recente descoberta de Howard e admiradores profundos de seu trabalho.
Os arqueólogos conduziram Carnarvon e seus convidados através de uma passagem estreita iluminada por tochas fixadas nas paredes até encontrar uma antecâmara isolada dos outros sarcófagos existentes no Vale dos Reis.
Carter, então, abriu uma pequena brecha no canto superior esquerdo da porta de entrada, o suficiente para que a luz de uma vela revelasse diversos tesouros de ouro e marfim, além de um tesouro mais valioso que o egiptólogo acreditava que estivesse escondido dentro dela: a tumba do faraó Tutancâmon.
À entrada do túmulo do faraó-menino encontram-se duas estátuas de Sentinelas, com cerca de três metros de altura, decoradas com ouro e pedras preciosas.
— O que você vê aí? — perguntou Carnavon.
— "Coisas maravilhosas" — respondeu o arqueólogo. — Avalie você mesmo. Por favor, deem uma vela ao senhor Carnarvon para que ele possa iluminar o interior da tumba de Tutancâmon.
— Você disse Tutancâmon?! — exclamou o inglês, admirado com a revelação.
— É isso que o senhor ouviu. Se eu não estiver totalmente equivocado nas minhas avaliações, esse é o mausoléu do faraó Tutancâmon da XVIII Dinastia.
II
A TUMBA DE TUTANCÂMON
Enquanto fumava um charuto na varanda de seu quarto no hotel, Carter se lembrou do seu primeiro encontro com o ilustre Lorde Carnarvon, ocorrido em 1907. Na ocasião, o milionário britânico pediu Howard para supervisionar as escavações financiadas por ele no Egito em busca do sarcófago com a múmia de Tutancâmon.
Os trabalhos prosseguiram no Vale dos Reis até 1914, quando foram interrompidos devido à Primeira Guerra Mundial. Em 1917, as escavações foram retomadas. Entretanto, após vários anos de buscas insatisfatórias, em 1922 Carnarvon informou Carter que financiaria apenas mais um ano de pesquisas para encontrar a tumba que procurava, o que deixou o historiador um tanto preocupado em obter resultados satisfatórios.
No coração do Vale dos Reis, nas areias quentes do Egito, no início de novembro de 1922, Howard Carter e sua equipe de arqueólogos chegaram à tumba KV62. O espaço era composto por quatro câmaras, um corredor e uma escadaria de entrada. Era menor e bem menos decorada que outras tumbas reais da época, provavelmente tendo sido criada para abrigar alguém de fora da família real, e que foi adaptada para uso de um faraó às pressas, depois de sua morte prematura.
Carter não tinha nenhuma dúvida, ali havia um segredo ancestral, um mistério que permaneceu oculto por séculos: a tumba de Tutancâmon. Em dois meses, haviam retirado 700 objetos do altar sepulcral, mas ainda não haviam encontrado o seu maior tesouro: a múmia. Uma outra parede com selos foi observada próxima às estátuas que simbolizavam o faraó Tutancâmon.
Algum tempo depois, Carter e Lorde Carnarvon a destruíram, encontrando mais paredes pintadas e um belo painel dourado com azul, onde o rei morto estava enterrado. Sua múmia foi encontrada ao lado de objetos de ouro, bacias com grãos, uma estátua de Anúbis, deus do submundo egípcio, e uma inscrição escrita em língua egípcia antiga, prometendo que a morte atingiria todos os que perturbassem o sono do faraó.
Apesar do seu tom ameaçador, aquele, e outros avisos não seriam capazes de conter a vontade e a curiosidade de Carter e sua equipe em profanar o sarcófago de Tutancâmon. Os olhos do historiador estavam cheios de expectativa.
Carter e sua equipe acompanharam o progresso do inventário de todo o vasto material encontrado na antecâmara da tumba de Tutancâmon nos meses seguintes, sob a supervisão cuidadosa das autoridades egípcias, já que somente em presença delas era permitido abrir uma tumba de forma oficial. Pierre Lacau, o Diretor Geral do Departamento de Antiguidades do Egito, acompanhou pessoalmente o desempenho da equipe britânica.
Carter e seus colaboradores conseguiram finalmente ter acesso ao sarcófago de Tutancâmon e seus tesouros ancestrais. A tumba era, de longe, a mais intacta e preservada descoberta em todo o Vale dos Reis, de grande valor histórico e arqueológico.
III
A MALDIÇÃO DO FARAÓ
— Onde está a múmia, Carter? — perguntou Lorde Carnarvon, entusiasmado.
— Por que tanta urgência, meu caro conde? Para quem já esperou tanto, um pouco mais não fará diferença, certo? — questionou Carter, sarcástico.
— Howard, você está completamente certo. Acho que estou apenas emocionado com a descoberta da múmia.
— Estamos todos muito felizes, Lorde Carnarvon! — disse Carter — Essa é, sem sombra de dúvidas, a maior descoberta da história da arquiologia de todos os tempos e não pode ser ignorada. Tragam o espumante, a data merece ser celebrada.
— Um brinde para o "faraó"! — gritou Carnarvon, erguendo a taça.
— Ao faraó! — disse Carter, levantando a taça e brindando com os outros.
Carter e sua equipe finalmente abriram o sarcófago e, para surpresa geral, se depararam com uma esfinge de ouro do jovem faraó. Foi uma surpresa generalizada. Quando retiraram a esfinge dourada, foram surpreendidos com uma segunda esfinge de ouro e envolta em uma mortalha de linho.
Quando retiraram a segunda esfinge de ouro, Carter e sua equipe encontraram um outro caixão coberto por uma camada de um material perfumado e desconhecido. Aquecido o material e usando um solvente, eles foram removendo-o aos poucos.
Após a remoção, os pesquisadores se depararam com um outro caixão. Contudo, desta vez, ele era inteiramente revestido de ouro e ornamentado com pedras preciosas, todas esculpidas com desenhos.
A cada nova revelação, o fascínio e a curiosidade entre os presentes só aumentavam.
— Magnífico! — exclamou o Lorde Carnarvon.
— É realmente uma maravilha! — disse Carter.
Ao abrir a tampa desse novo caixão, os arqueólogos notaram que a múmia do rei usava uma máscara de esfinge também feita inteiramente de ouro. E, quando tiraram a máscara, lá estava, finalmente, a múmia de um adolescente.
— Ela é maravilhosa! — disse Carnarvon.
— Preciso registrar esse momento histórico! — disse Úrsula Schumacher, jornalista contratada pelo lorde inglês para cobrir a descoberta da múmia de Tutancâmon.
Ela se voltou ao fotógrafo que a acompanhava e disse:
— Andrew, vamos logo com isso, tire muitas fotos da múmia, vamos ficar famosos.
Ao examinar a múmia do jovem faraó, Howard percebeu que ela estava bem conservada se comparada a outras encontradas no Vale dos Reis. Aquela descoberta, sem dúvidas, faria de Carter um homem conhecido no meio arqueológico. Seu nome seria lembrado por gerações como o responsável pela descoberta da "tumba com a múmia do faraó Tutancâmon".
No Departamento de Antiguidades do Egito, Pierre Lacau estava lendo alguns documentos sobre a escavação da tumba de Tutancâmon, quando sentiu um calafrio se espalhando pelo corpo e causando um certo medo. Ele foi até a janela do seu escritório, o céu estava todo brochado de uma cor pardo-escura, grossas nuvens negras se formavam no horizonte, transformando o dia em noite na cidade do Cairo. Rajadas de ventos caíam pelos desfiladeiros e desertos.
Lacau voltou para a sua mesa e, ao examinar os papéis, um deles se destacava pela sua frase funesta: "A morte vai atacar com seu tridente aqueles que perturbarem o descanso do faraó."
Havia uma crença de que as tumbas dos faraós continham maldições escritas sobre elas ou nas suas proximidades, uma advertência aos ladrões de túmulos para que não entrassem.
Pierre gritou e colocou as duas mãos no coração, experimentando uma dor intensa por todo o corpo. O diretor caiu para a frente... lutando contra o sofrimento. Vagarosamente rolou de barriga para cima e lançou um olhar vidrado para o seu atacante, sentado, perto: o faraó Tutancâmon, acompanhado de Anúbis, o deus da morte egípcio.
Pierre Lacau fechou os olhos e seus pensamentos se transformaram em uma intensa tempestade de medo e arrependimento. Lá fora, uma chuva intensa escorria sobre o Egito, acompanhada por rajadas de vento e um dia de sol que se transformou em uma noite escura quase imediatamente.
— Estamos presos aqui dentro. — disse Howard Carter para os outros juntos dele no mausoléu de Tutancâmon.
— Estamos presos?! — questionou Lorde Carnarvon, abraçando a esposa e a filha. — Não podemos ficar presos aqui dentro, Carter, precisamos encontrar uma maneira de sairmos dessa situação.
— Não há o que fazer por enquanto, conde, temos que esperar essa tempestade passar. — concluiu Carter.
De repente, todos sentiram um grande abalo, como se o mundo estivesse vindo a baixo. De certa forma, era exatamente isso que estava acontecendo naquele instante, quando um grande deslizamento de terra cobriu a entrada do mausoléu, selando definitivamente todos lá dentro.
Todos os presentes ficaram apavorados, especialmente as mulheres, que incluíam, além da esposa e da filha de Lorde Carnarvon, duas historiadoras e uma jornalista.
Howard Carter fixou seu olhar nas paredes de sua imponente prisão "temporária" e, em seguida, no sarcófago em que Tutancâmon repousava. Parecia que a múmia do antigo soberano sorria, como se o tivesse lembrando da maldição: "A morte vai atacar com seu tridente aqueles que perturbarem o descanso do faraó."
De certa forma, o arqueólogo sabia que aquela não era uma tempestade normal, mas um fenômeno sobrenatural ligado à maldição do faraó, mas procurava se manter cético quanto a isso.
IV
A MÚMIA
— Fiquem calmas, queridas, quando essa tempestade passar, uma equipe de buscas virá nos resgatar. — disse Lorde Carnarvon para a esposa e a filha, tentando mantê-las tranquilas diante daquele imprevisto assustador.
— Oh, meu Deus! A múmia desapareceu! — gritou um dos arqueólogos da equipe de Carter, provocando uma grande confusão entre os presentes.
— Para onde foi o corpo de Tutancâmon, Carter? — perguntou Lorde Carnarvon, surpreso e assustado.
— Eu simplesmente não sei, milorde. — disse o egiptólogo, tão apavorado com a cena quanto todos os outros no local.
Howard não queria acreditar naquilo que estava ocorrendo, nem no que os seus olhos estavam vendo: o sarcófago de Tutancâmon estava vazio. A múmia desapareceu misteriosamente dentro de seu mausoléu, como se o faraó estivesse ressuscitado.
Um funcionário do Departamento de Antiguidades do Egito que substitua Pierre Lacau disse: "É a maldição do faraó!".
Carter o encarou, atônito.
— Que maldição do faraó? Do que esse homem está falando, Howard? — perguntou Lorde Carnarvon, aturdido.
— É apenas uma lenda local que foi criada por indivíduos ignorantes para afastar os ladrões de túmulos, a fim de evitar a destruição dos tesouros dos faraós, Lorde Carnarvon. Nada mais do que isso. — respondeu o arqueólogo, tentando se manter calmo diante daqueles eventos bizarros sem explicação.
— Vamos morrer todos aqui! A múmia do faraó Tutancâmon vai nos matar e nos levar para o Duat, o mundo dos mortos governado pelo deus Anúbis. — gritou o homem, fugindo para longe dos outros e se perdendo na escuridão do cemitério dos reis egípcios do passado.
Naquele momento, era evidente a expressão de desespero e medo em todos os indivíduos, sem exceção. Carter, por exemplo, se isolou longe da vista dos outros e ficou refletindo sobre a maldição do faraó e se ela realmente era verdadeira. O egiptólogo balançou a cabeça para afastar os pensamentos misticistas presentes em sua mente.
De repente, um grito de terror indescritível foi ouvido por todos, causando um medo intenso em seus corações.
Lorde Carnarvon indagou: "Que grito terrível foi esse?"
— Estou com medo, papai. — disse Evelyn, a filha do milionário britânico, abraçando o pai aos prantos.
— Calma, meu bem, papai vai te proteger.
Nesse instante, muitos da equipe de Carter resolveram se aventurar sozinhos pela tumba de Tutancâmon em busca de uma saída, enquanto o arqueólogo tentava manter todos juntos e aparentemente "em segurança", mas isso não deu certo.
Os desertores, que incluíam arqueólogos, simpatizantes da pesquisa de Carter, funcionários do Departamento de Antiguidades do Egito e a jornalista que cobriu o evento histórico juntamente com o seu fotógrafo, andavam pelo mausoléu, como se estivessem caminhando por um perigoso labirinto que não tinha saída.
A múmia do faraó Tutancâmon se aproximou deles, ameaçando-os.
A sensação de medo tomou conta de todos, fazendo com que os corações acelerassem, quase pulando de seus peitos. A imagem da múmia era estranha e desagradável. Naquele instante, para todos, era como se o tempo tivesse se tornado volátil e caótico, mas era administrado com uma precisão assustadora.
Uma dor delirante e desagradável tomou conta daqueles pobres infelizes, e gradualmente perderam o ar, até sucumbirem. A expressão que ficou em seus rostos sem vida era de puro desespero.
V
A MORTE VAI ATACAR COM SEU TRIDENTE AQUELES QUE PERTURBAREM O DESCANSO DO FARAÓ
O vento soprava a cidade do Cairo com força. Embora ainda fosse dia, o céu estava escuro como uma noite. As tochas fixadas nas paredes brilhavam desanimadamente no mausoléu de Tutancâmon. Um tom de rubi iluminava o rosto de Howard Carter, enquanto uma luz sarapintada de roxo e azul dava ao Lorde Carnarvon uma aparência de morte recente.
— Parece que essa maldita tempestade nunca vai acabar. — disse Almina, esposa de Carnarvon, seu olhar perdido no vazio.
— Não podemos ficar aqui esperando que alguém venha nos salvar, sabe-se lá por quanto tempo teremos que esperar um resgate que pode nem acontecer, Carter — disse Lorde Carnarvon, assumindo uma postura de liderança. — Precisamos encontrar uma maneira de sairmos desse túmulo gigantesco.
— Tem toda razão, conde. Não podemos permanecer nessa prisão faraônica sem sabermos o que realmente está acontecendo nesse lugar. — disse o egiptólogo, parecendo aberto a todas as possibilidades, se posicionando ao lado de Carnarvon e dos outros que permaneceram junto deles.
A entrada do mausoléu de Tutancâmon estava obstruída por um grande volume de rochas que caíram devido à forte tempestade, então, era impossível sair por ali. Carter e o grupo precisavam encontrar uma outra alternativa, urgente.
De repente, um vento gélido e forte soprou por todo o lugar, apagando as luzes das tochas e deixando todos na escuridão total. Almina e Evelyn gritaram de medo, sendo abraçadas por Carnarvon, que tentava acalmá-las.
Carter enfrentava uma grande agitação interna. Ele ouvia passos ecoando pelas trevas daquele lugar. Alguém estava chegando. Uma luz brilhante se acendeu na escuridão. Reconheceu a silhueta, a agoniante lentidão do seu andar e seu coração começou a bater mais forte.
A múmia de Tutancâmon!
Todos foram convocados para o sono da morte eterna por Anúbis, sob a orientação de Tutancâmon, com exceção de Howard Carter.
VI
O JULGAMENTO
— Você está sendo julgado por violar o descanso de um faraó. Qual é a resposta para sua defesa? — perguntou Osíris, o deus egípcio encarregado de julgar os mortos.
Carter riu, sem ter ideia de como se expressar.
— Howard Carter, o senhor foi acusado de várias mortes. Entre esses crimes, o senhor é o responsável pelo brutal assassinato da família do ilustre George Edward Stanhope Molyneux Herbert, 5° Conde de Carnarvon. — disse o juiz diante de um tribunal do júri no Cairo, onde o egiptólogo estava sendo julgado pelas mortes de seus colegas de equipe, visitantes que estavam no mausoléu de Tutancâmon e da família Carnarvon.
— Meu cliente é inocente, meritíssimo. — disse o advogado de Carter.
— Devo lembrar que o seu cliente, num ataque de loucura e vaidade, assassinou várias pessoas presas em um ambiente claustrofóbico e totalmente impossível de escapar, se não fosse com ajuda externa, ilustre colega advogado de defesa. — rebateu o promotor de justiça.
No julgamento egípcio do pós-vida, o faraó Tutancâmon testemunhou contra Carter aos deuses egípcios Osíris e Ísis, enquanto Anúbis pesava o coração e Ammit, o deus com cabeça de crocodilo, lambia os beiços.
Carter parecia ter ignorado alguns princípios da Lei de Ma’at, como “não violar tumbas” e “respeitar o rei”. De acordo com a balança da arte e as regras do julgamento, o coração de Howard Carter ficou pesado diante da pena de inocência.
— O tribunal condena o réu Howard Carter à pena máxima por seus crimes hediondos cometidos em território egípcio sob a anuência total da coroa britânica. — disse o juiz, proferindo a sentença.
O espectro da múmia do faraó Tutancâmon com sua icônica máscara mortuária de esfinge se aproximou de Carter e disse ao pé do ouvido:
— Quando você morrer, vou ser o único a saber a verdade.
Tema: MÚMIA.