A Realidade na Sua Forma Mais Assustadora

Acordei suando frio, o som do despertador ainda ecoando na cabeça. Minha mente estava enevoada, como se tivesse saído de um pesadelo profundo. Ou seriam os remédios? De qualquer forma, os eventos dos últimos dias haviam me deixado exausto. Minha esposa, Anna, desaparecera misteriosamente, e a polícia não encontrara nenhuma pista.

Enquanto tentava me recompor, notei algo estranho no espelho do quarto. Meu reflexo parecia distorcido, meus olhos afundados e cercados de olheiras. Algo estava errado, muito errado. Senti uma presença familiar bem perto, atrás de mim, mas, quando se virei não havia ninguém.

A casa estava estranhamente silenciosa. Cada passo que eu dava parecia ecoar entre as paredes, aumentando minha sensação de pavor. Desci até o porão, onde encontrei uma porta que nunca havia visto antes (como isso é possível?). Tremendo, abri a porta e desci por uma tortuosa escada, que parecia levar às profundezas do inferno.

No fundo de um corredor escuro, encontrei um quarto pequeno, iluminado por uma fraca lâmpada pendurada no teto. O ar estava pesado, carregado com o cheiro de mofo e algo mais indescritível. No centro da sala, havia uma cadeira de metal, e sobre ela, Anna estava amarrada e ensanguentada. Seus olhos arregalados refletiam um terror absoluto, mas ela não estava morta - era pior do que isso.

Corri até ela, mas antes que pudesse tocá-la, uma força invisível me lançou contra a parede. Uma voz gutural ecoou pelo quarto, rindo. A realidade parecia se distorcer ao meu redor, e pude sentir minha sanidade escapando como areia entre os dedos.

"Você nunca vai escapar", sussurrou a voz em meu ouvido. Eu me debati, tentando me libertar, mas a pressão em meu peito aumentava, como se algo estivesse literalmente apertando meu coração.

De repente, as luzes piscaram e eu estava de volta ao meu quarto, sozinho. Minha respiração pesada ecoava no silêncio. Corri até o espelho e vi algo que me fez gritar. Meu reflexo não era mais eu; era uma versão distorcida e grotesca de mim, com olhos vazios e um sorriso macabro.

Percebi que estava preso em um ciclo interminável de horror, um pesadelo onde a realidade se misturava com a loucura. Cada vez que acordava, a tortura recomeçava, mais intensa, mais brutal. A linha entre a sanidade e a loucura se desvanecia, e percebi que nunca mais encontraria paz.

Assim, me perdi na realidade mais assustadora de todas: a de que minha própria mente era a minha maior prisão, e que eu jamais escaparia dos horrores que ela criava.

Fim

Betaldi
Enviado por Betaldi em 29/06/2024
Código do texto: T8096436
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