VINGANÇA ZUMBI
Ernest foi retirado de seu descanso eterno.
- Temos que ser rápidos. O segurança pode acordar.
- Não vai, bati com força e rachei a cabeça dele com a pá.
O tapa foi violento. O som ecoou no vazio da noite, no cemitério.
- Doeu, chefe.
- Idiota. Era para fazer dormir e não matar o pobre. Vai atiçar a curiosidade da polícia, Franz.
Os outros dois riram. Franz, com a mão na face, ardendo e vermelha.
- Venha ajudar, imprestável.
Franz segurou uma das alças do caixão. Os quatro homens colocaram Ernest na caminhonete verde oliva. Rápidos, recolocaram a terra e a grama sobre a sepultura. As coroas de flores dispostas como antes. Oliver entrou no veículo. Gomez pulou na boléia, ao lado do chefe. Franz e Ralf subiram na carroceria, ao lado do caixão, agora coberto com uma lona amarela e fardos de feno.
- Vamos para a casa da bruxa velha.
Gritou Oliver, acelerando. Franz estava arrependido de ter se metido naquela encrenca de roubar um banco. A dívida de jogo com Oliver não lhe deu escolha, teve que entrar para o bando. A cidadezinha de Scottville foi a escolhida, por ter uma agência apenas e poucos policiais. Os seis homens assaltaram o banco, numa sexta feira a tarde. Todos fantasiados de freiras, com máscaras. As armas sob os vestidos. O gerente e os funcionários no chão, rendidos. Os dez clientes presos no banheiro. Smith, o gerente, abriu o cofre pra Oliver e Simon, os líderes. Ernest e Franz limparam as gavetas dos caixas, colocando o dinheiro em sacos de lixo. Gomez estava na porta, armado e olhando o movimento. Ele controlava o tempo do assalto. Gritava e gesticulando, pedia rapidez. Ralf estava no volante da van, com o símbolo do convento das Carmelitas, estacionada do outro lado da rua.
- Rápido. Dois minutos.
Gritou Gomez, nervoso. Selena Torres, uma funcionária nova, que representou os Estados Unidos nas Olimpíadas da China, correu até o balcão três, onde ficava o botão do alarme. Gomez atirou três vezes, atingindo a moça na perna. Ela caiu debaixo do balcão e apertou o alarme. Gomez pulou o balcão e deu-lhe um tiro na cabeça. O alarme soou. Oliver baleou o gerente no peito. Oliver, Simon, Franz, Gomez e Ernest correram para a porta. Ralf abriu a porta da van. Eles entraram. O som das sirenes. A polícia estava vindo. Ralf saiu a toda velocidade, em direção a Dallas. A van entrou numa estrada de terra, saindo da rodovia. Simon e Ernest ficaram na van. Oliver, Franz, Ralf e Gomez entraram noutro carro.
- Perfeito. A gente se vê em Dallas, para a partilha.
Disse Simon, sério.
- Não esquece da gente, Simon. Fale ao chefe que se sumir com o dinheiro o acharemos até no inferno.
- O chefe tem palavra, Franz.
- Sei. O dicionário também, está cheio delas. Está levando todo a grana. Cuidado.
- Relaxa, velho. Logo, você vai estar nadando em dinheiro como o Tio Patinhas. O chefe tem que limpar o dinheiro, colocar na empresa dele, depois distribuir legalmente.
- Tchau. Já falou demais.
Eles se separaram. Simon e Ernest foram para Dallas. Os demais, para Coronado.
- Vai ver o chefe, Ernest.
- L.S, o tigre?
- Esse é o apelido dele.
A van entrou num galpão de Dallas, duas horas depois. A penumbra. Dez homens, de terno preto e máscaras, os esperavam. Simon desceu da van.
- Chefe. Aqui está o dinheiro. Cem milhões, no mínimo.
- Parabéns, Simon. Ótimo. Será o meu novo gerente, amigo. Aproxime -se.
Ernest saiu. Os homens tiraram o dinheiro da van. Um deles mostrou o dinheiro ao chefe, um homem obeso, com um terno vinho.
- Muito dinheiro, el tigre.
Disse um deles, exibindo o dinheiro. Simon apertou a mão do chefão. Ele se afastou e levou um tiro na cabeça. Ernest se tremeu todo.
- Idiota. Achou que seria meu gerente?
O chefe tirou os óculos. A luz de um carro, do lado de fora, entrou e revelou seu rosto a Ernest. A dois metros dele, Ernest viu o revólver apontado a ele. Os outros também miravam nele. Ernest se ajoelhou e suplicou. Uma dezena de tiros . Ernest estava morto, como Simon. No outro dia, os corpos foram achados pela polícia. As garrafas de álcool e as armas levaram a polícia a achar que tinha sido uma briga de amigos. A van tinha sumido do local. O corpo de Simon foi enviado a Chicago, onde morava sua família. Ernest foi para Scottville, a pedido de sua tia Amelly, que o criou.
- Tem que trazer esse rapaz de volta, bruxa.
- Vai custar uns bons trocados, Franz.
- Terá oitocentos dólares, tudo que temos. Após recuperar o dinheiro do banco, terá quantos milhões pedir.
- Porquê quer trazer esse rapaz a vida, como um zumbi?
- Simon me revelou em sonho que Ernest viu a cara do chefe, que os matou e rapelou o dinheiro.
- Está bem. Farei isso.