Ambição

AMBIÇÃO

 

A noite já estava chegando quando Rodolfo vinha pela estrada de chão depois de verificar se estava tudo bem com os seus animais no campo.

   Estava caminhando bem na dívisa entre a sua terra e a de seu vizinho mais perto quando enxergou algo estranho. 

    Pensou ter visto velas acesas em fileira  na estrada de uma trilha que dava entrada a sua lavoura de milho.

   O homem esfregou os olhos e depois foi ver o que era.

   Quando entrou na lavoura de milho verde caminhou até o fim onde estava a árvore de bergamota e para sua surpresa em baixo dela tinha alguém alto e magricela com um capuz sobre a cabeça.

__ Quem está aí?

__ Sou um guardião.

    Tentou puxar da sua memória quem poderia ser o homem que estava querendo lhe pregar uma peça, mas conhecia quase todo mundo da pequena cidade que vivia e não conseguia pensar em ninguém.

__ O que veio fazer aqui?

__ Eu moro aqui e guardo o tesouro até que ele encontre um dono.

Passou pela sua cabeça as histórias de seu pai de um tesouro escondido naquelas terras, mas que todos achavam ser loucura de sua cabeça.

__ Se é verdade então onde está o tesouro?

    Perguntou Rodolfo.

__ Bem aqui, embaixo dessa árvore, mas para poder tirar daqui terá que me dar um pagamento.

__ O que seria esse pagamento?

__ Quero a alma de alguém da tua família. Mate a pessoa e jogue o corpo em baixo dessa árvore que o tesouro poderá ser tirado.

   O homem achou absurda a ideia, mas continuou escutando curioso.

__ Tem muito ouro? Perguntou ambicioso.

__ O suficiente para manter sua família rica por várias gerações.

    Seus olhos brilhavam imaginando uma pilha de ouro.

__ Não tente me enganar, não há como tirar o ouro sem me dar uma alma em troca. __ Deixe aqui o corpo durante a meia noite da próxima noite que terá toda a riqueza que aqui guardo.

    O vulto sumiu na escuridão antes que ele pudesse fazer mais perguntas.

   O homem foi pensativo pra casa, mas não contou a ninguém o que tinha acontecido, não esperava que alguém acredita-se na sua história. Até porque morava ali durante anos e só agora tinha visto.

__ Amor? __ Aconteceu alguma coisa?

    Perguntou sua esposa, deitando na cama ao seu lado, acariciando os seus cabelos, era a mulher mais doce que existia.

__ Querida, se eu pudesse lhe dar joias e os vestidos mais lindos de todos tu seria mais feliz?

__ Eu já sou feliz contigo e tenho nossos filhos, mas lógico que gostaria de ter todas estas coisas.

   Ele a puxou para perto de si e a abraçou,  enquanto pensava em como faria para tirar o ouro sem fazer o combinado. Teria que ter um jeito.

    Não conseguiu dormir aquela noite. Quando chegou perto da meia noite do dia seguinte ele foi até o galinheiro, pegou uma galinha e foi para a escuridão se orientando apenas por uma lanterna.

   Quando marcou meia noite puxou o pescoço da galinha até que ela parasse de se debater e a jogou em baixo da árvore.

    Ficou esperando e nada aconteceu. Poderia ter sido só coisa da sua cabeça, mas para garantir trouxe uma pá e começou a cavar, já que seu pai já tinha falado sobre aquilo anos atrás.

    

   Conforme foi cavando bateu com a pá em algo no meio da terra, cavou mais até que pode ver uma caixa de madeira e a tirou por completo do chão.

   O homem sorriu eufórico e começou a arrastar a caixa até o galpão onde armazenava sua produção.  Acendeu a luz e pode ver uma grande quantidade se peças de ouro, pedras preciosas todas amontoadas e sujas de terra. Guardou a caixa em baixo de uma lona  para ver o que faria pela manhã.

   Quando já era dia Rodolfo levantou  e foi para a mesa tomar o café que sua esposa já tinha preparado.

   Ele contaria a sua esposa depois do café.

__ Bom dia amor.

    Disse sua esposa com um sorriso encantador no rosto.

__ Só vou chamar nossos filhos pro café.

    O homem despejou café do bules na xícara e então sua esposa veio apressada até a cozinha.

__ Que foi?  Sua expressão era de espanto.

__ Nosso filho não está na cama.

    Uma sessão horrível tomou conta do homem, sentindo um gelo percorrer todo o seu corpo, seguiu seu extinto e foi correndo até a árvore, sua esposa foi atrás dele.

    Quando chegaram até lá o filho deles estava jogado em baixo da árvore já sem vida.

 

Silvana da Cunha Roloff
Enviado por Silvana da Cunha Roloff em 10/06/2024
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