A Testemunha Sombria

Já escurecia na casa no campo da família Oliveira.

A senhorita Mirela, dava o jantar para seu velho pai todos os dias esse horário.

Ele já não andava, tomava sua sopa e logo em seguida era levado até a cama em uma cadeira de rodas, recebia um beijo de boa na noite da filha e dormia.

Mirella após lavar a louça, ia para o banheiro e se preparava para deitar.

Naquela noite, como de costume, ela lavou o rosto.

Após lavar o rosto pegou uma toalha e secou, viu uma figura através do espelho, Mirella, ficou petrificada.

Era uma imagem de uma menina, linda, sorrindo.

Sem se mexer, encara a menina novamente. Mirella chora.

Neste momento há uma batida.

Toc toc

Mirella corre e olha através da janela da sala e não vê ninguém, não era comum visitas nesse horário em uma casa afastada da cidade.

Retorna ao banheiro e quando encara o espelho por mais de 3 segundos encontra outra figura, era uma moça feliz com o seu namorado tomando sorvete na praça. Mirella chora.

Toc toc

Novamente corre até a sala e tenta enxergar se há alguém na porta. Nada.

Retorna para o banheiro com muito medo. Ao encarar o espelho, uma mulher vestida de noiva pisca para Mirella e desaparece correndo.

Mirella chora.

Toc toc

Com muito medo, corre novamente para ver na janela. Escondida atrás da cortina vê somente a estrada e os ventos balançando as árvores.

Ela já não quer entrar no banheiro da casa, neste momento lembra que não deu o remédio para a pressão sanguínea para o seu pai. Precisa entrar no banheiro para pegá-lo.

Entra sem ver o espelho, pega o remédio no armário e tenta sair sem uma espiada no espelho, mas a tentação era maior. Olhou.

Mirella, olhou seu reflexo, não chorou, não parecia ser uma entidade, era ela.

Toc toc

Dessa vez não correu para a sala e sim para o quarto.

Seu pai, o Sr. Oliveira, estava batendo a mão na borda da cama de madeira, estava passando mal. Pedindo ajuda.

Ela correu, após ver a cena e deu água com o remédio, na esperança de melhorar o estado de seu pai.

O último toc toc

Já sem vida. O pai de Mirella falece na cama.

Um grito de desespero e também alívio, Mirella corre jogar água nos olhos.

Ela via agora uma figura com roupa preta e óculos escuros, essa figura ria. Mirella, ria.

Mirella havia cuidado muito tempo de seu pai, desde novinha ele nunca deixou ela ter sua liberdade, não deixava brincar como uma criança normal, não deixava ela namorar e também não deixou ela casar.

Mirella se transformou em uma testemunha sombria de sua miserável vida.

João Castro - Escritor

João Castro escritor
Enviado por João Castro escritor em 24/04/2024
Código do texto: T8049013
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