A CASA DA BRUXA

Numa choupana de madeira de três peças, vivia dona Dozolina de 77 anos, com sua irmã cadeirante esclerosada Idalina. Ela cuidava da irmã e tinha pouca aposentadoria, o que dificultava a vida das duas idosas. Dozolina então havia achado um "trabalho noturno" para custear as despesas dos remédios e alimentação. Tarde da noite ela saía de casa com a mochila vazia, e voltava ao amanhecer com a mochila cheia. Seu "trabalho" era recolher pelas encruzilhadas e cemitérios, despachos de umbanda e quimbanda. Pratos com frangos, farofa, milho, doces, garrafas de champanha, uísque, flores, charutos. Ela vendia por baixo preço as bebidas e charutos para moradores de rua viciados, ou jovens menores de idade, para os quais era proibido vender álcool em estabelecimentos comerciais. Dozolina se mantinha distanciada e ignorava os vizinhos. A vizinhança havia se acostumado com as duas velhas pacatas e ninguém se importava com elas. Mas tudo mudou quando uma mulher bisbilhoteira e seu marido se mudaram para uma casa ali perto. A mulher chamada Carmina observava d. Dozolina sair de noite, deixando a irmã sozinha abandonada, por longo tempo. Como ela nunca levava a cadeirante passear lá fora, ela passou a desconfiar que havia algo errado com as duas idosas. Usando um binóculos olhava pela janela do quarto, só podia se ver a mulher de ombros, sentada na cadeira de rodas, envolta num xale e cabelos presos num coque. O que despertou sua curiosidade era que ela permanecia imóvel, sempre na mesma posição. Seu marido havia aconselhado Carmina a deixar de se intrometer na vida das duas velhas senis. Numa noite enquanto o esposo dormia, ela levantou-se e aguardou d.Dozolina deixar a casa, e foi até lá. Ela rodeou o pequeno jardim, onde havia um porta do porão, enfiou um arame na fechadura, e conseguiu abrir. No recinto havia um tanque e um varal com alguns trapos pendurados. Ela subiu a escada até o andar de cima, onde estavam poucos móveis estragados pelo tempo de uso e poeira. Carmina bateu na porta do quarto da cadeirante dizendo: — A senhora precisa de alguma coisa ? Eu sou a vizinha, me chamo Carmina. Como não obtinha resposta, entrou no quarto. Na cama deitada estava uma mulher pálida e seus olhos fitavam o teto. Ao se aproximar ela percebeu que era uma espécie de humanóide, uma cópia perfeita duma mulher feita de silicone. Aquela velhota era uma esquizofrênica, convivia com um boneco acreditando ser sua irmã. Ela precisava ser internada num hospício. De repente a boneca de silicone se moveu e sentou-se na cama. Apavorada com a cena, ela correu para fora da casa. Aquela boneca era enfeitiçada, uma zumbi, um boneco de Vodu possuído por um espírito duma pessoa morta ! A velha Dozolina devia ser uma bruxa maligna !

Carmina iria descobrir logo o terrível segredo que a casa da bruxa escondia. . .

▬▬► segue no cap. 2

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 12/04/2024
Reeditado em 12/04/2024
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