MEU AMIGO É UM MONSTRO
Então, foi assim que tudo começou. Pela estrada sem curvas numa moto apropriada a meu jeito louco por aventuras que cheguei à casa do meu querido amigo. Havia tempo que o via. Na verdade haviam se passado 4 anos desde nosso encontro no último bar da esquina onde estudávamos filosofia.
Eram momentos de muita bebida e pensamentos abstratos da vida. Sua casa era um pouco mais velha do que a penúltima vez que estive lá, tomando uma bela tequila. As bebidas quentes sempre fizeram parte de nossos encontros.
Cheguei. Toquei a campainha e em poucos minutos um olhar apático apareceu na minha frente. Um Homem magro mais do que a saúde pode aguentar. Suas roupas pareciam bem amassadas, como se tivesse dormido num lugar bem desconfortável.
Fui convidado a entrar com um sorriso sofrido. Entrei e vi um ambiente pardo, com janelas fechadas e com cortinas longas e vermelhas. Os móveis antigos (pois colecionava móveis de antiquário), tinham muita poeira e que, de forma deselegante, me faziam espirrar.
Sentei-me a seu comando. olhei para seu bar pessoal, muitas garrafas meias de bebidas fortes, como também litros vazios espalhados pela sala. Um lugar frio, amargo e muito desorganizado. Ele nunca foi assim.
Começou:
- Quanto tempo não nos vemos, uns quatro anos?
- Sim. Acho que sim. E você parece-me meio mudado desde aquele dia no bar. Joguei essa sem querer, e ele percebeu. E com um ar de riso forçado, disse: - Mulheres meu amigo, mulheres.
-Como assim? Indaguei com muita entonação. Nunca o alcancei com tanta firmeza sobre mulheres, um homem sem pretensões está apaixonado, mas como isso o tornou assim?
- Bem. A mulher no Renascimento era a forma mais bela de conhecimento que pude ver em meus estudos na universidade; um ser de corpo normal, sem estereótipos e emoções fiéis ao ser humano. Há como as amo e como trouxeram a minha desgraça.
- O que me diz é fato histórico, como também as loucuras que elas nos fazem fazer. Mas o que isso tem haver com você? No fundo eu queria entender, mas ele estava num absorto momento íntimo.
- Meu amigo, as Andromedas da vida. Belas mais que a própria Afrodite. Eu as amava. Eram gêmeas idênticas. Não sabia se estava louco ou se realmente eram dois amores. Minha desgraça foi amá-las mais do que a mim.
- Não te entendo, você nunca falou sobre elas. O que houve? Onde elas estão? Me preocupei com aquele ser depressivo em lembranças desconhecidas a mim.
- Estão no meu quarto. Secas, esqueléticas do jeito que os deuses a trouxeram ao mundo. Sem carne.
Dei um pulo. Não entendi realmente nada. Ou entendi e me assustei mais do que meu coração podia suportar.
- Você está louco! O que você está me dizendo?
- Que nós vivemos apenas para acabar em ossos, assim como eu e elas. Se levantou e subiu as escadas a algum lugar da casa.
Eu não pude suportar. Saí correndo. Esqueci a moto e saí feito louco dalí. Meu amigo é um monstro.