João e Maria
Naquela noite inebriante, Maria, uma mulher de coragem labutada pelas agruras da vida, guiava João, seu marido de sorriso confiante, pela densa mata do interior carioca. Maria, nascida em meio às histórias de feiticeiras contadas pelas avós à beira do fogão a lenha, carregava consigo a crença no sobrenatural. João, um filho do asfalto carioca, encontrou em Maria não apenas a esposa, mas também uma porta para um mundo além do concreto urbano.
Antes da chegada deles, a floresta era um reino de silêncio ancestral, onde o sussurro das folhas era a única língua conhecida. As árvores, com seus troncos retorcidos, erguiam-se como guardiãs de segredos seculares. O tapete de folhas no chão, carregado de histórias não contadas, testemunhava o tempo que fluía lentamente.
A luz do luar, filtrada pelas densas copas, pintava padrões de sombra e luz sobre o solo. Cada trilha sinuosa era um labirinto de mistérios, onde criaturas noturnas deslizavam entre os arbustos, deixando rastros invisíveis. Os sons noturnos, um concerto de grilos e cigarras, teciam uma melodia serena que preenchia a atmosfera.
Ao adentrarem o matagal, as histórias pessoais de Maria e João se desdobravam, entrelaçando-se à narrativa. Maria, com seus olhos de quem já encarou o desconhecido, via a floresta como uma extensão das lendas contadas em noites tempestuosas. João, inicialmente cético, encontrava na jornada uma oportunidade de conectar-se com o lado misterioso que Maria tão bem conhecia.
A risada demoníaca, qual eco de histórias ancestrais, desafiava não apenas a coragem deles, mas também a fundação de suas próprias narrativas pessoais. Entre risos nervosos e olhares trocados, Maria e João enfrentavam não apenas os demônios da floresta, mas também os espectros de seus próprios passados e crenças.
Ao desvendar a criatura transcendental, a floresta se transformava. O novo normal revelava-se como uma harmonia entre as experiências vividas e as histórias contadas. Maria e João, agora portadores de uma compreensão mais ampla, abraçaram o cotidiano com um olhar renovado, entendendo que o extraordinário estava entrelaçado ao ordinário, criando um equilíbrio delicado entre as dimensões da existência. A floresta, antes encarada como um labirinto opressor, tornou-se um santuário de sabedoria ancestral, onde o passado se entrelaçava com o presente, formando uma narrativa única e enigmática.
Esse é só um breve conto .