O hospício
À medida que as crianças órfãs exploravam os corredores sinuosos do hospício abandonado, a opressão do ambiente ganhava uma intensidade avassaladora. Cada passo ecoava como uma sinfonia de angústia, enquanto as sombras se contorciam nas paredes, como se ansiassem por contar os segredos enterrados.
Em uma sala esquecida, as crianças encontraram um antigo escritório médico, onde arquivos empoeirados se amontoavam em prateleiras encurvadas. Ao folhear os registros desbotados, desvendaram narrativas de tratamentos cruéis e experimentos desumanos conduzidos por médicos insensíveis. O conhecimento sombrio infiltrava-se em suas mentes, tornando cada esquina um lembrete tangível do sofrimento passado.
Conforme o crepúsculo se instalava, a atmosfera tornava-se mais densa, quase palpável. Sombras que antes eram estáticas ganhavam vida, contorcendo-se em formas grotescas que desafiavam a lógica. O choro distante de uma criança, ecoando através dos corredores vazios, tornava-se uma melodia sinistra que se misturava ao sussurro do vento, gerando uma harmonia dissonante.
Uma porta entreaberta revelou uma ala esquecida, onde camas desarrumadas pareciam conter resquícios de presenças invisíveis. Ao entrarem, as crianças sentiram um arrepio na espinha, como se estivessem atravessando um limiar entre o tangível e o sobrenatural. A percepção do passado apegava-se a cada sombra que dançava nas paredes, formando uma narrativa silenciosa de tormento.
No auge da noite, quando o silêncio se tornou quase insuportável, as crianças se viram diante de uma sala cuja porta se abria com um ranger agudo. O que encontraram lá dentro fez seus corações gelarem: uma caixa de música antiga, agora coberta de poeira, emanava uma melodia lúgubre. Como se tocada por mãos invisíveis, a música preenchia o espaço, ecoando pelos corredores como um lamento que reverberava através dos séculos.
A opressão atingiu seu ápice quando as sombras se solidificaram, assumindo formas que encarnavam os fantasmas do passado. Os lamentos, choros e murmúrios convergiam para uma sinfonia de desespero. As crianças, encurraladas entre o presente e o passado, sentiam o peso do hospício abandonado sobre seus ombros, como se estivessem destinadas a carregar as angústias daqueles que ali sofreram.