Nos Portões do Inferno (12): Capítulo 7: O Diário de Melissa

Capítulo 7

O Diário de Melissa

I

Leonardo puxou uma cadeira, colocou-a de frente para Creedence e sentou-se a cavalo. Fez tudo sem tirar a mira do homem assustado.

Creedence engoliu em seco, os olhos teimavam em acompanhar o cano da arma apontada para seu rosto. Daniel manteve seu revólver engatilhado, mas junto ao corpo.

Ouviram passos apressados no corredor de cima. Logo, o restante da família curiosa estava no alto da escada.

— Que barulho foi esse? — indagou Ana.

— Nada não, senhora Machado — informou Leonardo. — Só eu estourando a porta. Desce todo mundo aqui pra fazer companhia pro papai. Quero todos onde eu consiga ver.

— Leo, isso tá certo? — indagou Eilson enquanto acompanhava a família descer as escadas.

— O que é isso? — indagou Cristiano.

— Fica quieto, moleque. Só quero ouvir seu pai falar — disse Leonardo. Em seguida olhou para Eilson. — Não sei se tá certo, mas é melhor prevenir, não acha?

— Leonardo... Rapaz... Que que você... — balbuciou Creedence.

— Cala a boca e escuta, velho — ordenou Leonardo fazendo Creedence engolir novamente em seco. — Eu fui verificar uma coisa. Eu e meu irmão nos perguntamos: por que ninguém saiu pra fora na hora daquela confusão? Sabe o que eu fiz, então? Fui falar com os vizinhos, Creed. Sabe o que achei? Só achei corpos, Creedence! — bradou Leonardo fazendo com que todos se encolhessem. — Começa a falar!

— Eu não sei de nada — disse Creedence em tom de súplica.

— E por que você falou que não tinha ninguém nas outras fazendas? — indagou Leonardo apontando a arma para Cristiano.

— Mas não tinha — disse o rapaz. — Pelo menos não deveria ter, desde que chegamos só vimos a velha Glauer.

— Não me enrolem! — bradou novamente Leonardo. — Por que só vocês estão vivos aqui nesse fim de mundo?

Leonardo e Creedence se encararam. O olhar do primeiro continha fúria, ao passo que o do outro era amedrontado.

— Mandei falar! — disse Leonardo se colocando de pé. Agarrou Creedence pelo pescoço e apoiou o cano da arma na testa do homem que encarava a arma enquanto as lágrimas lavavam seu rosto.

— Não sei de nada — Creedence bradou em tom choroso.

— Leo, vai com calma — alertou Daniel de forma serena, mas nem por isso com menor alerta, seus olhos estavam fixos em Cristiano. Caso o rapaz tentasse alguma coisa, Leonardo poderia disparar automaticamente.

Leonardo encarou o irmão e viu em seu olhar algo que o fez baixar a arma. Olhou para Creedence choroso e o resto da família assustada. A inocência estava estampada no rosto daquelas pessoas. Afastou-se e Ana correu para sentar-se ao lado do marido, em seguida, os filhos a imitaram. Creedence parecia desamparado e Melissa olhou para Leonardo de modo que o fez sentir-se como um monstro. Ele olhou atordoado para Eilson e Leonora parados à porta da cozinha, apreensivos. Seus atos pesaram em sua consciência fazendo com que saísse em disparada para a varanda.

Respirou forte quanto o ar noturno tocou seu rosto. Sentia raiva de si mesmo. Por que sempre se descontrolava? Quisera ter a frieza e sanidade de seu pai. Deixou seu corpo cair pesadamente em uma das cadeiras de balanço que ali estavam. Contemplou a noite escura. Ficou ali sentado, preso em um estupor mental. Instantes depois, a porta se abriu e Daniel saiu para a varanda.

Os dois se encararam por um momento.

Daniel suspirou, enfiou as mãos nos bolsos.

— Eu sei — disse Leonardo. — Eu sei que fiz merda.

Daniel caminhou até a cadeira ao seu lado e sentou-se.

— Não, só acho que você foi muito precipitado e... Bem, não precisava humilhar o cara na frente da família. Você pegou pesado. Além disso, existem formas menos... Intempestivas de se interrogar alguém.

Leonardo respirou fundo.

— Como é que eles estão?

— Estão na cozinha — respondeu Daniel. — A tia os acalmou um pouco, eu acho.

— Cara, o que que tá rolando aqui?

— Não sei — disse Daniel pesaroso. — Como uma bruxa com uma dívida gigante de pactos está relacionada com a Rai lá no Brasil.

— É o livro, cara — disse Leonardo. — A Rai estava com um livro que podia ajudar a velha a se safar, esse é o meu palpite.

— Tá, mas ela foi atacada por demônios. Acha que estavam a serviço da Glauer.

— Acho que sim, porque o demônio que possuiu aquele político queria entregar o livro aqui, lembra? Precisamos descobrir as peças que faltam nesse quebra-cabeça.

— O que você viu nas casas? — inquiriu Daniel.

— Mesma coisa que na casa da Glauer — informou Leonardo. — Todas as casas foram atacadas, menos essa aqui... Por isso, sei lá, pensei que os Machado pudessem estar de alguma forma envolvidos, sabe?

— Entendo — segredou Daniel. — É realmente estranho que a casa não tenha sido atacada, ela está logo ao lado da casa da Glauer.

— É, mas os ataques não parecem sequenciais — disse Leonardo. — O último ataque, lá onde matamos aquele demônio do séquito de Belphegor, foi na terceira fazenda. Tem alguma coisa aqui na casa do Creedence que fez com que essa casa ficasse por último.

— Vamos esfriar a cabeça — consolou Daniel. — Vamos descobrir o que tá rolando.

Leonardo fitou a noite e a vegetação seca. Daniel viu seus olhos brilharem antes dele saltar da cadeira e correr para os degraus da varanda. Parou no meio do quintal e olhou para o céu.

— Caramba!

— O que foi, Leo? — indagou Daniel já ao seu lado e olhando para o céu também.

Mas Leonardo já corria para dentro da casa. A família se encolheu quando ele adentrou. Creedence desta vez estava com uma espingarda, a empunhou e apontou para ele.

— Se der mais um passo, estouro seus miolos, desgraçado!

Eilson e Leonora levantaram-se apreensivos.

— Olha, desculpa. — disse Leonardo erguendo as mãos para mostrar que estava desarmado. — Sei que errei. Foi mal por antes, Creed, mas é importante que eu saiba se algum de vocês tem um diário, um caderno de anotações ou coisa parecida.

— Por quê? — indagou Creedence sem baixar a arma.

— Porque talvez possa nos ajudar a entender muita coisa.

Creedence olhou para sua família.

— Eu só tenho um caderno de administração das contas da casa — disse Ana.

— Eu tenho um caderninho onde anoto nomes de filmes, bandas, músicas, essas coisas, sabe? — disse Cristiano.

— Bom, a última vez que escrevi foi na escola — disse Creedence já com a espingarda pousada no colo.

Todos silenciaram e voltaram seus olhos para Melissa que tinha os olhos arregalados e desconfiados.

— Eu tenho um diário — disse ela em um sussurro.

II

Leonardo pediu para ver também os cadernos de anotações de Ana e Cristiano só para desencargo de consciência, mas tinha quase certeza de que não encontraria nada de significativo neles. Melissa demorou um tempo para descer as escadas, talvez checando suas próprias anotações. Por fim, voltou com um ar receoso. Leonardo estendeu a mão, mas a menina não entregou o diário de imediato.

— Você não vai ler tudo, né? — ela indagou com um olhar suplicante.

— Por quê? — Leonardo indagou curioso.

— É um diário! Isso não basta? — ela inquiriu em tom óbvio.

Leonardo arrancou o diário da mão dela rapidamente.

— Se acalma — disse sorrindo —, só vou ler o necessário, coração.

Ele começou a folhear o diário sem necessariamente ler os textos. Parecia procurar algo em específico. Foi e voltou por várias páginas até parar em uma com o seguinte texto:

“Ex nunc, ex positis. Ab immemorabili. Ab imo corde. Ab imo pectone. Ab initio. Ab inferos. Ad infinitum. Habeas corpus in actu. Nunc et semper...”

O texto continuava, mas ele não precisou ler para saber que encontrou o que procurava. Levantou os olhos bestificados para a garota.

— Você é da Wicca ou alguma coisa assim, Melissa? — indagou em tom sombrio.

— O quê? — disse ela engolindo em seco. — Não... Nenhuma ordem... Eu e algumas amigas somos magistas... Mas... Mas não é nada demais, é só estudo...

— Aham, sei — disse Leonardo respirando fundo. — E nesses estudos, vocês se aprofundaram em algum conhecimento de latim?

Ao ouvir isso, Daniel caminhou até postar-se ao lado do irmão. Leonardo lhe passou o diário para que ele lesse por si mesmo o texto. Melissa viu o semblante do rapaz tornar-se taciturno ao ler.

— Não é... Não é nada demais, não é? É... É só um ritual... Magia branca, sabem?

— Magia não tem cor, guria — disse Leonardo impaciente. — Magia é magia, algumas são mais inofensivas, mas você mexeu com coisa séria aqui!

— Você tem ideia do que fez, Melissa? — inquiriu Daniel.

Leonora caminhou até ele e pediu para ver o diário.

— Por que não param com isso? — disse Creedence irritado.

— Sabia que sua filha é magista, Creedence? — indagou Leonardo no tom mais calmo possível.

— Eu nem faço ideia de que diabos vem a ser isso — respondeu o homem.

— Quem te passou esse ritual, Melissa? — inquiriu Leonora em voz baixa, pois a garota passava a impressão de que cairia no choro se alguém falasse alto com ela.

— Foi uma amiga da escola... Lá em Vila Magnólia. Foi antes de nos mudarmos pra cá, ela disse que era pra trazer prosperidade e harmonia pra casa eu... Eu...

— Melissa — chamou Leonardo — Você fez esse ritual aqui na fazenda?

Ela ficou muda e correu para a escada. Sentou-se nos degraus enquanto cobria o rosto com as mãos.

— Bom, isso responde à pergunta — disse Leonardo.

A família olhava de modo apreensivo para Melissa sem entender.

Leonora caminhou até a garota e sentou-se ao lado dela.

— Foi tud... Foi tudo culpa minha? — disse ela entre soluços. — Eu matei todo mundo? Eu... Eu...

— Não! Não é nada disso — disse Leonora passando uma mão confortadora por seus ombros.

Leonardo abriu a porta e saiu.

— Onde você vai — indagou Daniel.

— Vou voltar na casa da Glauer. Vocês não acharam nada nos grimórios que trouxeram, não é?

— Eu vou com vocês — adiantou-se Creedence.

Leonardo o encarou.

— Não vai me armar uma emboscada, não é?

— Sem ressentimentos — respondeu Creedence, embora sua voz parecesse carregada de mágoa.

Antes de partirem, Leonardo chamou a tia e pediu para que ela tentasse descobrir algo sobre a pessoa que passara o ritual para Melissa, em seguida, saiu para a noite acompanhado por Daniel e Creedence. Eilson e Cristiano observaram pela janela enquanto o Mustang se perdia na escuridão da noite.

III

— O que é uma pessoa magista? — indagou Creedence no banco detrás do carro.

— Tecnicamente — disse Daniel —, é uma pessoa que estuda magia. Mas muitos não se limitam ao estudo, acabam lendo alguma coisa que acham interessante, que teoricamente dá resultados e acabam querendo testar, colocar em prática algum ritual ou conhecimento.

— É. A Melissa sempre leu algumas coisas assim — segredou Creedence. — Sempre teve seus lances de incenso, sabe? Velas. Nunca me importei muito.

— O problema é que magistas acabam, às vezes, se deparando com algo mais além dos estudos. — disse Leonardo.

— Tem muitas vertentes e ordens de magia hoje — informou Daniel. — Algumas maquiaram alguns rituais antigos que serviam para invocação e evocação de entidades. Muitas que nossa cultura considera hoje como demoníacas. Às vezes para esconder algum conhecimento, mas às vezes para propositalmente despertar o mal, por assim dizer.

— Como assim maquiaram rituais? — indagou Creedence.

— Imagine que você tem um ritual para conjurar um demônio — prosseguiu Daniel —, isso é repassado como se fosse um ritual para prosperidade ou algo do tipo, repassado como uma simpatia popular.

— Caramba! — disse Creedence coçando o queixo. — Quer dizer que a Melissa podia estar mexendo com demônios sem saber? Falem a verdade, caras: ela pode ser a culpada pelas mortes que aconteceram por aqui?

— Acho que, tecnicamente ela não é culpada — tranquilizou Leonardo. — O que aconteceu aqui já devia estar planejado.

— Planejado por quem? — inquiriu Creedence.

— Pela antiga dona dessa casa — sugeriu Leonardo estacionando frente à fazenda de Heidi Glauer.

— Espera aí — disse Creedence —, tá dizendo que a velha Glauer armou tudo? Que ela só estava esperando o quê? Minha Melissa?

— Não sei se ela planejou — prosseguiu Leonardo —, se ela sabia que vocês estavam vindo. Sei lá, tudo é muito incerto ainda. Talvez a chegada de Melissa aqui ajudou ela em algum plano que tinha em mente ou algo do tipo.

— Que plano? — inquiriu Creedence impaciente.

— É o que a gente tem que descobrir — disse Daniel. — Se tinha ou não um plano e se a Melissa estava ou não incluída nisso.

— Mas Melissa nunca conversou com a Glauer — informou Creedence. — Como ela pode ter ajudado a bruxa?

— Não é necessário que ela tenha conversado com a Glauer — disse Leonardo. — Mas vamos parar de ficar levantando hipóteses. Vamos entrar!

IV

Os três estavam na sala da casa de Heidi Glauer, cada um portava uma lanterna. O ambiente estava totalmente limpo, como se nada tivesse acontecido por ali.

— Não devia estar cheio de sangue aqui? — indagou Creedence.

— Eu acho que com aquele tiro, Eilson talvez tenha acabado com a existência da bruxa fazendo desaparecer seus restos mortais — sugeriu Daniel.

— Não sei — alertou Leonardo. — Ela era antiga. Seria tão fácil assim acabar com a existência dela?

Daniel encolheu os ombros.

Subiram as escadas.

— Lá vamos nós de novo — bufou Leonardo. — Vira e mexe, acabamos nessa maldita biblioteca.

Minutos depois, Leonardo exclamou vitorioso batendo em um grimório velho e empoeirado.

— Aqui tem o mesmo ritual que está no diário da Melissa! — ele informou.

Os três saíram rapidamente da casa. Leonardo olhou pesaroso para o céu.

— Você não explicou — disse Daniel. — Lá no quintal do Creedence você também olhou para o céu antes de perguntar se alguém tinha algum diário.

— O que vocês veem no céu? — indagou Leonardo.

Daniel e Creedence olharam.

— Noite lisa — disse Creedence.

— Como assim "lisa"? — indagou Daniel.

— É quando não dá pra ver as estrelas... Bom, não é totalmente lisa porque tem aquelas estrelas ali — disse apontando.

— Constelação única — disse Leonardo.

— O que isso quer dizer? — indagou Creedence.

— Bem — prosseguiu Leonardo —, só sei de dois casos em que só havia uma constelação no céu: Lousiana, 1960 e Sidney, 1973.

— E o que isso quer dizer? — insistiu Creedence.

— Nos dois casos demônios estavam à solta com ajuda humana — explicou Leonardo. — Na Lousiana, era uma constelação de cinco estrelas, em Sidney eram sete, como a que vocês estão vendo aqui. Nos dois casos tivemos grandes matanças, pragas, plantações secas, desastres naturais, o pacote completo. Tudo obra de demônios.

— Como você sabe disso — indagou Daniel surpreso.

— Heh! Também sou cultura, maninho! Não é só você o sabichão da família — ironizou Leonardo. — De vez em quando eu também pesquiso, cara.

— Por isso você sabia que encontraria o tal ritual em alguma anotação em minha casa? — indagou Creedence.

— Tive uma intuição sobre isso — informou Leonardo. — Na verdade, imaginei que uma garota como a Melissa pudesse ter um diário ou coisa do tipo e lá encontraria a data em que ela talvez tivesse reparado que só havia uma constelação única no céu. Não esperava que ela fosse magista, isso foi uma surpresa.

Os três entraram no carro e voltaram para a casa de Creedence.

Encontraram Melissa ainda desconsolada. Os Cartago garantiram que iriam tentar descobrir o que acontecera e convenceram a família a ir se deitar. Creedence, no entanto, ficou acordado folheando os antigos grimórios. Por fim, a exaustão venceu e Creedence foi arrumando lugar para que cada um pudesse descansar.

V

Leonardo acordou no sofá dos Machado com a pálida luz solar que entrava pelas janelas. Daniel dormira em uma cadeira de balanço próxima à lareira. Creedence estava em uma próxima à janela. Eilson e a tia deviam estar em um aposento para hóspedes.

Consultou o relógio. Faltavam poucos minutos para as nove da manhã. Levantou e se espreguiçou. Caminhou sem fazer ruído para a varanda. A luz fez seus olhos arderem.

Estava prestes a voltar para dentro quando um homem saiu de trás da casa. Caminhava lentamente, ombros baixos, usava uma jaqueta preta e um boné que lhe lançava uma sombra sobre o semblante impossibilitando lhe distinguir o rosto.

— Ei! — chamou Leonardo enquanto descia os degraus da varanda já engatilhando o revólver. O homem não respondeu ao seu chamado. — Está surdo, cara?

Subitamente, o homem se virou e encarou Leonardo.

— Olá, Cartago — disse com uma voz baixa e grave.

— Te conheço? — indagou Leonardo com curiosidade.

— Ah, nunca nos encontramos, mas de onde venho, sua fama o precede.

— Quem é você?

— Você não é tão observador quanto pensa, não é?

Leonardo franziu o sobrolho.

— Não lhe ocorreu — prosseguiu o homem —, que o lugar é um pouco sujo demais pra estar sem moscas?

Leonardo arregalou os olhos ante a compreensão. Apontou o revólver, mas nesse instante o homem caiu de joelhos e soltou um grito e, de sua boca saiu uma nuvem composta de moscas das mais variadas espécies que seguiram em direção à mata.

A porta da casa se abriu com estrondo e Daniel saiu alarmado. Creedence veio logo atrás.

— Quem é? — indagou Daniel fitando o homem inconsciente no chão.

— Quem é eu não sei — disse Leonardo. — Mas sei quem estava dentro dele.

— Quem? — indagaram Creedence e Daniel em uníssono.

— Belzebu!

Continua...

ISBN: 978-65-00-92694-1

Raphael Rodrigo Oficial
Enviado por Raphael Rodrigo Oficial em 01/03/2024
Código do texto: T8010239
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