CALIPSO - CLTS 26

CALIPSO (Não é a história da banda)

CONTO EM VERSOS

Canta, ó musa! Vou invocar!

E manter a tradição

Grega. Recontar a história.

Vamos leitores cantar

O poema. Nobre canção

Nunca vai sair da memória,

Essa bela poesia.

Veja e leia atentamente.

O poeta neste dia

Irá versejar com glória.

Está ainda na minha mente.

O mar jocundo e sereno.

Naquela manhã de sol.

Tinha um bailado eterno.

E beijava calmamente

A praia, no arrebol,

Sua beleza era um farol.

Ela, a ninfa, caminhava.

Seminua, os pés descalços.

Passeava sem percalços.

Sedutora! Em que pensava?

A senhora da Ogígia ilha.

Tinha o olhar no horizonte.

Deusa, era dos titãs filha.

Tétis, sua mãe, a amava.

Seu lar, têm ungida fonte

Dentro da mata sagrada.

Moradora de uma gruta

O mar ficava de fronte.

Tinha pele bronzeada.

De cabelos ondulados.

Corpo lascivo e altivo.

Dona de atitude firme.

Ser eternamente vivo.

Fêmea têm predicados.

A entidade tão sublime

Avistou ao longe na areia,

Um corpo de homem prostrado.

Naufrago?! Está pusilâmine?

Morto, por uma sereia?

“Está vivo!” Foi carregado

As pressas pra gruta escura.

“Está tão fraco, quase morto,

Um homem de vida dura.”

Foi alimentado e cuidado.

Curado, encontrou conforto

Com a ninfa. Acordou absorto.

Disse ele: “Quem é você?”

“Calipso, ninfa do mar.

Tu quem é? Quem fui salvar?

Soldado, está aqui por quê?”

“Eu sou, o rei Odisseu, da ilha Ítaca.

Um Deus me amaldiçoou.

Eu furei, usando uma estaca,

O olho do seu filho, que,

Meus amigos devorou.

Um ciclope monstruoso.

E fugimos da caverna.

Vagueei em mar tão tenebroso.”

Da tropa, só o rei sobrou.

“A pena não será eterna.

Eu voltarei a pátria materna.”

“Daqui não podes sair.

Te amo! Vossa majestade.

Fique aqui, é minha vontade.”

Preso ali! Não podia sair?!

Casal viveu uma paixão.

Na “gruta”, o rei fez morada.

A ninfa tinha um tesão.

Só o amor sabe iludir.

Ela admirava a espada.

Tarada e apaixonada.

“Oh! Meu amor, me conta mais,

Guerreiro. Suas aventuras

No mundo. Teve amarguras?”

“Na guerra, sofri demais

Em Troia. Era inexpugnável.

Um cavalo de pau ocado.

Mais de dez anos atrás.

Estratagema infalível.

Homens dentro colocados.

O reino foi derrocado.

Fim da festa. Noite umbrosa.

Presente grego. Dor! Morte,

Lança, espada em cada corte.

A peleja tenebrosa

Findou. O custo? Muito caro!

Pátroclo, Aquiles e Heitor

Tiveram a morte honrosa.

Tudo isso não têm reparo.”

Mudam as estações. Por

Um ano. Ardente foi esse amor.

Era a vida dos amantes.

Ela quando tinha tédio

Outra estória o remédio.

Tão perdidos navegantes.

Em outra ilha aportaram.

Eana, lar da bruxa Circe.

Magia, encanto intrigante.

A carne transformaram.

“Nobre rei!” Euríolo disse:

“Os varões viraram porcos.”

O rei Odisseu foi ao resgate.

“Lutar com maga é burrice.”

Disse um olimpiano.

Era Hermes, deus viajante.

Deu para o mortal comer

Uma erva, que era o antídoto.

Prosseguindo, vamos ver!

Não quero ser maçante,

Não! O poema fica roto,

Sem graça, até meio imoto.

A Circe, bruxa maléfica,

Derrotada e enganada.

Ela estava apaixonada.

Estava mansa e pacífica.

Advertiu os navegadores.

Como escapar das sereias?

Com uma ideia específica.

E não sofrer mais horrores.

Nau veloz, a maré cheia.

Perto da ilha das sereias.

Tinham cera em seus ouvidos.

Não ouviam os marinheiros.

Remavam de modo ordeiro

Na costa estranho alarido.

Durante aquele ocorrido.

Ouvindo tão belos cantos.

Odisseu ao mastro amarrado.

Estava que nem tarado.

Enlouquecido e aos prantos

Gritava: “Quero comer

Dessas sereias os rabos.”

O canto delas vou dizer.

Vou revelar com espanto:

“Você me enganou

Você me enganou

Não teve pena de mim

Você me enganou

Você me enganou

Me deixou tão triste assim.

Você me enganou

Você me enganou

O que eu fiz pra merecer.

Você me enganou

Você me enganou

E agora o que vou fazer.”

Pra frente, que atrás vêm gente!

Enquanto isso, o coração

Do rei, fica amargurado

Algo atormenta sua mente

Calipso aspira atenção.

O homem está desolado:

“Venha, e diga meu amor.

Sou deusa, sou toda tua!

Nos olhos, tu tem terror.

Diga sem medo, meu amado.

Você quer que eu fique nua?

Faço o que você quiser.

Não podes enlouquecer.

Sou tua eterna mulher.

Juro por Zeus, pela lua.”

“Tudo bem! Vou lhe dizer.

Não vejo a felicidade.

Não consigo ser jocundo.

Tudo culpa da saudade.

Por dentro vivo a sofrer.

Eu viajei pelo mundo.

Horror maior pude ver.

Reino dos mortos estive.

O que vi, não pude crer.

Morte é amargor profundo.

Nenhum de nós sempre vive.

No Reino de Hades vi a dor,

Espíritos espectrais

Sofrem. Sofrem com temor.

A vida é uma tolice.

Lá vi até meus ancestrais.

Morta, minha mãe está entre eles.

Amigos perdi na guerra.

O medo senti na pele.

A alma sofre até de mais.

Carne vai virar terra.

Vi a cidade dos Cimérios.

Aonde o inferno fica.

É pior que o cemitério.

Onde nossa vida se encerra.

Antes de retornar pra Ítaca

Disse o adivinho Tirésias:”

“Tu ainda irá muito sofrer

Com mais outras armadilhas.

Sua paz não solidifica.

Esse sangue vou sorver.

Profecia vou dizer.

Não esqueça, na ilha Trinácria

Têm um rebanho sagrado,

Que não pode ser tocado.

São eles para idolatria

Do grande Hélio, deus solar

Futuro irá tu alcançar

Se no gado não tocar.

Também verá a rebeldia.

Seus homens vão profanar.

Terrível morte encontrar.”

“No Hades mora o sofrimento.

O desastrado Elpenor

Têm amargura com dor.

Teve ele um procedimento.

Imprudente e tão errado.

Dormiu em cima do telhado.

Ele acordou atarantado.

Caiu! Na hora ficou morto.

Vindouro foi revelado.

Por minha mãe após beber

O sangue do sacrifício

Neste lugar pude ver,

Meus amigos e soldados.

São sombras no precipício.

Aquiles, filho de Peleu

Parecia inconsolável,

Tirar vidas foi seu ofício

Assim, também foi o meu!

Pés ligeiros, o louvável,

Disse tudo que sentia:”

“Escuta minha agonia

Bem mais feliz eu seria,

Vivo, pobre e desprezível.”

“Também vi naquele dia

Rei Agamenon de Micenas

Foi assassinado a traição

Pela mulher. Quem diria!

Mais falsa que a tal da Helena.

Vil esposa do seu irmão

Menelau, corno de Esparta.”

O horror estava por vir.

Antes que nosso herói parta

Terá dor. Desilusão!

Sem ninguém para acudir.

Odisseu continua preso,

Não se sente no seu lar.

No coração têm um peso.

Daquela ilha ele quer ir.

Calipso quer só agradar

Seu amor, de várias maneiras.

O herói não têm visitado

A gruta. A ninfa do mar

Será a eterna companheira?

“Que caminho amargurado

Navegar! Cila e Caríbidis

São parte do meu destino.

Os marinhos monstros vis.

Nos deixam apavorados.

Depois, castigo divino

Para os homens. Desatino!

Comeram gado sagrado.

O deus sol clamou vingança.

Teve fim nossa esperança.

Meu navio naufragado.

Zeus manda raios, trovões.

E morreu a tripulação.

Com minhas divagações,

Vaguei no mar desolado.”

Sete anos na ilha prisão.

Saudade no coração,

Do filho, da esposa e de Ítaca.

Na praia ele pranteava.

E Calipso o consolava:

“Do meu lado a vida é rica

Pra sempre comigo ficas

Desta ilha seja o rei eterno

Não conhecerás a morte,

Seu passado, não se importe.

Se fores verás o inferno,

Que virou o solo materno.

Daqui não sai. Você é meu!”

“Tu podes prender meu corpo.

Minha alma é de um homem morto.”

No monte perto do céu,

Os deuses olimpianos.

Presentes na reunião

Quase todos, naquele ano,

Bebiam o eterno mel.

Não havia confusão.

Deus do mar naquele dia

Viajou até a Etiópia.

Deusa da sabedoria

Fez sua reclamação.

Bebendo sua ambrosia

Atena disse, clamou:

“Zeus, pai, escuta eu, sua filha

Nesta festa, neste dia.

Poseidon mortificou

Odisseu, rei da Ítaca ilha.

Não pode ser seu destino

Viver com Calipso preso.

Acabe esse desatino.

Devolva Odisseu a família!”

Zeus disse: “Não haverá desprezo,

Minha filha, o seu apelo.

Usarei a sabedoria.

Já é hora de quebrar esse elo.

O mortal voltará ileso.

Hermes, vá até a ilha Ogígia,

E diga a ninfa do mar,

Tudo, que, vou-lhe ordenar.

Ela deve libertar.

O rei vai voltar a pátria.”

A beira-mar, rei foi chorar.

Na gruta, ninfa a pensar.

Veio a divina visita

De Hermes, o deus mensageiro,

Então, ele falou primeiro:

“Ninfa da vida infinita

Escuta esse meu recado,

Pai dos deuses manda está ordem

Liberta seu cativado

Agora.” Ela ficou aflita:

“Aquele homem tenho amado.

Meu amor, deuses, é invejado.

O rei de Ítaca, Odisseu é meu.

Cruéis! Mas, fui eu que o salvei

Da morte. Eu o alimentei.

Não vou contrariar Zeus.

Vou já, levo aviso seu.

Está na praia a chorar

Vai embora! Aguento essa dor.

Basta! Chega de clamor.

Meu amor têm que viajar

Para casa vai voltar.

Fazer uma embarcação

Juntos. Tu têm que partir.

Ordem dos deuses cumprir.”

O nobre enche o coração

De alegria e esperança.

Acabou o papo furado!

Essa nau têm segurança?

Pronta pra navegação...

Na despedida do amado

Teve um beijo derradeiro.

Muitas lágrimas no olhar,

Era seu amor verdadeiro.

Ele então partiu calado.

Pra no futuro encontrar

A esposa, o filho crescido.

Findou Odisseia. Aventura

Eterna! E versos cantados

Pra poema embelezar.

Todas elas têm ternura,

A alma uma inquietação

Calipso chorou calada,

Teve ela uma sensação,

De ser nova criatura.

Ela agora estava grávida,

Não mais sozinha, isolada!

Tudo bem na gestação.

Ela deu a luz um menino

Tão forte e pequenino.

Que cresceu e virou um varão.

Porém, tinha uma questão:

“Mãe! Mamãe… Quem é meu pai?”

Contou ela toda a verdade,

De novo dor e saudade.

Como folha que cai

E o vento que vêm e vai.

O filho homem quis partir.

Na despedida outra dor.

Busca do progenitor.

Viu no horizonte sumir.

Teve medo do porvir.

No mar deste viajante.

Como o pai tinha coragem.

Fez bem tranquila viagem.

A ilha não era mais como antes.

Tinha Ítaca outro reinado.

Seu irmão, agora, rei Telêmaco.

Tudo ali havia mudado.

Era o novo governante.

Desde a chegada do barco.

O jovem foi bem tratado.

Pela rainha recebido.

Odisseu morto, enterrado,

Viu do pai o famoso arco.

O rapaz ficou ferido.

Não conheceu o genitor.

Viveu como convidado

No palácio. Achou amor.

Da jovem que diz: “Querido,

Estamos apaixonados,

Filhos depois de casados.”

Nasceu bebê abençoado.

Como tudo têm seu tempo.

Quando o casal teve atempo.

Navegaram mar salgado.

Calipso ia conhecer,

Amado neto primeiro.

Ficou feliz poder ver.

Menino havia voltado.

Filho do amor verdadeiro.

Discursando ele disse:

“Mãe seu neto nasceu cego,

Não tenho mágoa e tolice,

Sacrifico este cordeiro.

Aos nossos deuses, não nego,

Nasceu um poeta grego,

Que viverá com esmero.

O povo será lembrado,

Em cada verso rimado.

Meu filho se chama Homero.”

TEMA: ILHAS

Referências: Ilíada e Odisseia

Telly S M
Enviado por Telly S M em 29/02/2024
Código do texto: T8009806
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