O CORVO MALDITO 🐦
Vai negra ave assim maldita,
Lança-te tuas asas sobre minha sina,
Teu gracejar é a palavra dita,
Nestes olhos mórbidos dessa menina
Não morra meu anjinho com luz,
Que eu açoitarei esta criatura,
Farei essa ave carregar a tua cruz
Levando-te para tua sepultura
Maldito! Nem ao leito com a morte,
Tem sequer a fúnebre emoção,
Plaina-te que terá tal diabólica sorte,
Haver-se-á para ti, esta solidão
Vejo minha criança desfalecendo,
Seu olhar perdendo o viço,
E a diabólica ave se contorcendo
Dela sugar esse último riso!
Um último suspiro assim se gemeu,
Quando o corvo debatia
Lágrima ardente pela face escorreu,
Na asa que ao voo abria
A voz das trevas ecoava pela sala,
No gralhar do preto estorvo,
Matei-o e enterrei-o em uma vala
O agouro infernal: o corvo