A Família

PREFÁCIO

Sempre fui um cara louco pelo sobrenatural, tanto que ao entrar em minha conta da NETFLIX, a maioria dos filmes vistos e indicados para mim, são de terror ou suspense, meu YouTube? Só páginas de terror, mas, na sua grande maioria, as que falam dos seres amaldiçoados pela lua cheia, tanto que espero que um dia algum deles contem algo sobre alguma aventura minha ou encontro com um exemplar licantropo.

Por ter esse hábito meio Nerd de ler livros e ver muitos filmes, meu círculo de amizade é composto por pessoas iguais a mim, meu amigo de infância Júlio e minha namorada Lúcia. Equipe sempre pronta para achar novidades sobre o tema e foi Lúcia que me ligou empolgada numa quinta a tarde, para me contar sobre uma notícia que ela havia visto na TV, sobre um caminhoneiro que quase perdeu a vida ao encontrar um Monstro em uma de sua viagens e foi aí que a tal aventura se iniciou, infelizmente...

CAPÍTULO I

Nos encontramos no mesmo barzinho de sempre, na mesma hora de sempre. Fui o primeiro a chegar, pois, com o entusiasmo que Lúcia havia me contado um pouco da estória, vi que algo ali merecia ser investigado, já que de nós três, ela, Lúcia, era a mais centrada, era quem nos puxava para terra quando começavamos a imaginar nossas loucuras. Em pouco tempo todos já estávamos reunidos e um resumo do acontecido foi passado, pois, pelo que ela entendeu, o caminhoneiro ao retornar uma viagem a trabalho, numa região meio deserta na cidade de Crateus do Norte/BA, foi perseguido por um animal que ele jura que não era deste mundo e que só sobreviveu, porque sempre andou armado e conseguiu por sorte acertar a cabeça da fera. Eu e Júlio absorvemos cada palavra daquele relato como um uma pessoa no deserto absorve um copo d’água e no final de toda a sua explanação o veredito foi tomado, iríamos para Bahia e lá iríamos procurar o tal caminhoneiro. Sempre fui um cara seguro, mesmo com minha imaginação sobre encontros com feras e seres folclóricos, sempre me considerei racional, avaliava os prós e os contras, evitava fazer bobagens, pois, haviam pessoas que dependiam da minha “vitória”, mas, dessa vez, só dessa vez, deixei o impulso falar por mim, não refletir, não ponderei, apenas agi com a vontade da minha criança interior que queria saber se essa maldição realmente existe e meu Deus, foi a maior estupidez da minha vida.

CAPÍTULO II

Marcamos para iniciar a viagem logo cedo, aproveitei o embalo e já convidei Lúcia para dormir lá em casa, usando a desculpa de que sairíamos cedo e ficaria mais lógico ela dormir em minha casa, para não ser necessário ter que ir até a casa dela para busca-lá, seria essa a nossa última noite de amor. Cedo Júlio já estava na porta do meu prédio me ligando e partimos para o desconhecido . A viagem demoraria um pouco, abastecemos o tanque até o “talo”, para ter nenhum contratempo, em uma hora da viagem a paisagem era bem vazia e triste, mas, com a nossa empolgação, conversas, planos e etc... quando percebemos, vimos que já estávamos chegando na cidade e percebemos que com certeza Judas havia passado ali e perdido suas botas e a primeira preocupação que bateu foi, onde iríamos nos acomodar, já que parecia que ali malmente tinham habitantes, imagine hotéis ou pousadas. Ficaram um bom tempo pensando em como sair daquela situação, até que observaram que tinha um boteco do outro lado da rua e como boteco é sinal de troca de bate papo, por que não tentar obter informações de como se acomodar e alimentar naquele fim de mundo?

Ao chegar no recinto, perceberam que na sua maioria os clientes eram velhos e mal encarados, já o dono do Bar(deveria ser pelo menos), pois, estava na parte interna do balcão) parecia ser amigável e foi com ele que tentamos uma aproximação. Pedimos uma bebida, perguntamos se havia algo para comer e onde poderíamos encontrar um lugar para dormir, conseguimos ajuda para nossas três primeiras solicitações e empolgados fomos para a quarta e mais importante das perguntas: Se ele conhecia o tal caminhoneiro que passou sufoco com um monstro por esses dias? Ao ouvir a pergunta o homem riu e perguntou se realmente acreditávamos nessas coisas, ao confirmar e informar que esse era o motivo da nossa viagem o homem mudou o semblante, perguntou se tínhamos tempo para ouvir uma pequena estória, o que prontamente dissemos que sim e então ele iniciou: Esse homem que vocês procuram é o Orlando, meu irmão caçula, ele era caminhoneiro, sempre teve vontade de seguir essa carreira, já que nosso pai tinha sido. Entrou para a profissão aos 27 anos e desde então, rodou quase todo país levando e trazendo produtos e foi em uma dessas entregas que quase ele não sai vivo, então ele começou: “Pelo que ele me contou, tinha uma entrega para aqui perto um lugar chamado Serra da Lua, a entrega de umas madeiras, por ser viagem curta, ele quase não aceita, porém, por conhecer o dono da remessa e ter combinado um preço atrativo, ele acabou aceitando, porém, no meio do acerto houve um pedido meio estranho da parte da pessoa que iria receber, que a entrega deveria ser realizada até às 15h, o motivo não foi bem explicado, mas, foi bem ressaltado e mesmo com essa pulga atrás da orelha, lá foi ele se guiando pelo GPS, já que mesmo sendo uma localidade próxima, nunca havia estado lá e tinha conhecimento que era um lugar pouco visitado com quase nenhuma casa e só com algumas empresas.

Acreditando na tecnologia ele foi seguindo o que o GPS mandava, havia iniciado a viagem uma hora antes do combinado já para não ter nenhum contratempo, já que não conhecia o caminho, só que tem dias que parecem noites e após algum tempo rodando naquelas estradas vazias, percebeu que algo errado não estava certo, pois, verificou que passou duas vezes pelo mesmo ponto de ônibus com uma propaganda de um famoso refrigerante de cor vermelha, parou o caminhão, aguardou para ver se alguém passava para tomar uma informação, olhou para o relógio e viu que ja era 14h50min, resolveu subir no caminhão e arriscar a sorte e foi nesse momento ao ligar a ignição, viu um velho em uma carroça, coração palpitou, talvez desse tempo para realizar a entrega que ele já pensava em desistir de fazer, desligou novamente o possante, aguardou o idoso se aproximar e procurou informações onde ficava a madeireira, o velho disse q ele estava a menos de 5km da empresa, que só era seguir reto, pegar a primeira direita, depois 2 esquerdas e novamente uma direita e estava na porta dela. Com um novo ânimo ele seguiu e seguindo a orientação do velho, chegou às 15h45min, a portaria não queria receber, os peões não queriam descarregar, se olhavam com surpresa por uma entrega ter chegado aquele horário, depois de muito insistir e mesmo com a promessa de uma folga e hora extra, apenas 3 empregados aceitaram ficar para descarregar, Orlando ficou encafifado com a situação, sem entender o porque dessa agonia com horários e percebeu que às 17h em ponto os outros empregados largaram o serviço e ficou sabendo que os que ficaram ainda fizeram um acerto para dormirem na empresa, portanto, com a quantidade reduzida de pessoas para descarregar, ele mesmo teve que ajudar e o serviço só terminou às 18h30min, ao se aprontar para pegar a estrada para a volta, foi interpelado pelo segurança se não era melhor ele passar a noite ali, pois, a estrada àquela hora era mal iluminada e para quem não a conhecia, tinha grande possibilidade que se perdesse. Orlando sempre foi destemido, típico de filho caçula e não seria uma estrada deserta e escura que o faria pernoitar longe de casa, antes de cruzar o portão da empresa foi perguntado a ele se ele teria alguma arma no caminhão, ele afirmou que sim que não se preocupassem, mostrou o 38 que pertenceu ao nosso pai e mais uma vez ficou intrigado com o olhar de aflição e de que algo não tinha sido dito pelos seguranças daquele lugar, mas, ele já estava acostumado com a estrada, virou a primeira esquerda, depois duas direitas, seguiu por mais um tempo e parou, direita ou esquerda, aquela ajuda no descarregamento, aqueles olhares, a confusão por causa do horário, tudo isso tirou sua atenção e o fez esquecer a orientação do velho, tudo ao seu redor era só era silêncio e escuridão e a lua tava lá no alto, ficou rindo por algum tempo de como aquele dia estava sendo atípico, uni duni tê e escolheu a direita e seguiu para a maior aventura da sua vida, aquela que lhe custaria tudo.

Após quase meia hora de estrada, ele percebeu que aquele ponto de ônibus, com aquela propaganda daquele refrigerante, ainda não tinha aparecido, verificou o relógio, a estrada o cèu, agradeceu aquela cheia que deixava o caminho mais claro(se ele soubesse o que ela significava) porque postes de iluminação? Nem pensar! Resolveu parar e tentar se situar, desceu do veículo e rezou para ter a mesma sorte de mais cedo e encontrar alguém para tomar uma orientação, foi nesse momento que de ao longe ouviu um uivo que parecia mais um lamento, pensou em como poderia ter cachorro naquele local já que não havia casas, mas, esse pensamento logo se dissipou, haviam coisas mais importantes com quê se preocupar, aproveitou para verificar a situação do caminhão já que, a carga pesada e aquela estrada que percebiasse que há tempos não haviam realizado nenhum tipo melhorias, poderiam ter causado algum dano, foi quando novamente ouviu um som, mas, desta vez não foi um uivo e sim um urro, um urro de algo grande e que dessa vez, já não estava tão distante, agora tudo que antes parecia importante perdeu lugar para uma única urgência, achar o caminho que o tirasse dali e que o afastasse daquela coisa, entrou no caminhão, fez uma pequena oração e pediu que São Cristovão seu padrinho, o guiasse.

Após aquela peqena oração, algo acendeu e sua mente e percebeu que a escolha da estrada da direita foi a escolha errada, fez a volta, já havia esquecido os uivos e urros, pois, a sensação de que tudo daria certo o havia acalmado, chegou na interseção e pegou dessa vez a esquerda e olhando para o lado de fora, notou que as paisagens dessa vez eram conhecidas e ao passar pela ponto de ônibus, a certeza o relaxou, porém, algo destoava, pois, do seu lado direito algo parecia vim acompanhando seu caminhão, ele ficou na dúvida se estava enxergando aquilo mesmo, mas, dava para ver algumas partes da vegetação baixando, olhou o velocímetro e estava a 40km/h, achou meio estranho algo conseguir acompanha-lo nessa velocidade e ainda estando dentro de um matagal, resolveu acelerar e percebeu que nada mudou e um frio que veio não sei de onde gelou seu corpo, pois, na verdade a sensação de está sendo seguido se iniciou logo no inicio da tomada de decisão de pegar a estrada da esquerda quando retornou à interseção, portanto, aquilo ja o vinha seguindo a pelo menos 20min e não demonstrava cansaço e foi nesse momento que sentiu uma porrada no lado do banco do passageiro que conseguiu desestabilizar o caminhão, ele acelerou ainda mais, só que mais a frente havia uma curva um pouco fechada que quando foi lembrada por ele, já estava encima, so dando tempo para reduzir a marcha e para não cair em barranco jogou para acostamento, invadindo uma terreno, derrubando cercas e parando. Orlando ficou um tempo sem entender o que estava acontecendo, mas, o instinto fez com que seu primeiro ato após voltar a realidade foi procurar o .38 no porta luvas, no mesmo momento que um braço peludo e longo quebrou a janela do caminhão, o puxando para o lado de fora, por muita sorte, mesmo com aquele susto ele não largou a arma, foi lançado contra um tronco de árvore e ao se chocar lutou pra não perder os sentidos, se manteve consciente, porém, se arrependeu, talvez desacordado sua possível morte fosse algo rápido e ele não teria consciência do que o mataria, pois, a figura que estava a sua frente era algo que ele nunca imaginou que pudesse existir e era o prenúncio de uma morte violenta e que talvez seu corpo nunca fosse encontrado, ,pelo menos inteiro com certeza não. O que ele via se aproximando era um ser grande e abrutalhado, pêlos por todo o corpo, boca rasgada de onde saíam presas maiores que os dedos de uma mão, braços longos e musculosos que terminavam em garras tão grandes quanto seus “dentes”, aquilo parecia querer brincar com ele, pois se aproximava e depois cessava sua aproximação, parecia saborear o horror que sua vítima demonstrava está sentindo, porém, aquela seria uma vítima diferente e quando a tomada de decisão da fera de atacar foi posta em prática, um estampido seco e um clarão fez com que aquilo urrava de dor, pois, aquele .38 com munições reforçadas era um trunfo que a fera não esperava e a receber aquele disparo na lateral da sua “Cara”, o fez retroceder e sair arrancando cercas e urrando de dor, deixando um Orlando no chão, agradecendo a agora a todos os Santos e decidindo encerrar sua vida de caminhoneiro”.

Ao término daquele relato, nos olhamos, o dono do Bar sorriu e disse: “espero que tenham se contentado e tomado juízo, nem sempre as coisas acabam do jeito que planejamos, vocês são jovens, amanhã tem ônibus partindo para outros canos, terminem sua férias em outro!”, agradecemos, pagamos e consumimos e voltamos para o carro, entramos, nos olhamos por alguns segundos tentando absorver tudo aquilo que nos foi contado, procurei o GPS e mentalmente acho que todos pensaram “que se exploda!”, pois, quase em tom uníssono falamos: Coloca Serra da Lua ai!. E apenas um voltaria desse lugar.

CAPÍTULO III

As palavras do dono Bar, não saiam das nossas cabeças, tanto que a viagem se iniciou e por um bom tempo continuou no mais absoluto silêncio, na minha mente em podia criar um filme com todo aquele relato e não pergunte porque, eu sentia um pouco de inveja de Orlando, viver uma aventura daquelas poder dizer que teve um encontro com aquele “Ser” e ainda, conseguir sair vivo, com certeza era algo destinado a poucos. Lúcia era a única que demonstrava um pouco de desconfiança e também um certo desânimo ao perceber que após quase uma hora de viagem não tínhamos chegado a lugar nenhum e foi ela que me alertou para isso. Um misto de emoção e apreensão me tomou ao perceber que a estória poderia estar se repetindo, pois, após ser avisado de que ainda não havíamos chegado a lugar algum, percebi que mais a frente existia uma parada de ônibus, parei o carro em frente a ela e com uma sensação de “Dejavu”, vi que algo estava se repetindo. Mostrei aos meus companheiros de viagem a coincidência que estava acontecendo conosco e falei que agora só faltava agora o velho aparecer, rimos, porém, olhamos ao redor, vai que...! Tentamos colocar a mente em estado de calma, achar um meio de pelo menos se conseguíssemos prosseguir, tentar voltar a cidade, foi aí que Júlio, lembrou da informação que o velho deu e seguindo o que a lembrança de Júlio dizia, fomos em frente, para nunca mais sermos os mesmos.

A sensação de que estávamos no caminho certo nos deixou desatentos, tanto que : não percebemos o ponteiro do combustível descendo e a tarde findando, mas, como sempre Lúcia a mais sensata dos três nos trouxe a realidade de que já havia um certo tempo que não passávamos por nenhuma casa, pessoa e muito menos um posto de gasolina, foi nesse momento que percebemos que nossa aventura tendia para um roteiro de problemas, pois o carro deu os primeiros sinais que não tinha mais a energia vital para continuar se movimentando, olhei para o relógio e já era 17h da tarde. Encostei no acostamento, olhei para os meus amigos com um sentimento de culpa por tê-los colocados naquela enrascada e tentei manter a calma para ver achava uma saída antes que o pânico se instalasse e foi nesse momento que ao longe vi uma pessoa montada em um cavalo vindo vagarosamente, percebi que se tratava de o senhor de idade que ao chegar próximo de nós, perguntou o que fazíamos naquele local, responde que estávamos perdidos, que erámos estudantes e que estávamos fazendo uma pesquisa para faculdade sobre o Folclore local, o velho nos olhou desconfiado, disse que ali era um lugar perigoso e que logo anoiteceria e as coisas se complicariam ainda mais, pois, ai com certeza não teria nenhuma alma viva que rondasse por aqueles lados quando a noite caia, Lúcia tomou a frente da conversa e perguntou se ele não teria um telefone ou celular que pudéssemos usar, o homem nos olhou de uma maneira taciturna e disse que não tinha nenhuma das opções, Lúcia então perguntou se não poderíamos passar a noite na sua casa, já que parecia ser tão perigoso passar a noite naquela estrada e que logo pela manhã daríamos um jeito de procurar ajuda e usando o mesmo olhar da primeira pergunta disse que não seria uma boa ideia, pois, morava numa casa pobre sem conforto e notava-se que erámos jovens de famílias ricas o que todos discordaram e dissemos que seria muita bondade e que ficaríamos imensamente agradecidos com tal gentileza, mesmo notando insatisfação ele acabou concordando e fomos seguindo ele. Andamos por cerca de 15 minutos e enfim chegamos na frente de uma cerca com um portão de madeira que levava até uma casinha, o velho desceu da sua montaria abriu o portão, nos convidou a entrar e esperar que ele fosse acomodar seu cavalo e ao retornar nos convidou para entrar na sua casa que mesmo simples era confortável e tinham outros moradores, uma jovem que deveria ter seus 19 anos e um jovem que não tinha mais que 14 anos que ao nos ver, correram para o quarto, seu pai demonstrando insatisfação com tal atitude os fez retornarem para falar conosco, realizado o primeiro contato vimos que se tratavam de jovens normais, apenas desacostumados com contato com outras pessoas, a noite veio caindo devagar, o velho avisou que precisava sair para ir na casa de farinha e que passaria a noite lá para no outro dia retornar a cidade para vender o que foi produzido, pediu que a filha fizesse algo para podermos comer e que depois fosse com seu irmão ajuda-lo, antes de sair conferiu a porta de uma quarto que se encontrava fechado com uma porta reforçada e com várias trancas e saiu.

A noite se aproximou devagar, a intimidade já se fazia presente entre todos da casa, mas, algo estava no ar e esse algo se chamava curiosidade e incomodação, sentimentos vindos todos de Lúcia, não sei se era o jeito que ela achava que Claudia a filha do velho olhava pra mim, se era o jeito que o garoto olhava para todos nós ou se era os barulhos que vinham do quarto e os dois tentavam fingir que não estavam ouvindo, uma linda lua grande e amarela surgiu o céu, lembro que o irmão mais novo perguntou a Claudia se já não era hora de irem ajudar seu pai e notei que ela com um olhar malicioso, respondeu que seu pai já estava velho não sabia das coisas, aquilo me deixou sem entender o que ela estaria querendo dizer, foi quando Júlio iniciou a conversa que nos levaria ao nosso pior pesadelo.

CAPITULO IV

Lembram daquela cena do filme Um Lobisomem Americano em Londres? Onde Jack do nada interrompe a risada de todos e pergunta sobre o Pentagrama? Pois, me senti dentro dela, quando Júlio interrompeu a conversa dos irmãos e perguntou por que eles moravam tão distante de qualquer ser humano, mesmo tendo a Lenda de que algo monstruoso circulava naquelas terras, os irmãos se olharam e não sei se foi impressão minha, mas, eles ensaiaram um sorriso e então a Moça começou: Nascemos aqui, eu e meus 2 irmãos, aqui sempre foi uma área deserta, boa para caça, mas, deserta, os vizinhos mais próximos moravam a quase 4km de distância, aprendemos a viver sozinhos. Nossos pais sempre foram pessoas boas, nossa mãe dona de casa e nosso pai, caçador, pescador, mascate, ele fazia de um tudo para sustentar nossa família, porém, um dia algo mudou nele, ele saiu para caçar e passou 2 dias sumido, quando apareceu, estava muito ferido e sujo, disse tinha sido atacado por um cachorro enorme, que só escapou por que na correria, caiu num buraco e por se tratar de um buraco estreito, o bicho ainda tentou alcança-lo, mas, não conseguiu e lá ficou sem conseguir sair, mas, percebeu que o cachorro a noite, vinha verificar se ele ainda estava lá e só se afastava quando o dia estava clareando, depois de muito tentar conseguiu escapar daquele lugar. Depois disso nosso Pai, se tornou alguém triste, calado e em algumas noites, ele saia a noite e só voltava pela manhã. Eu olhei para Lúcia e percebi que ela também não estava gostando do rumo daquela conversa, já Júlio, nem piscava os olhos de tanta atenção e a Moça continuou: Uma noite, minha mãe desconfiada que nosso pai estava tendo um caso, foi atrás dele, pedindo que nosso irmão mais velho tomasse conta de nós nesse intervalo, lembro que acordei com os gritos dela, pedindo para que nos trancassemos no quarto e indo pegar a espingarda do nosso pai, foi quando algo invadiu nossa casa, derrubando a porta da frente. Do quarto não dávamos para saber o que acontecia, mas, acho que no meio daquela gritaria ouvi o nome do meu pai, depois só urros e mais gritos e o silêncio, nosso irmão mais velho no desespero abriu a porta do quarto segurando um velho facão e partiu até a sala, ouvi os gritos dele e algo sendo jogado sobre a estante da sala. Agora só era eu e meu irmão caçula e abraçado com ele, olhando para a entrada do quarto, vimos aquele cachorrão preto vindo em nossa direção, fechei os olhos e pedi para meu irmão fechar também e disse que quando abríssemos novamente aquilo teria sumido(coisa de criança) senti o cheiro e o focinho encostado na gente e finalmente uma dor lancinante e o depois o choro do meu irmão, aquilo havia nos mordido, uma mordida que quase arrancou um pedaço do meu ombro e a batata da perna de meu irmão, mas, após isso se afastou. A dor que sentimos foi tanta que desmaiamos e só acordamos no outro dia e vimos o rosto do nosso pai, com uma tristeza nunca vista e foi nesse momento que descobriríamos que nossa “Família” não seria mais a mesma.

Lúcia me olhava já com lágrimas nos olhos, pois, sentia que aquilo não terminaria bem, eu já planejava um modo de sair daquela casa, pois, o desfecho daquele relato com certeza iria descambar para algo que eu não estaria pronto para ouvir e Claudia se aproximando da janela e olhando para o lado de fora continuou: Nosso pai não havia contado toda estória, ele omitiu que chegou a ser atacado e mordido, sangrou tanto que achou que iria morrer, porém, no outro dia, a ferida praticamente havia sarado, apenas se sentia um pouco desnorteado e sonolento, praticamente neste dia, dormiu o dia todo, ao acordar, percebeu que a ferida estava totalmente curada, já era noite e sentiu o cheiro da fera e que ela rodeava o buraco em que ele estava, só que ela também conseguia perceber os outros barulhos da mata, até mesmo os carros passando na estrada e pelo que vocês notaram que nossa casa fica afastada, ele nos contou que houve uma hora que a fera colocou aquela cara feia na frente do buraco e ele notou que ao encara-lo, o bicho recuou, uivou, urinou na entrada do buraco e saiu correndo e naquele momento, nosso pai entendeu que o bicho havia o reconhecido como um intruso em suas terras, um rival, urinou demarcando território e uivou demonstrando ser o alfa, ele nos contou também que ao voltar para casa, pensou em ir embora, mas, por saber que nós não teríamos quem cuidasse da gente, articulou o plano de toda noite de Lua cheia, se acorrentar no pequeno celeiro que temos. Neste momento ouvimos um urro, olhei para Júlio e ele estava com um olhar meio maluco, como se estivesse adorando aquilo tudo, Claudia notando isso, olhou para ele e disse: sim, esse é o nosso pai! Ele diferente da gente, sempre teve medo de ferir as pessoas, nossa mãe foi a única que ele matou com “gosto”, pois, após ser infectado pela mordida do lobisomem, sentiu o cheiro de um dos nossos vizinhos (que também não está mais nesse mundo!), descobrindo a traição da nossa mãe. O amor de pai o fez nos poupar, o caráter dele o faz se acorrentar, mas, para nós, os seres humanos são gados, principalmente depois que um caminhoneiro quase mata nosso irmão mais velho e olhou para o quarto que estava trancado e nesse momento percebi que gemidos vinham de lá, olhei ao redor e vi que o irmão mais novo já não estava dentro de casa e os olhos de Claudia já estavam com uma cor diferente.

Explicar aquilo que estava acontecendo em nossa frente é difícil de descrever, mas, tentarei: Os espasmos parecem uma convulsão, no rosto as primeiras mudanças que acontecem, são principalmente motivadas pela dor, pois, é perceptível que o sofrimento de quem sofre com essa maldição é inominável, talvez por isso, haja tanta fúria quando o processo está terminado e a fera já se faz presente, os músculos, são reorganizados sob a pele, sempre me perguntei por que nos filmes, quem assiste a transformação permanece parado, feito um idiota, mas te digo, não tem como ter alguma reação, principalmente quando os osso da face começam a se alongar e o maxilar expande para receber aqueles dentes, ou quando os braços antes de uma garota, se transformar em braços de um fisiculturista e a cereja do bolo são os pelos e então uma adolescente se transforma numa enorme Besta, que em câmera lenta virou em nossa direção e sorriu, por que com certeza aquilo era um sorriso, mas, neste momento também notei um olhar de surpresa naquilo e foi quando ouvi um disparo, eu e Lúcia nos jogamos no chão e procuramos Júlio e vimos que ele continuava em pé segurando uma arma, olhou para gente e disse: Vocês não acharam que eu viria para cá sem uma proteção e olhou para a pistola que segurava e continuou: quase 3mil reais em prata mais 5mil da pistola, acho que valeram a pena! “Agora levantem e vamos matar o resto desses filhos de rapariga!

Eu no primeiro momento não entendi o que estava acontecendo, o Cara tinha acabado de ver a coisa mais horrível do mundo e estava sorrindo e procurando graça, que “Diabos” tinha a ver aquela conversa de prata e de onde ele arrumou aquela arma, enquanto minha viajava nas perguntas, fui trazido a realidade por Lúcia que apontava para o local onde estava aquela fera abominável e me voltar para olhar, vi que toda aquela robustez e força, agora, golfava bolhas de sangue e voltava a forma da garota, que ainda conseguiu perguntar “ como era possível”, ao que Júlio respondeu: Realmente a falta de contato humano e com tecnologia os privaram de conhecer sua própria espécie , não sabendo que suas fraquezas, sei que todos me acham “Aluado” e irresponsável, porém, não duvidam procurei me prevenir, mandando confeccionar 12 balas de prata cal .45, não há lupino que resista, Claudia já dando seus últimos espasmos disse que ainda não havia acabado. Nos recobramos do susto e agora com aquela vantagem nas mãos, tentávamos bolar uma saída daquela situação, foi quando Lúcia lembrou do quarto trancado e todos, nos voltamos para lá e notamos que agora, nenhum som vinha de lá. Júlio como sempre afoito foi correndo, parou em frente a porta e com uma pesada a derrubou e o horror que achei que só poderia está acabando, já que matamos uma daquelas feras se multiplicou, pois, o que vimos foi um ser maior do que o que tínhamos acabado de matar, porém, estava acorrentado e sua cara era deformada, metade do seu rosto era uma mistura de pelos e ossos, tornando algo horrível numa coisa mais grotesca ainda e foi aí que percebemos que aquela deveria ser a fera que atacou o caminhoneiro e que levou o tiro na cabeça e diferente da sua irmã, ele continuou passivo, parecendo aceitar o seu destino, tanto que praticamente Júlio encostou a arma em seu crânio e disparou e foi nesse momento que da sala ouvimos um arrebentar de porta de um urro, que de todos se mostrou o mais aterrorizante e cheio de ódio e já sabíamos que se tratava do irmão caçula.

Aquela nova criatura demonstrava uma fúria tão grande, que mesmo com a arma garantindo uma certa proteção, Júlio demonstrou medo dessa vez, fechamos a porta do quarto que era o local mais seguro naquele momento, já que se trava de um local onde um dos lobisomens era praticamente aprisionado e mesmo a porta ter sido arrombada por Júlio, demonstrava ser bem forte e na parte de dentro, havia várias trancas e uma grade, fechamos tudo e nos preparamos para o que seria o embate mais difícil, foi quando outra surpresa se fez presente, pois, com nossa atenção voltada para o lobisomem que tentava arrombar a porta à nossa frente, esquecemos da janela e do lobisomem que havia dado origem a todo aquele horror, “O velho”!

Não deu tempo para nada, só ouvimos a parede explodir e uma Besta, maior do que todas as que já havíamos visto e poderíamos imaginar, estava dentro do quarto com o susto Júlio deixou a arma cair no chão, eu fui atingido por alguns pedaços de parede e perdi a consciência e Lúcia não conseguiu esboçar nenhuma reação e mesmo vendo que a fera tinha voltado suas atenções para ela, ela mesmo assim não conseguiu se mover, apenas fechou os olhos e esperou aquelas garras imensas que vinham na sua direção, agarrá-la e levá-la para fora do quarto, seus gritos de desespero foi a única reação que conseguiu esboçar, o choro e olhar de tristeza ao perceber que seus possíveis salvadores, um estava paralisado num dos canto do quarto e outro desmaiado e então ela se foi. Após segundos que segundos que pareceram horas, Júlio voltou a realidade e veio em meu socorro e me acordou, procurei por Júlia e vi que ela não estava ali, foi quando toda a frustração e desespero veio à tona e foi toda destinada ao meu amigo, perguntei por que ele não havia reagido, porque não usou a arma e foi no meio de uma dessa cachoeira de perguntas e ofensas que vi uma mão enorme e peluda surgir quebrando a porta e agarrando o pescoço do meu melhor amigo, que como estava confuso com aquele festival de acusações não teve reação e acho que também se culpava, pois, o único som que saiu da boca não foi um grito, pedido de ajuda ou choro e sim um pedido de Desculpa e seu pescoço foi quebrado e foi quando tudo mudou, pois, percebi que minha salvação e a de Lúcia iria depender de mim, corri, peguei a arma e pelo mesmo buraco que aquele braço monstruoso entrou 02 projéteis saíram, acertando aquela besta na cabeça e ironicamente no pescoço, uivos e golfadas de sangue saiam daquela coisa, nunca havia atirado em nada, nunca havia visto algo morrer na minha frente e hoje já tinha acontecido as duas situações, só que essa morte eu queria saborear, abri a porta e fiquei em silêncio vendo aquilo se contorcer e retornar a forma de um garoto de 14 anos.

Fiquei um tempo assistindo aquela cena, o corpo diminuindo, os pelos descolando do corpo, os ossos do rosto voltando aos seus lugares e mesmo aquele ser estivesse praticamente morto, percebia que ele estava sentindo dor. Perdi um certo tempo naquela transformação e só fui despertado quando ao longe ouvi o grito de Lúcia, sai desesperado para tentar ajuda-la me guiando pelos gritos de desespero que em tempos ela soltava, preparando meu espírito para o que poderia encontrar e o que encontrei foi um corpo mutilado que parece ter sido deixado com uma gota de vida só para me martirizar, tentei dizer que tudo ficaria bem, mas, ela me olhou como se já soubesse que daquela noite e daquele lugar ela não iria sair viva, ajeitei ela em um canto mais confortável e disse que iria procurar ajuda e mesmo com seus pedidos para que eu me salvasse, sai à procura de alguém ou algo que pudesse ajudar minha namorada. Mesmo com o medo de encontrar a última fera, a que parecia ser a mais astuta e forte, disparei em direção à estrada, porém, com o desespero, o cansaço e o não conhecimento do local, logo percebi que havia me perdido, olhei para o relógio já eram 3h da manhã, me assustei como o tempo havia passado rápido e como tanta coisa aconteceu e mudaram nossas vidas para sempre, no mesmo perdi meu melhor amigo e poderia perder minha namorada, a vontade de prosseguir e tentar achar ajuda para Lúcia me motivou ainda por algum tempo, mas, o sono me venceu no exato momento em que parei para relaxar e tentar me localizar no meio daquela serra escura e me deixou quando ao longe escutei alguém chamar meu nome, olhei p o relógio novamente já eram 11h da manhã, me impressionou não ter sido atacado pelo lobisomem e mais ainda ter reconhecido aquela voz, pois, quem me chamava era Lúcia.

Meu primeiro instinto foi levantar e responder seu chamado, mas, uma voz lá dentro da minha cabeça, aquela que às vezes aparece para te dar um conselho, sussurrou – Não era para ela está morta? E meu sangue gelou! O que estava acontecendo, como ela sobreviveu aqueles ferimentos, na verdade eu sabia o que estava acontecendo, mas, me negava a aceitar e ela continuava chamando meu nome, cobrando porque eu não havia voltado, me levantei e ensaiei uma fuga, mas, aquela voz chamando por mim quase chorando me fez pensar em ir em sua direção e explicar que eu tentei achar ajuda, mas, havia me perdido e pegado no sono, foi quando novamente me auto indaguei, como ela havia me achado? Eu estava perdido, havia andado quase 2h sem rumo e mesmo assim ela havia me encontrado? Na mesma hora que aquelas perguntas vinham na minha mente, recebi a resposta, quando com um grito que só demonstrava ódio Lúcia disse: Porque se esconde? Já consigo sentir seu cheiro de covarde! E então o que eu relutei para aceitar se mostrou claro e límpido, o amor da minha vida havia se transformado em algo que mataria quando escurecesse e com esse pensamento corri como nunca havia corrido antes, tinha que tá longe daquelas terras antes do anoitecer e entendi que esse era meu castigo por ter matado os filhos do Velho, ele não deixou Lúcia para que eu a visse morrer, ele deixou Lúcia para que ela revivesse na forma de algo que me caçaria, por isso não fui atacado ou perseguido durante a noite, os planos que ele teria para mim eram outros. Corria, parava, pegava um fôlego, entrava em riachos para disfarçar meu cheiro e mesmo assim, em tempos conseguia ouvir ao longe Lúcia me chamando, ela também me punia, pois, aquela viagem foi ideia minha e tudo que aconteceu, minha culpa! Às vezes a vontade de desistir e aceitar meu destino batia, mas, eu iria procurar um jeito curar Lúcia, esse seria o objetivo da minha vida dali em diante, Olhei para o relógio já eram 19h, então havia ficado nesse gato e rato durante a tarde toda e essa noite seria a última Lua Cheia do mês, verifiquei quantas munições restaram e sabia que teria que lutar e então o primeiro urro veio e pela intensidade e fúria sabia que era o velho e depois, mais uma vez ouvi a voz de Lúcia gritando meu nome, porém, com a voz totalmente rouca, acabando com um urro não menos aterrador que o primeiro, porém, esse eu sabia que era pra mim.

Já me falaram que o desespero é o melhor combustível, pois, sem perceber já estava nessa corrida para salvar minha vida, a mais 7h e não só combustível o medo é um excelente orientador, pois, ao notar aquela Lua imensa no céu e sentir que em pouco tempo seria alcançado por duas feras que queriam meu sangue, avistei ao longe um tipo de clareira entre as árvores e iluminação artificial que só poderia ser de um poste de iluminação, senti um certo alívio, mas, sabia que pouco me valia ter chegado na estrada, já que durante o dia o fluxo de veículo era praticamente zero, imagina a noite? Mesmo assim, bateu um ânimo que logo esmoreceu, atrás de mim, mais ou menos a 50 metros um rosnado e dois olhos amarelos, me mostraram que nada seria fácil naquela noite. Posso contar os flashes de memória que tenho, pois, muita coisa se apagou, me lembro que ao tentar correr para atravessar a pista acabei tropeçando e caindo batendo a cabeça no asfalto, meio tonto tentei me levantar e não consegui e os olhos continuavam fixos em mim e se aproximando, lembro que fechei os olhos, pois aquele desfeixo com certeza não poderia ser mudado, foi quando a fera já estava menos 2 metros de mim, ouvi a buzina e os faróis e apaguei, quando acordei estava chegando na cidade, deitado no banco traseiro de um caminhão, levantei e procurei saber quem havia me salvado, então descobri que havia sido Orlando, o caminhoneiro que com seu relato fez dar início a tudo isso, ele contou que tinha ido fazer a uma visita ao seu irmão e que ao saber da nossa visita e do interesse na sua estória, se sentido culpado e preocupado conosco decidiu sair para nos procurar, que encontrou nosso carro, a casa com os corpos e que por sorte, quando estava perto de desistir, ouviu um uivo e sabia o que estava se passando e que a estória estava se repetindo, foi quando viu a besta parada no meio da pista, pronta para dar um bote e eu no acostamento desfalecido, foi quando ele acelerou e atropelou o lobisomem, depois de constatar que aquele ser não passava de uma garota e que estava morto, ele me colocou dentro do caminhão e saiu dali o mais rápido possível, já que imaginou que se aquele lobisomem era uma jovem, deveria a ver um outro ali. Chorando eu agradeci, disse que aquela jovem era minha namorada e que um daqueles corpos na casa era do meu amigo e que tudo aquilo era culpa minha, desci do caminhão e sem olhar para trás entrei no meu carro, já eram 23h e mesmo cansado, decidi pegar a estrada e sair logo daquele lugar maldito.

A adrenalina me fez dirigir quase a madrugada toda, mas, senti que o sono estava vencendo, como já me encontrava bem longe daquela cidade, parei no acostamento, travei as portas e tentei tirar um cochilo e apaguei, despertei com o celular tocando, meio sonolento, procurei o celular e aproximei do rosto, as vistas ainda estavam meio embaçadas, pois, o sono ainda não havia me deixado, foi quando o maior susto da minha vida se fez, o coração chegou a parar por alguns minutos, pois, na tela do celular o nome Lúcia aparecia, fiquei um tempo sem entender, já que Orlando havia dito que viu o corpo quase desfeito de Lúcia após o caminhão passar por cima do lobisomem, será que essas coisas eram imortais? Tomei coragem e atende, quem estava do outro ficou em silêncio, eu também fiquei em silêncio, então ele falou – Oi Carlos! Era o velho, conheci aquela voz, a mesma mansidão, mesmo assim perguntei quem era e ele respondeu – Você sabe quem é! Nos vemos em São Paulo e desligou... já se passaram 7 meses e cada dia que passa eu me torno mais psicótico, um bater, na porta, uma campainha que toca, uma chamada no celular, tudo me causa pânico, eu sei que ele vem, eu comi da sua comida, bebi da sua água e matei os filhos dele... acabou de chegar um sms e é do celular de Lúcia, tem uma foto nele, do portão daqui de casa e uma legenda: Preciso de uma nova Família, Filho!

O Danilo LIma
Enviado por O Danilo LIma em 26/01/2024
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