A RESSURREIÇÂO MACABRA 🎃
Aquela velha sepultura estaria violada,
Este sepulcro rompeu-se de dentro para fora!
Nesta madrugada fria e bem enluarada
Espreitando-nos com a neblina fúnebre agora!
Corvos gralham na escuridão envolvente,
Pairam através desta cruz derrubada e retorcida
E o vento sussurra na noite malevolente!
Numa terra amaldiçoada e por todos esquecida!
Um raio corta a imensidão com negrume,
Meu coração dispara na palpitação do desespero
A morte paira no ar no seu fétido perfume
Fazendo eriçar-se até meu último fio de cabelo!
Nesta noite há algo que não posso prever,
Quem violaria o túmulo de um recém enterrado?
Há algo diabólico, que estaria a acontecer
Que nem a morte pudera deixar senão enterrado
Atrás de mim sinto a ofegante respiração,
Toda a espinha congelaria neste pavor já delirante,
Por detrás de mim aquele que neste caixão,
Havia sido sepultado dentro do solo insignificante!
Com suas mãos sórdidas aperta-me o pescoço,
Falta-me o ar para que eu possa respirar,
Este não pode ser meu fim e todo esse esforço
Para que a morte venha então me abraçar.
Desta vida nada levei, sou o presunto,
Morto alguns dias, ou talvez algumas semanas,
Jaz aqui! Um velho que é tal defunto,
O aroma da podridão do cadáver então emanas!
Essa consciência esvanece toda a suposição,
Lentamente meu corpo por inteiro vai amolecendo!
Este ser maldito nesta maligna ressurreição,
Escarnece deste fim quando já estou aqui morrendo!