Como é desafiador ser criança nos anos 90!

Na pele de um garoto de 11 anos, percebo que enfrentar a "lei do quem pode mais" naquela época era como ser um verdadeiro guerreiro. O Samuel, um repetente de 12 anos e meio, maior que todos na turma, tornava-se um tirano do parque, explorando seu tamanho para dominar todos os brinquedos.

Expulsou o Kléber do escorregador na quarta, empurrou o Anderson para fora do carrossel na quinta, e nesta sexta-feira treze, logo cedo, me excluiu do balanço. Para piorar, aquele balofo ainda tomou meu dinheiro do lanche, alegando que eu "tinha de pagar por ter usado o balanço dele".

No entanto, a tragédia rondava a vida do Samuel. Seu pai, já abatido desde que a esposa fugiu com o padeiro para outra cidade, decidiu encerrar seu sofrimento, enforcando-se numa árvore na estrada de terra abandonada, no início da noite.

Agora, até que encontrem seu corpo, eu posso aproveitar a ironia do destino e usar o pai do Samuel como meu novo balanço. A vida infantil nos anos 90, mesmo em meio a desafios, nos reservava surpresas peculiares e, por vezes, inusitadas.