Um relato real de lobisomem
Boa noite,
Esse relato chegou até mim por um amigo caminhoneiro, que morou lá pelas bandas da zona Rural de Panelas, no Agreste de Pernambuco.
Ele me disse que a história é tão verdadeira que saiu nos sites da internet, e até nas tvs locais.
E que todo ele e todo o povaréu por lá jura de pé junto que é a verdade mais verdadeira!
Meu amigo ficou sabendo do ocorrido, porque era parente motorista do ônibus, que o lobisomem atacou, e também porque depois participou da caçada da besta amaldiçoada.
Vou relatar como ele me contou… palavra por palavra, sem tirar nem pôr!
Bem, só sei que foi assim…
O primo de meu amigo disse que era uma noite normal de céu claro devido à lua cheia.
Vinha dirigindo devagar pela estrada de chão batido, como fazia sempre.
O ônibus estava cheio de meninos e meninas, que seguia a rotina de sempre na pequena comunidade de Lagoa do Mato, zona rural de Panelas.
Era uma estrada no meio do mato, quando do nada eles ouviram um som muito alto e forte, parecia um uivo misturado com ronco de porco, mas algo muito, muito forte, um urro de assustar até o cabra mais corajoso.
E do nada, logo em seguida, houve um forte solavanco no coletivo, parecia que um carro tinha batido nele, chegou a balançar. Os jovens se assustaram e todos gritaram, uns chegaram a cair dos bancos.
Não tinha como ser um carro, pois a estrada era estreita, não tinha acessos a ela por ali, a estrada estava quase sempre vazia, lembrou que há pouco tinha passada uma moto por eles, mas já devia estar ao longe!
Mesmo assustado, ele gritou para os jovens se sentarem e ficarem calmos.
Olhou pelo retrovisor e viu uma enorme figura ao lado do ônibus, com a luz do interior do ônibus, foi possível ver que era algo muito grande, maior que um terneiro, peludo e muito feio, uma mistura de gente, porco e lobo, agora era ele que queria gritar de medo!
Os jovens estudantes também viram aquela aberração e novamente começaram a gritar, agora de medo, estavam todos apavorados, até ele, era como se estivessem em um filme de terror, era um pavor que só de todos ali dentro.
Ele acelerou, já estava a uma velocidade entre 50 km/h e 60 km/h, o máximo que conseguia pôr naquela estrada, e o bicho continuava correndo pelo mato, às vezes corria em duas patas, em outras, em quatro, urrava mais forte ainda, e mesmo naquela velocidade, o bicho os alcançou, bateu de novo na lateral.
O motorista achou que todos morreriam ali, estavam todos gritando, eram muitos gritos de pavor!
E quando tudo parecia perdido, para sorte deles, o monstro, simplesmente, pareceu desistir e correu mata adentro, deixando a todos atônitos, parados como estátua, mas vivos.
O susto foi tamanho, que ele, após ver que o mostro havia sumido, andou mais um pouco e parou o coletivo, não tinha condições de dirigir de tanto tremer!
Ele precisava se acalmar, saiu de seu acento e pediu silêncio, pararam os gritos, mas os jovens continuavam chorando baixinho!
E foi, então, que ele notou uma moto com dois homens, parados, logo à frente, eles seguravam galhos de árvores nas mãos, como se fossem espadas.
Ele desceu e falou com os homens, que contaram para ele que vinham na moto que há pouco tinha passado o ônibus, seguiam normalmente quando um enorme cão negro pulou pela cerca de arame que separava a estrada da mata, o susto foi tão grande que eles quase caíram da moto.
Parece que a fera também se assustou com o farol ou o ronco da moto, pois do mesmo jeito que pulou na estrada, saiu correndo pro outro lado, para a direção que vinha o ônibus e eles se preocuparam com isso, então, como não tinham armas, pegaram galhos de avelós e voltaram para ver se o pessoal do escolar precisavam de ajuda.
Eles chegaram a ver o bicho se chocando contra a lateral do ônibus e gritaram para chamar a atenção do lobisomem, que ao ver a luz do farol da moto, buzinadas e o griteiro que faziam, deve ter se assustado e correu para a mata.
Meu primo disse que os jovens choravam muito, estavam todos com muito de medo pelo que tinham vivenciado, por isso não tinha ouvido nem visto os motoqueiros antes, pois os poucos que tiveram coragem de olhar para fora, só olhavam para trás.
Mas todos agradeceram muito os dois, pois só pode ter sido a chegada deles que afastou o monstro do ônibus.
A parte que vou contar a partir de agora, já era no outro dia e dai o meu amigo, que me contou a história, já estava junto.
Todos os moradores, mesmo com medo, após ouvirem a história dos filhos ou dos netos, resolveram ir à caça daquele bicho, que só podia ser um lobisomem.
Se armaram com podiam, pegaram pás, enxadas, facões e foices e, bem de tardezinha, seguiram para a estrada onde os jovens viram o lobisomem.
Passaram horas esperando, espreitando pela estrada, mas nada da fera.
Porém, viram que lá no exato local onde o motorista disse que bicho tinha batido no ônibus, encontraram algo muito estranho e intrigante.
Uma cruz, isso mesmo, tinha uma cruz, que nunca ninguém da localidade tinha visto e mais ainda, até hoje nenhum morador da pequena localidade assumiu ter posto a cruz ali!
Hoje em dia, o meu amigo caminhoneiro mora aqui no sul, e essa apavorante aparição foi nos idos de 2019 e, desde lá, ninguém mais, na comunidade, viu algo parecido.
Mas, mesmo assim, o povo continua com medo, já que ninguém sabe que bicho era aquele, e mesmo que o pessoal de fora não acredite neles, eles sabem que algo atacou àqueles jovens!
E ele e toda a cidade acredita que foi um lobisomem e desde então, vivem com muito medo desse monstro e não saem de casa à noite por nada!
Meu amigo disse que maioria dos moradores vive da agricultura, as casas são bem afastadas uma das outras e que nas noites de lua cheia, eles fecham as portas e se trancam em suas casas, e até mesmo os mais céticos, aqueles que não acreditam em lendas, preferem não se arriscar e ficam trancados em suas casas e sítios.
Boa noite!
Texto e pesquisa realizada por Nilvio alexandre Fernandes Braga, Eldorado do Sul, 20 de janeiro de 2024.