A PASSAGEIRA DO UBER

A tarde estava nublada e com nuvens carregadas. Havia chovido no dia anterior e durante a noite. O dia amanheceu com prenúncio de que iria chover novamente.

O motorista de uber havia recebido um chamado. Apesar de tempo nublado e ruas ainda alagadas era preciso trabalhar afina l fazia-se necessário prover recursos financeiros a fim de suprir as necessidades de casa.

Ao chegar no endereço da chamada havia uma senhora vestida de preto que entrou no carro e solicitou que o motorista seguisse para Olinda. Havia embarcado na saída do cemitério de Santo Amaro.

O motorista olhou pelo retrovisor com desconfiança para aquela senhora vestida de preto que embarcou em frente ao cemitério. Não disse nada, apenas dirigiu aparentando um certo desconforto com aquela passageira. Adiante manobrou o carro e acessou a Avenida Norte. Mais em frente seguiu a direita e já estava na Avenida Agamenon Magalhães. Nem bem entrou na avenida, o motorista escutou a mulher falar:

- Coloque o cinto de segurança.

O motorista estranhou que a mulher falasse aquilo, afinal ele havia colocado o cinto. Não respondeu nada e prosseguiu dirigindo.

Ao parar no sinal fechado no cruzamento de Campo Grande a mulher mais uma vez disse:

- Coloque o cinto de segurança! Eu já mandei.

Dessa vez ele respondeu:

- Minha senhora, eu estou com o cinto de segurança.

A mulher respondeu:

- Eu não estou falando com você e sim com minha filha.

O motorista estranhou porque a mulher havia embarcado sozinha, então disse:

- A senhora está sozinha.

A mulher disse:

- Não, não estou. Estou falando com minha filha. Ela está aqui.

O motorista perguntou:

- Aqui onde?

A mulher respondeu:

- Ora, aí ao seu lado, no banco do carona.

O motorista sentiu um calafrio, olhou para o banco do carona e não viu ninguém.

A mulher complementou:

Fui ao cemitério visitar minha filha Vanessa que faleceu faz cinco anos e todas as vezes que eu pegou um carro após a visita para voltar pra casa ela embarca e vem junto. E só gosta de viajar no banco do carona.

O motorista não falou mais nada e acelerou o carro, chegando em Casa Caiada em pouco tempo.

A mulher pagou o valor referente a viagem e desembarcou. Antes dela sair o motorista perguntou:

- Sra, a sua filha Vanessa desceu também?

Valdir Barreto Ramos
Enviado por Valdir Barreto Ramos em 13/01/2024
Código do texto: T7975653
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