Nos Portões do Inferno (1): Prólogo: O Livro Oculto
Prólogo
O Livro Oculto
Quando Raiane montou seu próprio negócio, queria que o empreendimento se chamasse "Antiquário Cartago", assim como seu sobrenome. De fato, era isso que constava no registro, mas do lado de fora da sala que alugara em um bairro na periferia de Cuiabá lia-se, em uma placa rústica encimando a porta: Pregão da Raiane.
Alguns conhecidos questionaram o motivo que a fez optar em não manter o nome original e sua resposta fora que pregão combinava mais com a quebrada do que antiquário. Outros chegaram até a insistir para que ela mudasse o empreendimento para a região central, pois assim poderia manter o nome. Mas a questão era que Raiane gostava da periferia, sentia que ali a vida da cidade pulsava, a despeito de todos os seus problemas.
Raiane gostava de manter as portas abertas até tarde, visto que era também o horário em que a maioria das pessoas costumavam ter disposição para trocar e vender coisas. Em uma dessas noites estava entretida e intrigada lendo uma reportagem sobre várias bibliotecas incendiadas por todo o país quando a sineta sobre a porta tocou indicando a entrada de alguém. Raiane desviou os olhos do computador e viu algo que não combinava com o ambiente bagunçado de seu antiquário: um homem alto e grisalho, olhos azuis-claros trajando um terno de linho branco vindo em sua direção. Para completar a discrepância, Raiane notou um Audi, também branco, estacionado em frente ao estabelecimento e a sensação de deslocamento se agravou.
— Posso ajudar? — ela indagou franzindo o sobrolho.
O homem abriu um sorriso que se limitava aos lábios, mal chegando ao seu olhar frio e perscrutador.
— Você é a Raiane da placa lá fora, eu suponho? — disse o homem à guisa de saudação.
— Em que posso ajudar? — Raiane indagou novamente de modo mais incisivo.
— Sei que pareço um pouco fora de contexto — disse o homem erguendo as mãos em sinal de paz —, mas acontece que sou um colecionador e ando por aí atrás de preciosidades que as pessoas nem fazem ideia que possuem.
Raiane relaxou um pouco, mas se manteve alerta.
— Que tipos de itens o senhor procura?
— Olhando lá de fora, notei que você tem alguns livros.
— Algum tema em específico? — inquiriu Raiane.
— Me interessa edições antigas e raras, que saem com algum erro de impressão, sabe?
— Não sei se vai ter algo assim, mas a seção de livros e revistas fica por ali — ela informou indicando o último corredor da loja.
Analisou o estranho enquanto este se direcionava para o local que ela indicara. O homem lhe parecia familiar, recordava de já ter visto seu rosto em algum lugar, talvez na televisão ou na internet. Se tivesse que chutar, diria que era algum político. Por entre os vãos das prateleiras o observou folhear alguns livros, talvez procurando o ano de edição ou alguma coisa do tipo, embora parecesse um tanto quanto desinteressado no que fazia.
Só então se lembrou que durante a tarde um rapaz passara por ali com uma espécie de diário antigo para vender. Estava sob o balcão, pensava em analisa-lo outro dia. Apanhou-o e o folheou. Parecia um caderno de rascunhos, cheio de anotações, símbolos que lembravam alguma forma de criptografia e desenhos aleatórios feitos à mão.
Seria coincidência aquele estranho ter aparecido ali com aquele papo sobre edições raras?
Olhou para a seção de livros e sobressaltou-se. O homem estava agachado, observando-a entre os vãos das prateleiras. Por instinto, jogou o diário de volta para baixo do balcão e agarrou um bastão de madeira que deixava sempre ao alcance.
O homem levantou-se demoradamente com um sorriso estranho no rosto.
— O que você tem aí, Raiane? — o estranho inquiriu aproximando-se lentamente. Raiane sentiu o corpo todo retesar em alerta. Tinha alguma coisa naquele diário, o estranho o queria e era imperativo que ela não o entregasse. Se não estivesse tão negligente em suas práticas teria percebido o perigo de imediato.
Teria que improvisar!
— É só o meu livro-caixa — mentiu odiando o tremor incontrolável que acompanhou a sua voz.
— Posso ver? — pediu o estranho em um tom de quem ordena.
— É claro que não! — ela retorquiu.
O homem a encarou com aquele olhar estranho por alguns segundos como se estivesse analisando as suas reações. Subitamente inclinou-se sobre o balcão, mas Raiane foi mais rápida, afastou-se a tempo, o diário em uma mão e o bastão de madeira oculto na outra atrás das costas. Uma máscara de fúria cobriu o semblante do desconhecido e, com uma agilidade inesperada, ele saltou sobre o balcão. Automaticamente Raiane desferiu um golpe com o bastão contra o rosto do homem. Seu olho esquerdo saltou e saiu quicando pelo chão desaparecendo debaixo das prateleiras.
Um olho de vidro?
Pelo menos aquilo explicava o olhar estranho.
Antes que ela tivesse tempo para qualquer outra ação, o desconhecido se recuperou e a agarrou pelo pescoço. Raiane sentiu o corpo elevar-se do chão. Sem conseguir respirar, acabou soltando o diário e o bastão a fim de usar as mãos para lutar contra o aperto.
Já quase sem sentidos, percebeu que era largada. Caiu de borco a tempo de ver o homem agarrar o diário e saltar de volta sobre o balcão em direção à porta.
Respirando com sofreguidão, catou as chaves do seu Celta em uma das gavetas e correu para fora a tempo de ver o Audi partindo. Entrou no Celta rezando para que ele obedecesse ao primeiro comando.
Suas preces foram atendidas!
Rapidamente ganhou velocidade. O Audi se distanciava na direção da saída do bairro. Em breve o estranho chegaria à avenida principal e desapareceria para o centro.
Mas Raiane conhecia um atalho. Dobrou em uma bifurcação para o bairro vizinho. Uma linha reta se estendeu à sua frente. Quanto mais afundava o acelerador, mais o Celta trepidava. Em poucos instantes chegou à saída para a avenida principal e, por pouco, quase interceptou o Audi. O carro cortou à sua frente diminuindo um pouco a velocidade para fazer a curva. Se o Celta aguentasse, pelo menos não perderia o estranho de vista. Nunca pensou que fosse agradecer o governo pelas péssimas condições do asfalto, mas dessa vez, isso estava a seu favor.
Como esperado, o estranho adentrou a Avenida das Torres e, por um bom tempo, ela conseguiu seguir o Audi, até ele rumar em direção ao Boa Esperança, o labiríntico bairro adjacente à Universidade Federal. Embora tivesse passado bons anos de sua vida na faculdade, sempre se perdia ali dentro. Rodou por vários minutos. Furiosa e já sem esperanças de encontrar o desconhecido, ela guiou o carro em direção à rodovia federal que cortava a cidade. Para sua surpresa, localizou o Audi parado na subida do viaduto em frente à Universidade. Estacionou logo atrás e desembarcou. Cautelosamente caminhou até a janela do estranho.
O desconhecido estava atrás do volante e parecia sofrer terríveis dores a julgar pelos esgares que se manifestavam em seu rosto. Raiane olhou à sua volta e compreendeu: logo abaixo do viaduto, no exato ponto onde o Audi parara, havia um lugar ocupado por pessoas em situação de rua onde, certa vez, ela pintara um sigilo. Um trabalho de exorcismo e proteção para aqueles que viviam sem amparo.
— Ora! Demônio, então? — disse ela com um sorriso no rosto. — Isso facilita as coisas.
O homem atrás do volante a encarou com seu único olho, agora não mais azul, mas completamente de um vermelho escuro quase tinto. O olhar transmitia um profundo rancor e Raiane agradeceu pelo sigilo sob o viaduto ainda estar funcionando. Caminhou de volta até o Celta. Abriu o porta-malas e pegou sua chave de rodas. Mais uma vasculhada pelo interior do veículo e encontrou uma garrafa d’agua mineral com o conteúdo pela metade.
Teria que ser o suficiente!
Voltou até a janela do Audi. Esperou que outro carro passasse e a rua ficasse deserta novamente. Fez sinal para que o possuído baixasse o vidro, mas ele limitou-se a encará-la. Sem paciência, Raiane desferiu um golpe com a chave de roda contra a janela. O vidro estilhaçou, mas não caiu, seguro pela película de segurança. Raiane golpeou mais uma vez, a chave de roda atravessou o vidro e ela o forçou para que se soltasse caindo no asfalto.
— Me diz o que tem aí nesse diário?
— Você vai se arrepender, bruxa!
— Queria ganhar um real toda vez que me dizem isso — zombou Raiane sentindo uma certa sensação de diversão.
— Continue sendo irônica. Eu vou gostar de brincar com você.
— Blá, blá, blá — bufou Raiane. — Já vi que não vai ter papo, não é?
O demônio apenas a encarou furioso.
Ela soltou a chave de roda no asfalto e mexeu em uma pulseira de berloques que trazia no pulso esquerdo decidindo qual pingente usar. Ficou em dúvida entre a medalhinha de São Bento e a phurba. Encarou o demônio. Receosa de estar lidando com uma entidade que não se limitava ao plano cristão, optou pela phurba, afinal, era melhor garantir que a coisa funcionasse do que ter que improvisar ainda mais. Arrancou o pingente da pulseira, jogou-o dentro da garrafa d’água e a agitou enquanto murmurava um encantamento em diversas línguas ancestrais.
— Última chance, amigo.
— Vai se fo...
Antes que o demônio terminasse de praguejar, Raiane socou com força a garrafa na boca dele. Pego de surpresa, o possuído engoliu boa quantidade da água encantada.
— Tá na hora de descer, escroto! — disse Raiane afastando-se enquanto observava uma pasta do mesmo tom dos olhos do demônio escorrer da boca do possuído que se contorcia em dor. Logo, a substância escorreu também pelas narinas e ouvidos. Homem e demônio berravam com a dor do exorcismo improvisado, mas eficiente, produzindo uma dupla vocalização. A substância escorreu pelo vão da porta do veículo para em seguida cair no asfalto e desaparecer. Certamente o sigilo ainda ativo logo abaixo a atraia e drenava.
O homem dentro do carro soltou um último gemido de dor e pendeu para a frente. Sua cabeça bateu no volante e ali ficou apoiada. Raiane aproximou-se e tocou em seu pescoço. Havia pulsação.
Um outro veículo subiu o viaduto e passou próximo a ela sem dar importância para o que ocorria ali. Sem se delongar mais, localizou o diário no banco detrás. Inclinou-se sobre as costas do homem, pegou o artefato e voltou rapidamente para o Celta.
***
Quando retornou ao seu antiquário, a porta se encontrava escancarada, provavelmente a deixara assim ao sair correndo atrás do demônio.
A primeira providência que tomou ao trancar a porta foi correr até uma gaveta atrás do balcão, catou lá de dentro um toco de giz, traçou alguns sigilos de proteção ao redor da porta e das janelas, rapidamente traçou um Selo de Salomão sob o carpete de entrada. Em seguida, foi até as portas do fundo e repetiu o mesmo processo. Embora não fosse cem por cento efetivo, aquilo já era alguma segurança. Se quisesse ficar realmente protegida, precisaria lançar encantamentos dentro e fora do estabelecimento, mas no momento queria analisar melhor aquele diário.
Pensou em ligar para seus irmãos em Portuária, afinal, eram ocultistas mais experientes, mas a ligação internacional acabaria com suas economias e a conta de luz estava pelas tampas. Por que aqueles atrasados ainda não tinham aderido ao WhatsApp ou outra rede social qualquer? Era típico da família essa mania de se manter no passado. Em último caso faria a ligação.
Foi para trás do balcão e observou o diário: capa preta e grossa, nenhuma identificação, a aparência indicava ser bastante antigo; as páginas iniciais também não forneciam indicação alguma sobre a identidade do autor; vários rabiscos, rascunhos de desenhos apressados e a escrita estranhamente codificada.
Raiane tentou se recordar do rapaz que viera durante a tarde trazer o artefato. Por que mesmo decidiu comprar aquilo do moço? Pagou trinta reais por ser antigo, achou interessante a criptografia, mas nada mais lhe chamara a atenção. Aqueles rabiscos não tinham contexto algum para formular um significado geral. Por que interessava tanto ao demônio?
Percebeu um movimento à sua esquerda e ao voltar a cabeça para lá, um olho a encarava. Era o olho de vidro que saltara da órbita do possuído. Mas o que ele estava fazendo ali em cima? Aquela coisa não tinha rolado para baixo das prateleiras?
Subitamente, o olho deu um giro e oito pernas surgiram sustentando-o e o deixando parecido com um opilião. Cada perna cheia de articulações aparentava ter uns quinze centímetros, terminando em uma garra fina como uma agulha. Surpresa, Raiane ainda ponderava sobre a aparência que aquele objeto acabara de assumir quando, sem avisos, o olho saltou na direção de seu rosto. Por impulso, ergueu o diário para se proteger e barrar a investida do estranho ser, mas ele se agarrou ao diário prendendo as finas pernas ao seu redor.
Raiane agarrou o olho e o puxou, mas ele havia se fixado com tal força que parecia estar colado à capa do artefato. Raiane continuou forçando até que o olho cravou uma de suas pernas no dorso de sua mão fazendo com que ela automaticamente soltasse o diário. O objeto caiu com estrépito no chão sobre o olho e lá ficou parado. Ela chegou a pensar que o estranho ser havia sido esmagado, mas logo houve um movimento. O olho continuava segurando o objeto com quatro pernas enquanto usava as outras para correr. Encaminhou-se para a porta da frente. Subiu no carpete de entrada e estacou.
— Tá preso, otário! — disse Raiane triunfante enquanto enrolava uma bandana na mão que sangrava e latejava.
O olho soltou o diário e correu de um lado para o outro tentando encontrar uma brecha para fugir do selo de Salomão.
— Só tem saída pra baixo. E aí? O que vai ser?
O olho recolheu as pernas e a encarou por alguns instantes. Logo, um líquido de tom vermelho escuro escorreu para o tapete e desapareceu indicando que o que restara do demônio havia ido embora. Ela caminhou até o carpete, apanhou o olho e o observou. Apenas um objeto inanimado novamente. Revirou-o e não localizou nenhuma abertura por onde poderiam ter surgido aquelas pernas aracnídeas. Apanhou o diário e caminhou até o balcão depositando o olho ali por cima.
Observando o diário, notou que as pernas finas haviam perfurado a capa em alguns pontos e danificado as bordas de algumas páginas. Sob a luz, notou que através das perfurações parecia haver algo diferente sob a capa do diário. Mal estava prestando atenção ao latejar da mão. Apanhou um estilete em uma das gavetas e começou a cortar com cuidado ao redor da capa. Em pouco tempo, conseguiu soltá-la e o que descobriu a encheu de horror e apreensão. A verdadeira capa do artefato era de um couro de aspecto amarronzado e gasto por falta de tratamento. O centro continha o que antes fora um rosto repuxado e esticado nos cantos.
A primeira ideia que dançou em sua mente era que estava diante do Necronomicon, mas sabia que sua existência nunca fora provada. Suas mãos tremiam. Sentia a boca seca. Percebeu que também havia algo estranho nas bordas das páginas que tinham sido danificadas. Abriu o livro e reparou que as páginas danificadas se tripartiam: uma folha mais grossa entre duas mais finas. Páginas revestidas? Ocultas?
Estaria mesmo em posse do verdadeiro Necronomicon?
Isso explicaria porque o demônio se arriscara tanto por aquele artefato.
Tinha um jeito de saber se estava realmente em posse do Al Azif original. Mas se não o fosse, também seria uma maneira de perder o artefato para sempre.
Sua intuição dizia que não perderia o objeto.
"Aquelas bibliotecas incendiadas pelo país... Era atrás disso que estavam!"
Colocou o livro no chão. Embebeu-o com o álcool que deixava sobre o balcão para os clientes higienizarem as mãos. Tateou o bolso e encontrou seu isqueiro. Ponderou mais um pouco sobre o que estava prestes a fazer. Respirou fundo e ateou fogo no livro.
Após angustiantes minutos de espera, as chamas se apagaram. O livro permanecia intacto. Sumira qualquer vestígio da capa anterior e das páginas falsas. Raiane notou que o artefato estava frio. Recolheu-o do chão e espanou as cinzas. Folheou. Era todo manuscrito como anteriormente, mas agora se notava uma estrutura linguística, porém, completamente desconhecida por ela, não um código, mas uma língua antiga. Ainda acreditava estar em posse do verdadeiro Necronomicon, mas essa crença desabou ao ver em uma das páginas iniciais, entre a linguagem que não conhecia, o nome do autor.
Enquanto tentava conter o nervosismo causado pela descoberta e o desenrolar da noite notou, através dos vidros da porta, que faróis se aproximavam. Pelo menos quatro carros estacionaram lá fora.
Puxou o celular do bolso e procurou na discagem rápida o número de Hugo. Foi atendida ao primeiro chamado.
— Você acaba de interromper meu progresso em um jogo super difícil, sabia?
Nunca começava uma conversa telefônica com alô.
— Desculpa, não era minha intenção. Você sabe que eu só ligo quando preciso.
— Sei, é a única pessoa que me faz interromper um jogo no primeiro toque. O que aconteceu? Dá última vez que você me ligou tarde assim me pediu para desativar os semáforos da cidade.
— Então... Aconteceu umas coisas... Preciso de uma ligação internacional não rastreável. Você consegue?
— Facinho. Pra onde você quer ligar?
— Portuária. Mas é você quem vai ligar. Preciso focar em algo aqui.
— Ahn... Certo. E o que eu digo pra quem atender?
Quatro homens aproximavam-se agora da porta. Um deles colocou a mão no vidro, mas logo a retirou sentindo a ardência do banimento.
— Fala que eu pedi pra você ligar e diga que o Balrog passou — instruiu Raiane.
— Balrog? O que isso quer dizer.
— Quem atender vai entender. Pode fazer isso rápido?
— Me passa o número que eu já resolvo.
Raiane ditou o número.
— Tá tudo bem, Rai? — indagou Hugo do outro lado da linha. Ela notou a preocupação na voz do garoto e sorriu.
— Vai ficar. Faz a ligação. E não esquece de fazer suas lições de casa.
— Já tá feito!
Se despediram e encerraram a chamada.
Raiane calculou mentalmente a distância entre Portuária e o Brasil. Se os irmãos saíssem de lá assim que recebessem a ligação e considerando que conseguissem um voo de última hora, levariam no mínimo entre sete e oito horas para chegar até ela.
Guardou o livro dentro do cofre que ficava oculto pela última gaveta do balcão. Lá do lado de fora, mais demônios chegavam. Reconheceu algumas figuras políticas e influencers locais entre eles. Alguns apenas ficaram parados lá encarando, outros tentavam encontrar brechas nos encantamentos.
Era hora de revisar os sigilos e traçar outros. A noite prometia ser longa.
Continua...
ISBN: 978-65-00-92694-1