O parnasiano dialético
O filósofo alegou que a verdade é histórica e geograficamente contextual. Mas, ele esqueceu de nos esclarecer se era a verdade universal, como aquela observada em leis físicas e suas consequências, ou se se tratava apenas daquelas que tentam clarear fenômenos sócioculturais, por exemplo. Desconfio, assim como qualquer um, com algum grau de habilidade em seu aparato cognitivo, que se tratava da segunda. Mas, porque é mister calcular algum entretanto aqui, podemos tecer a trama na qual me envolvi, com as duas concepções, uma vez que as rodovias abertas das intenções levaram a um endereço só. A saber, adianto, a total bancarrota ética e moral deste escrevinhador.
• Sábado. Noite. Não importa a hora.
A cavalgadura com a qual fui recebido sucumbiu meu humor ao poço lodoso da beligerância radical. Como pode um homem ser assim entrevistado em sua honra e manter a crônica de seu decoro impávida como só um estóico profissional poderia? Armei-me com as pistolas furibundas da retórica guerrilheira e engatilhei o cão com as certezas de um Sísifo resignado! E disparei.
• Domingo. Madrugada. Não importa a hora.
Encontravam-se esteticamente em consonância com o dolo da cena assim definida por príscas convenções de sangue e tripas. Eu jazia ao lado destas inflexões teciduais que agora eram parte de um cenário onde só a senha da mais definitiva condenação permite estar.
Um júbilo de histórica tradição fez-me um daqueles homens mesmo orgulhosos de suas circunstâncias mais fundamentais.
• Segunda-feira. Fim de tarde. E, depois, todas as semanas.
Seu sorriso alcançava-me um perturbado desejo de enfiar-lhe meu desejo. E, como educação lhe era algo muito bem lapidado, alçou seus lábios intumescidos aos meus, meteu a língua, drapejou a danadinha, salivando com verve, e assim combinamos.
Destacou tudo o mais naquela beleza métrica, reta e impecável que só é possível quando enfrentamos a ambiguidade cinza de um mundo que quer nos fazer crer ser tudo preto e branco.