A CANINA

 

Eu queria esganá-la, matá-la, sim...

Mas, não queria matá-la daquela forma, cronometrada, precisa...

Ela armou, provocou todo aquele clima. Enervou-me. Estabeleceu-se um suor frio em mim

que, logo após tê-la matado, senti, que também saí prejudicado, mas, o pânico somado a

minha ira, fez-me estendê-la sobre uma toalha desbotada que estava no meio da sala e sob

as réstias de luz que estupravam aquela casa abandonada, evitei encarar o seu olhar maquia-

vélico que me perseguiu por três dias consecutivos, encurralando-me.

Comecei a espatifá-la... 

Rasgá-la com as mãos, destruindo suas vísceras, abocanhando suas coxas, seus membros superiores...

E ela, como se inocente fosse, sentindo-se sumir ante aos meus olhos, olhou-me pela última

vez, continuando sumindo da minha frente, tangida pelos ininteligíveis sons provocados pelos

meus arrotos imorais de vitória sobre a fome.

 

 

 

Sagüi
Enviado por Sagüi em 22/12/2023
Código do texto: T7959911
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