A COLEÇÃO DE OSSOS 🦴
Observo apenas esses traços,
Recolho os membros mutilados,
Dos corpos apenas pedaços,
Ou por tais mísseis aniquilados
Cabeças destes que foram mortos
A desculpa pela imbecilidade.
O resgate dos apodrecidos corpos
Retrata toda a desumanidade
O bombardeio ainda continua.
Tento escavar mínimos destroços
Sob o clarão fúnebre desta lua
Procurar na escuridão esses ossos
Tento controlar a adrenalina,
Abro o saco para os restos mortais,
Igual um coveiro com a sina
De acompanhar certos ritos finais
Na luva o líquido besunto,
São os fluídos da decomposição.
Que exalam deste defunto,
Há dias mortos em um caminhão
Metade do corpo sumiu,
Quando o míssil pegou em cheio.
E o prédio então se rui.
Partindo o soltado bem no meio!
Esse fedor não dá para esquecer,
A morte tem aroma natural,
Desfia-se a carne no apodrecer,
Soltando o aroma sepulcral
Tenho que me manter forte,
Ainda visitarei muitos dos lugares
Sou o mensageiro da morte,
Que visito casas e seus familiares