Leopold (Turista Fantasma em Tambár)
Leopold, um homem atormentado por sombras do passado, encontrou-se em meio às ruínas de Tambár. Quando ele chegará em Tambár, ela era uma bela cidade. E sem ele perceber, foi ficando escura aos poucas. De início ele achou que iria chover pelas nuvens escurecerem devagar. Agora o plasma denso dos fantasmas envolvia cada canto, permitindo contato físico com o sobrenatural. Os dias se arrastavam, mergulhados na escuridão constante do céu, enquanto Leopold tentava desesperadamente escapar. Havia perdido a noção de tempo e não percebera quando a cidade havia ficado tão assustadora. “Tudo aconteceu tão rápido!” pensou Leopold.
À medida que ele explorava as ruas vazias e os edifícios decadentes, vozes sussurrantes ecoavam em seus ouvidos. "Você não pode fugir, Leopold", murmuravam as sombras, uma presença inquietante que o perseguia a cada passo. Seus olhos se deparavam com manifestações grotescas de sua própria mente, distorcendo a realidade ao seu redor.
Leopold, isolado por mudanças climáticas drásticas naquele céu escuro e no frio das ruas, sentia a pressão do desconhecido sobre seus ombros. Seu contato com outros seres humanos tornara-se uma memória distante, enquanto o plasma dos fantasmas se tornava mais tangível, como se o abraçasse com mãos etéreas e geladas.
Uma noite, quando o vento uivava pelas ruínas, Leopold viu uma figura sombria na névoa, uma sombra que parecia compartilhar sua dor. Era Isabella, sua amada, cuja vida foi ceifada por circunstâncias sombrias. "Leopold, junte-se a nós", ela sussurrou, estendendo uma mão pálida em sua direção.
O desespero o consumia quando ele tentava escapar, mas as ruas se transformavam, guiando-o sempre de volta ao coração de Tambár. As visões macabras intensificavam-se, revelando tragédias enterradas e segredos obscuros. O plasma dos fantasmas assumia formas grotescas, contorcendo-se como sombras vivas.
"Não há saída, Leopold. Aceite seu destino", sussurrou uma voz sinistra que ecoou nas paredes sombrias da cidade. Leopold, ofegante e exausto, sentiu a presença de entidades sombrias ao seu redor.
Em um encontro fatídico, Leopold encontrou um velho diário, revelando profecias sinistras sobre Tambár. A cidade absorvia almas, alimentando-se de desespero e solidão. As mudanças climáticas eram sua manifestação, um reflexo do desequilíbrio do além. Leopold percebeu que tentar escapar era inútil; ele estava entrelaçado com o destino nefasto da cidade perdida.
As sombras ganharam forma e começaram a murchar, revelando rostos pálidos e olhos vazios. "Você é parte de nós, Leopold. Junte-se a nós na eternidade", ecoaram em uníssono. Uma força invisível o envolveu, puxando-o em direção ao centro da cidade.
À medida que a escuridão se aprofundava, Leopold enfrentou um dilema final. Aceitar sua condição e unir-se às almas presas ou resistir até o último suspiro. Com um suspiro resignado, ele se entregou à névoa densa, seu corpo fundindo-se com o plasma dos fantasmas.
Surpreendentemente, a cidade começou a se dissipar, desvanecendo-se como se fosse uma ilusão. A revelação chocante se desdobrou: Leopold era agora parte da própria maldição de Tambár, uma manifestação de seus tormentos passados.
Tambár Fantasma desapareceu completamente, deixando apenas um vazio silencioso. A escuridão no céu se dissipou, revelando uma aurora há muito esquecida. Leopold, agora uma lembrança na névoa dispersa, testemunhou a cidade voltar ao normal. No entanto, enquanto a normalidade retornava, ele percebeu seu corpo imóvel nas redondezas.
Pessoas normais começaram a surgir nas ruas recém-restauradas, agindo como se nada tivesse acontecido. A cidade esperava ansiosamente por mais um turista desavisado. Ao observar impotente, Leopold percebeu que seu destino agora estava entrelaçado com a maldição de Tambár, destinado a repetir o ciclo sinistro com qualquer alma corajosa o suficiente para entrar na cidade perdida.