O TÚMULO ⚰️
Numa lápide eu enfim tropeço,
As mãos ensanguentas estão assim,
O retorno, talvez seja regresso,
Morte nunca seria realmente o fim!
Observa-me com olhos arredios,
A mortalha que encobre toda pureza,
Membros enrijecidos e tão frios
No caixão ainda exalando sua beleza
Corvos entoam a cantoria mórbida,
Esse gosto da morte enfim me enlameia
Minha mente impura é tão sórdida
A insanidade então apenas se incendeia
As palavras são coisas enlanguescidas
No céu, vem vindo a tempestade.
Lembro de quantas cabeças retorcidas,
Eu torci apenas por pura maldade
Deflorei, a coisa que nunca foi minha,
No ardor dos sádicos enleios,
Quando rasguei a faca certa calcinha,
E vilipendiei os pálidos seios
Diante da claridade daquelas luas,
Cavei profundo nas terras amolecidas,
Para ver as feições delas bem nuas,
Que já perderam há tempos as vidas!
Não posso esperar do lado de lá,
Escondido nos túmulos o dia inteiro,
Cavo com as mãos, agora e tão já
Apenas espero ir embora um coveiro
As coroas de flores apodrecidas
Exalam aroma pútrido da insensatez,
Quando apalpo faces ressequidas
Me assusto até com minha morbidez
Assumo que tenho a parafilia,
Destes cadáveres tenho predileção
Culpa desta vasta tanatomania
Que causaria aos outros a repulsão