O TÚMULO ⚰️

Numa lápide eu enfim tropeço,

As mãos ensanguentas estão assim,

O retorno, talvez seja regresso,

Morte nunca seria realmente o fim!

Observa-me com olhos arredios,

A mortalha que encobre toda pureza,

Membros enrijecidos e tão frios

No caixão ainda exalando sua beleza

Corvos entoam a cantoria mórbida,

Esse gosto da morte enfim me enlameia

Minha mente impura é tão sórdida

A insanidade então apenas se incendeia

As palavras são coisas enlanguescidas

No céu, vem vindo a tempestade.

Lembro de quantas cabeças retorcidas,

Eu torci apenas por pura maldade

Deflorei, a coisa que nunca foi minha,

No ardor dos sádicos enleios,

Quando rasguei a faca certa calcinha,

E vilipendiei os pálidos seios

Diante da claridade daquelas luas,

Cavei profundo nas terras amolecidas,

Para ver as feições delas bem nuas,

Que já perderam há tempos as vidas!

Não posso esperar do lado de lá,

Escondido nos túmulos o dia inteiro,

Cavo com as mãos, agora e tão já

Apenas espero ir embora um coveiro

As coroas de flores apodrecidas

Exalam aroma pútrido da insensatez,

Quando apalpo faces ressequidas

Me assusto até com minha morbidez

Assumo que tenho a parafilia,

Destes cadáveres tenho predileção

Culpa desta vasta tanatomania

Que causaria aos outros a repulsão

rodrigokurita
Enviado por rodrigokurita em 15/12/2023
Código do texto: T7954708
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.