OLHOS D’ ÁGUA 👁️‍🗨️

Uma voz, pela margem permeia

E chama lentamente pelo meu nome,

Como um grito que só esperneia

A sibilar seu desespero de pronome!

Atravessei as beiradas curvas,

Avistei adiante uma grande margem,

A escuridão das águas turvas,

Meu reflexo semelhante a miragem!

Ainda sinto dentro da mente,

Esse ecoar de um maligno vozerio

Bem próximo desta corrente

E disse: Agora se lance neste rio!

Imaginei meu corpo afundar,

As algas crescendo na minha boca

Logo eu que sequer sei nadar

Tenho essa ideia mórbida e louca!

Os vermes infestando as vestes

Essa pele amarelada e tão purulenta

Presa na cabeceira com ciprestes

No odor da podridão que se intenta,

A invadir o olfato de cada um,

Ao notarem que estou desfalecida

O fétido miasma como bodum

Do corpo apodrecendo sem a vida

Tudo acaba numa correnteza,

Histórias feitas com muito desamor

Quando apodrece toda beleza

O quadro pinta-se no infame horror

E hei de guardar essas flores,

As águas querem que eu mergulhe,

Que na água fiquem os odores

Em tanto pesar a morte se orgulhe!

rodrigokurita
Enviado por rodrigokurita em 13/12/2023
Código do texto: T7953191
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