O OBSCURO 🕷️

Nada na loucura se assemelha

A cobra que rasteja pelo seu útero,

Verme que na carne emparelha

Devorando as fibras do teu úmero

Quando a flor dessa cerejeira,

Cair sobre o solo, a noite começa,

O odor da morte na laranjeira

É sibilar da morte que se regressa

A lua no tom tão amarelado,

Na palidez do seu assim obscuro,

Fedor do cadáver enterrado

Será o humus da terra num futuro

Adorar toda a mãe natureza,

O orvalho esverdeando seu corpo,

Num fim sem ter a grandeza

Uma serenata final de outro morto

Como tudo será esquecido,

No sepulcro não terá nem visita,

Estará assim tão enrijecido

Essa morte na lápide está escrita

Bem vês, que o sepulcro,

A divindade da alma endurecida,

Flores de um ramo xucro

A penitência para a vida vivida!

Hoje, as nuvens choram,

No céu não há mais o ponto nulo,

As lágrimas por fim rolam

O nosso destino será bem obscuro

rodrigokurita
Enviado por rodrigokurita em 27/11/2023
Código do texto: T7941587
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