O OBSCURO 🕷️
Nada na loucura se assemelha
A cobra que rasteja pelo seu útero,
Verme que na carne emparelha
Devorando as fibras do teu úmero
Quando a flor dessa cerejeira,
Cair sobre o solo, a noite começa,
O odor da morte na laranjeira
É sibilar da morte que se regressa
A lua no tom tão amarelado,
Na palidez do seu assim obscuro,
Fedor do cadáver enterrado
Será o humus da terra num futuro
Adorar toda a mãe natureza,
O orvalho esverdeando seu corpo,
Num fim sem ter a grandeza
Uma serenata final de outro morto
Como tudo será esquecido,
No sepulcro não terá nem visita,
Estará assim tão enrijecido
Essa morte na lápide está escrita
Bem vês, que o sepulcro,
A divindade da alma endurecida,
Flores de um ramo xucro
A penitência para a vida vivida!
Hoje, as nuvens choram,
No céu não há mais o ponto nulo,
As lágrimas por fim rolam
O nosso destino será bem obscuro