O CORVO 💀
Ali, na janela, certo estorvo
Os olhos me fitavam na escuridão
Essa ave maldita, esse corvo
Um ser maligno doutra dimensão
Pensava em mim como asno
Desta minha moléstia ria-se assim
Pela morbidez do seu grasno
Queria rapidamente ver meu fim!
Maldita ave, do mau agouro
Na cabeceira traz então má sorte!
Bica a cabeça, e tira o couro
Ele desgraçado quer minha morte
Seria do diabo, certa criança
E se alimenta por sua necrofagia,
Ver-me morto na esperança
De bebericar-se desta hemorragia
Na miséria serei tal finado,
Já dizia Edgar em suas siderações
O bico torto e bem curvado
A carne humana era predileções!
No horizonte morre o arrebol,
Nas penumbras negras sou imerso
Será a última vez que esse sol
Banha-me pelos raios do universo!
Como a chave dentro do ferrolho,
A ave vem para essa direção,
Devorando ávido esse cego olho,
Serei dele, uma farta refeição!