OS OLHOS FAMINTOS – PARTE I 👁️
Saudades tinha da genitora,
Da minha mãe então já falecida
Essa sua forma tão protetora
Quando ainda estivera em vida
Eu e minha irmã neste tabuleiro
Com ela queríamos falar,
Faríamos o ritual todo e inteiro,
Para ela assim comunicar
Escutei o som vindo da madeira,
A resposta em cada batida,
Cri ser tal manifestação certeira
Era nossa mamãe querida!
Durante muitos dias tais batidas,
Se tornariam inconvenientes,
Seriam essas, as almas perdidas
Ou delírios de nossas mentes
Eu sabia que era a coisa maldita,
Quando eu desci neste porão,
Ali, de tinta vermelha tão escrita
A frase: Agora sou maldição
Meu pai por fim passou a crer,
Que as energias seriam negativas
Quando também conseguiu ler
- Daqui nunca sairão mais vivas!
Ele quis ficar um tempo sozinho
Dentro da casa tal bagunça,
Quando ficamos com o vizinho,
Como duma ferida a punça
No meu quarto, bem numa lousa
Meu pai viu, desnudo a nuca,
O jovem com a roupa da esposa,
Usando também loura peruca
Vestido da mamãe então vestia
Papai atacou aquele invasor
Armado e ninguém enfim sabia,
Pintou-se todo esse terror!
[continua]