UMA LUZ NO NEVOEIRO (Que era um poste ainda aceso)
UMA LUZ NO NEVOEIRO
(Que era um poste ainda aceso)
O poste aceso era a ÚNICA LUZ acesa em meio a nevoa que tomava conta de toda cidade. Carla segurou a menina… que segurou o outro menino… que era ainda menor e mais assustado, perdido de sua mãe. Carla não perguntou o seu nome. Não tinham tempo; o importante era alcançar a luz… E a partir dela pensar nos próximos passos… ou aguardar o socorro. “ELES” odiavam luz e também odiavam calor. Os tentáculos emitiam tremores que sacudiam os muros e as pedras das ruas… O tremor era seguido de um som gutural que indicava uma dor excruciante que os seres gigantes sentiam, além de toda como confusão, raiva… e fome. Os seres que andavam pela névoa, destruíram e dilaceraram todos aqueles que festejavam. Era um Carnaval fora de época e sem propósito… um pequeno carnaval, com barraquinhas e petiscos, artesanatos e parquinhos… Agora, quase não havia mais vida. Tudo estava destruído; “Isso é uma PERNA?!… no chão?! ALI!! Ó!!”, as crianças se abraçaram… “Aquilo escorrendo no chão, é sangue!!”, “Aiii, Tá grudando na minha sandália!”… “SHHH!! CALA A BOCA!! NADA DE CHORO!! QUIETOS!!”, gritou Carla levando o dedo indicador até a boca. Estavam chegando perto, bem perto do poste… Os passos quase exaustos. As crianças de mãos dadas, eram puxadas violentamente pela garota mais velha. Quando finalmente alcançaram o poste… se abraçaram. Chegaram até a sorrir uns aos outros em meio às lágrimas de emoção e alívio… O calor que o poste emitia trazia-lhes certa força e alguma esperança. Ignoraram por alguns minutos os vultos do monstro que ia e vinha e os rondava faminto. O menininho pequeno, levantou o dedinho indicador, como numa de aula pedindo sua vez de falar. Carla se agachou olhando-o nos olhos: “Diga, ué, fala menino, ox… fala logo!”; tinha pouquíssima paciência e traquejo com crianças, afinal… mal tinha deixado de ser uma. “Tia… é que… ESSE POSTE APAGA, depois de um tempo…! E daí acende o outro, do outro lado da praça! Eu tava tentando avisar, mas vocês não me deixavam falar.”. E então a luz se apagou.
Os gritos foram rápidos, a morte de todos eles durou apenas alguns segundos. Poucos minutos de desespero. Porém, foram intensos… Gritos intenso, que ecoaram por toda cidade.
(H.B)