A LANTERNA 💡

[baseado no conto mitológico de Otsuyu (お露) ou A Lanterna de Peônia]

ATO I

[Relato de Ogiwara]

Certa noite, uma dessas qualquer

Avistei a lanterna de peônia

Levada por essa elegante mulher,

Linda e com sua parcimônia

Era bem tarde, não era tão cedo,

Fiz a mulher aquele convite,

Pois caminhava nas ruas de Edo

Anseio que ela não me evite

Cabelos negros e com a lanterna.

Tinha o frescor do betume.

Sua presença trazia a paz eterna,

Como inebriante perfume

Sua companhia era tão agradável

Mas o vizinho ouviu no jardim

Uma cena que parecia deplorável

Algo que abalou então a mim!

Disse que mesmo naquele escuro

Ao pisar em algum graveto,

Observou por cima do meu muro

Dançar um morto esqueleto

Com medo, procurei certo monge,

Ele para o cismar em cúmulo

Apontou em riste mesmo de longe

A cruz maldita desse túmulo

Ali, gravado na lápide com granito

Otsuyu então ela se chamaria,

Agora sim, no além eu já acredito,

Com essa minha melancolia!

Dias depois, senti a tristeza.

Voltei ao local do seu belo jazigo!

Vi-a em seu olhar de pureza

Ela me disse: Venha então comigo

Eu lhe ofereço o meu coração,

Venha podemos viver eternamente,

A noite em fúnebre escuridão,

Caminhamos por ali tão lentamente

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ATO II

[Relato do Monge]

Não vejo ele, que assim tomara,

O amor depois da morte não contemplo

Que eu encontre então Ogiwara

Desde sua última visita ao nosso templo

Abri a cova de Otsuyu com oração

Dentro do caixão, a cena mortal,

Meus pés tremiam como o coração

Pelo decúbito encontrei o casal!

rodrigokurita
Enviado por rodrigokurita em 16/10/2023
Código do texto: T7910000
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