O SACRIFÍCIO DO VALE VERDE: PACTOS SOMBRIOS NA FLORESTA.

Na década de 1960, em uma cidade interiorana brasileira chamada Vale Verde, rodeada por densas florestas e riachos serenos, viveu uma jovem de 15 anos chamada Laura. Ela era conhecida por sua beleza e sua natureza alegre, que iluminava a pequena comunidade.

Um dia, três forasteiros chegaram a Vale Verde: Hugo, um homem de 27 anos, seu irmão mais velho Roberto, com 35 anos, e um adolescente relutante chamado Bernardo, de 16 anos. Eles estavam na cidade a negócios, seguindo instruções do pai para fechar um acordo com um fazendeiro local. No entanto, o destino reservou um trágico encontro entre eles e Laura.

Durante uma exploração pela região, os turistas chegaram a uma bela cachoeira. Laura estava lá, aproveitando a paz na natureza. O que deveria ter sido um encontro pacífico se transformou em uma terrível tragédia quando Laura se viu em uma situação horrível e humilhante. A garota acabou sendo abusada sexualmente pelos irmãos Hugo e Roberto. Ela tentou entrar em luta corporal contra os agressores, mas foi inútil. Ao final, os dois ainda provocaram o adolescente, Bernardo, a também penetrar a garota, mas ele se sentia com medo e estava em choque com tudo que havia presenciado. Hugo, em tom provocativo, começou a colocar em xeque a sexualidade do jovem garoto, fazendo piadas de cunho homofobico, abrindo as pernas de Laura e deixando a sua vagina exposta para o irmão mais novo, apontando, falando para o irmão mais novo perder o medo e fazer o que deveria ser feito. Roberto até tentou fazer com que Hugo parasse com as provocações, mas Bernardo já não aguentava mais a pressão. Com a vítima estando em estado de choque, dormência e sem forças nenhuma para reagir, ela acabou sendo abusada pelo adolescente, que não conseguiu se manter ereto por muito tempo e acabou desistindo ao sair correndo.

Abandonada à beira da cachoeira, ferida e nua, após os terríveis acontecimentos, Laura acabou morrendo devido a uma hemorragia.

Germano e Tereza, os pais de Laura, ofereceram sua casa aos visitantes, não sabendo do caráter dos irmãos, pensando que eram estranhos em busca de ajuda. A notícia da morte de Laura se espalhou rapidamente pela comunidade de Vale Verde, deixando os moradores em choque e tristes com o acontecimento. Hugo e Roberto ficaram surpresos com o fato de seus anfitriões serem os pais da garota, o que fez com que eles fingissem solidariedade e tristeza pelo momento.

No entanto, Bernardo, que havia sido coagido a participar do ato terrível, carregava um fardo insuportável em sua consciência. Vendo o sofrimento de Tereza, ele não suportou a culpa que o atormentava. Uma noite, enquanto Hugo e Roberto estavam fora negociando com o fazendeiro, Bernardo decidiu contar a verdade para Tereza.

O que Bernardo não sabia era que Tereza tinha conhecimentos sobre forças ocultas, algo que ela havia mantido em segredo por anos. Usando seu entendimento das artes místicas, ela tomou medidas para punir os verdadeiros responsáveis, aqueles que tiraram a vida de sua filha e causaram tanto sofrimento.

Naquela noite, quando Hugo e Roberto voltaram da fazenda com o acordo finalizado, encontraram uma moça misteriosa na estrada de terra. Hugo, inicialmente pensando em fazer algo terrível, saiu do carro e ofereceu ajuda à moça, mas ela permaneceu em silêncio e continuou caminhando. O rapaz começou a falar dos perigos da estrada, que era muito tarde para uma jovem andar sozinha, mas a moça continuou em silêncio. Quando Hugo conseguiu a alcançar e a tocar, ele viu o rosto desfigurado da moça e ela deu um grito ensurdecedor.

Assustado, Hugo tentou fugir, mas algo sobrenatural o puxou para trás o derrubando no chão e o arrastando de maneira inexplicável. Roberto, testemunhando a cena paranormal, acelerou o carro e fugiu, deixando o irmão para trás, correndo de volta para a casa do casal de anfitriões em estado de pânico.

Ele implorou a Tereza por ajuda, contando sobre o que aconteceu na estrada. Tereza, olhando para Roberto com olhos enigmáticos, revelou que sabia sobre o terrível crime que ele e seu irmão haviam cometido contra Laura. Ela afirmou que eles não deveriam ter vindo para Vale Verde e que agora Roberto iria conhecer algo que ele jamais imaginou existir.

Tereza realizou um ritual misterioso, cortando a própria mão com uma lâmina. Para o espanto de Roberto, o ferimento apareceu em sua própria mão, e ele se viu incapaz de fugir, com todas as portas e janelas trancadas. Em um tom sombrio, a mulher sussurrou que o marido não estava em casa e que Roberto iria experimentar o terror que ele e seu irmão infligiram a Laura. A escuridão e o desconhecido envolveram a casa naquela noite, deixando Roberto a encarar as consequências de suas ações horrendas.

Tereza se aproximou de Roberto, seus olhos brilhando com uma intensidade sobrenatural. Ela sussurrou palavras em uma língua estranha e antiga, que pareciam mais um murmúrio das sombras do que uma linguagem humana. Roberto sentiu um calafrio percorrer sua espinha quando as palavras penetraram sua mente. Subitamente, seus olhos ficaram completamente brancos, e ele sentiu como se estivesse afogado em um mar de escuridão. Desesperadamente, ele tentou agarrar seu próprio pescoço, buscando ar e tentando falar, mas não conseguiu emitir som algum. Em um último esforço, ele lutou contra a sensação avassaladora de sufocamento e, então, desmaiou.

Quando Roberto recobrou a consciência, ele estava deitado sobre uma pedra fria e áspera em um porão escuro e lúgubre. O ambiente ao seu redor era macabro e repleto de objetos antigos e artefatos ligados à bruxaria e ao ocultismo. As paredes de pedra eram úmidas e cobertas por símbolos estranhos e inscrições em uma língua que ele não conseguia entender. Velas negras queimavam em suportes de ferro, lançando uma luz sombria e distorcida que dançava nas sombras, criando uma atmosfera opressiva. O porão era um ponto de conexão entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos.

No centro do porão, uma grande mesa de pedra servia com um altar ritualístico, onde o jovem Bernardo estava deitado, desacordado e amarrado. O garoto tinha um aspecto pálido e frágil.

Tereza, com seus olhos misteriosos e poderes ocultos, explicou a Roberto o terrível propósito de sua magia. Ela disse que precisava libertar o espírito de Laura das garras dos espíritos famintos da floresta, que estavam se alimentando do sofrimento que a jovem havia passado antes de sua morte. Em troca, ela oferecia a cabeça de Roberto e o coração de Bernardo como sacrifício. Roberto entrou em desespero, implorando a Tereza que reconsiderasse. Ele sabia que estava enfrentando um destino terrível, mas a ideia da morte de Bernardo, um jovem que seu irmão havia coagido a participar do ato horrendo, era insuportável. Desesperadamente, ele perguntou sobre o paradeiro de Hugo. Foi quando, de repente, Hugo apareceu, acompanhado pela mesma moça da estrada, porém, ela não estava mais desfigurada. Em vez disso, revelou-se uma bela moça com olhos penetrantes e cabelos escuros longos. Ela se apresentou com uma bruxa, assim como Tereza.

Hugo estava hipnotizado pelo feitiço da bela bruxa, e não era mais o mesmo. Sua expressão vazia e o olhar fixo indicavam que ele estava sob o controle dela. Tereza, com sua voz sombria e autoritária, ordenou que Hugo tirasse a vida de Bernardo com o punhal e arrancasse seu coração. Roberto, agora em lágrimas, percebeu que estava preste a testemunhar um ato terrível e irreversível. Ele gritou em desespero, mas suas palavras foram abafadas pelo ritual.

Hugo cravou o punhal no peito do jovem garoto desacordado. Com uma força sobre-humana, pegou o coração do garoto e lhe arrancou. Tomado pelo pavor, Roberto não parava de gritar e chorar. Tereza olhou para o rapaz com um sorriso macabro enquanto segurava o coração de Bernardo, ainda pulsando e cheio de vida.

“– O coração de Bernardo será um presente para os espíritos famintos da floresta. Ele será colocado no tronco de uma árvore ancestral, onde suas raízes o absorverão, tornando-se parte da própria natureza. Já a sua cabeça, meu jovem rapaz, será oferecida como um tributo a esses mesmos espíritos. Algum animal selvagem irá encontrá-la, vai a devorar e se alimentar dela, assim a sua energia será sugada pelos habitantes da mata.”

O porão, já mergulhado na escuridão e no mistério, parecia absorver as palavras de Tereza, tornando o ambiente ainda mais sinistro.

A bela e jovem bruxa segurou a cabeça de Roberto, enquanto ele tentava se debater, sendo impedido pelas cordas que estavam amarrando seu corpo. Hugo, ainda estando possuído, pegou uma machadinha, deu um sorriso diabólico e cortou a cabeça do irmão, sendo atingido pelas gotas de sangue que se espalharam. O rosto de Hugo ficou todo manchado de sangue.

Dias depois da terrível noite no porão sombrio, o corpo de Hugo foi encontrado à beira da mesma cachoeira onde Laura havia perdido sua vida. Seu cadáver estava parcialmente desfigurado por arranhões profundos, sugerindo uma morte violenta e misteriosa.

À medida que o tempo passava, uma lenda sombria começou a tomar conta da cidade do Vale Verde. Os moradores, que conheciam apenas fragmentos dos acontecimentos terríveis que aconteceram naquela noite fatídica, começaram a contar histórias sobre a floresta que circundava a cidade.

Diziam que turistas que se aventuravam a fazer trilhas pela densa mata ouviam gritos desesperados de um rapaz ecoando pelos riachos e árvores. Alguns afirmavam ter visto um jovem garoto vagando pela floresta, com um buraco negro e vazio no lugar onde seu coração deveria estar.

Lenda ou verdade, a história tornou-se um aviso para todos aqueles que ousavam adentrar a floresta de Vale Verde. Ela serviu como uma lembrança assustadora de que os segredos sombrios e os horrores do passado nunca são esquecidos, e que a natureza pode guardar segredos que ultrapassam a compreensão humana.

Marcus Vinick
Enviado por Marcus Vinick em 09/10/2023
Reeditado em 09/10/2023
Código do texto: T7904733
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