O HOMEM DA CAPA PRETA.

Venturosa- PE, 09 de Outubro de 2023

Eu fui nascido e criado no sítio. Sempre ouvi falar em conto de assombração, de alma penada, de lobisomem, de caboquinha, coisa assim, mas nunca tinha visto e nem ouvido nada, exceto alguns assobios da comadre fulozinha que é de praxe na zona rural. Só que um dia tive um encontro inusitado com coisa do além.

Era noite de lua cheia, uma noite de quinta-feira, do ano 2004. A lua estava por dentro da camada fina de nuvem. Caia também uns chuviscos nessa noite. Eu vinha da vila - da vila para o sítio que eu morava dava mais ou menos 1 km- isso foi por volta da meia noite, e esse trecho era conhecido por ouvir e ver coisas sobre naturais, como por exemplo: homem carregando caixão, cachorro grandes, pisadas, risadas, zunidos, conversas, fogo corredor, etc..

Eu ia caminhando, estrada afora, na avenida Israel Neri de lima e já me acompanhava, a comadre fulozinha com seus pios finos. Eu nem ligava, pois isso já era de costume, toda noite.

Entrei na estrada de chão, a sorte que a noite estava, bela, iluminada, dava para ver quem estava à frente uns 200 metros. Eu sempre tive medo de andar em noite de lua, e nesse dia, apesar de muito claro, estava muito melancólica. Não tinha ninguém, só eu e a comadre fulozinha com sua orquestra.

Adentrei mais a fundo da estrada, nesta havia um corredor de avelós, uns 150 metros de canto a canto. Lá era o lugar que eu tinha mais medo!

Depois de andar meio quilometro, numa curva de frente à casa de Manezinho, avistei um homem alto, de 1,90 a 2 metros de altura, de chapéu, capa preta longa, e com um guarda-chuva no ombro, que tinha dado a curva, próximo ao pé de manga. Ele caminhava como vinha para vila. Gelei na hora! Mas continuei, pensei que se tratava de gente mesmo. Fomos caminhando eu e ele. Ele vindo e eu indo.

Entre um pé de araçá e um pé de manga, passei por ele, bem pertinho. Dei boa noite e ele não respondeu. Continuei, normal, pensando:” que homem mais mal educado!” Fiquei com raiva. Parei. Encabulado olhei para trás e cadê o cidadão? O cabra tinha sumido! Não fazia nem cinco segundos que tínhamos nos encontrado. Não tinha dado tempo dele passar na curva da estrada ou se esconder.

Voltei para procurá-lo para ver onde danado tinha se escondido. Fui à beira da estrada, e por cima da cerca de arame farpado, olhei dentro do ´sitio para ver se o via. Olhei. Olhei novamente e nada de vê-lo. Não deu outra, arrepiei-me todinho. O consciente já tinha detectado que não se tratava de coisa desse mundo. Tentei correr, mas não tinha pernas. Tentei gritar, mas tinha voz. Fui saindo de mansinho, com um frio na barriga, tremendo de medo, com uma sensação horrível. Recompus-me depois de 5 minutos.

Chegando em casa, com as pernas trêmulas, dei graças a Deus. Percebi que estava salvo. No outro dia bem cedo, perguntei ao meu pai se tinha por aqui na região, um homem alto que gostava de usava chapéu e capa preta longa. Para minha surpresa ele disse que sim. Que morava naquela região há uns 60 anos e que já havia morrido fazia tempo. Fiquei branco e com medo.

E toda noite que eu ia para vila, todas as vezes que eu passava por esse trecho eu sempre me arrepiava e olhava para ver se via o cabra.

Leonires Leite de Oliveira

Leonires Di Olliveira
Enviado por Leonires Di Olliveira em 09/10/2023
Reeditado em 11/10/2023
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