O GAROTO E A JANELA DA OBSCURIDADE

Guilherme era um jovem adolescente solitário que morava em um pequeno apartamento no sexto andar de um prédio antigo. Sua vida era monótona, e uma de suas únicas fontes de entretenimento era observar seus vizinhos do prédio em frente através de um par de binóculos que mantinha escondidos.

Todos os dias, ele passava horas observando o cotidiano dos moradores do outro edifício. Ele via brigas intensas, situações engraçadas e momentos íntimos que eram impossíveis de ignorar. Foi observando o cotidiano intenso de um casal que o garoto se masturbou pela primeira vez. Era como se ele tivesse acesso a uma série de dramas humanos ao vivo.

Porém, a partir de um determinado dia, suas observações tomaram um rumo sombrio. Guilherme começou a perceber uma série de eventos perturbadores que ocorriam em um dos apartamentos vizinhos. Sempre à noite, ele testemunhava cenas horripilantes: um misterioso assassino cometendo atos cruéis contra mocinhas, que sempre estavam seminuas quando acabavam se tornando vítimas.

Os arrepios percorriam a espinha de Guilherme a cada vez que ele testemunhava essas atrocidades. Ele queria contar a alguém, talvez até mesmo à polícia, mas o medo o paralisava. Sua família começou a desconfiar de seu comportamento cada vez mais estranho e começaram a fazer questionamentos.

Guilherme sabia que precisava reunir mais informações antes de tomar qualquer medida. Em uma noite, reunindo coragem, ele decidiu acompanhar os passos do assassino dentro daquele apartamento sombrio. Mas o que ele viu naquela noite foi mais perturbador do que poderia imaginar. O assassino, de repente, retirou sua máscara e olhou diretamente para Guilherme através da sacada.

O garoto mal conseguia respirar quando viu o rosto do assassino sem a máscara, encarando-o através da sacada. Seus olhos se encontraram por um breve instante, enchendo-o de pavor. Ele largou o par de binóculos, fechou a janela imediatamente, mas seu coração batia tão rápido que parecia prestes a explodir. As lágrimas escorriam pelo seu rosto enquanto tentava processar o que havia testemunhado.

Em um estado de nervosismo incontrolável, Guilherme finalmente decidiu pegar o telefone e discar o número da polícia. No entanto, antes que pudesse completar a ligação, alguém bateu na porta do seu quarto. Ele hesitou por um momento, com medo de abrir, mas a batida se repetiu com mais força, enchendo-o de terror. O jovem sabia que não era sua mãe, afinal ela estava fazendo plantão no hospital.

Finalmente, ele se aproximou da porta e a abriu devagar, encontrando seu pai parado ali com uma faca enorme e afiada nas mãos. O sorriso macabro no rosto do homem fez Guilherme recuar instintivamente.

“– Pai, o que está fazendo?”, ele gaguejou, com o coração batendo descontroladamente.

O pai de Guilherme avançou lentamente em sua direção, a faca brilhando à luz fraca do quarto.

“– Você viu demais, meu filho. Agora, precisa ser silenciado”, disse o homem com a voz distorcida e fria.

Guilherme percebeu que estava encurralado, sem nenhuma saída aparente. Ele sabia que precisava encontrar uma maneira de escapar da situação aterrorizante antes que fosse tarde demais.

E foi...

Na manhã do dia seguinte, no prédio vizinho, onde Guilherme costumava observar seus vizinhos com seu par de binóculos, um grupo de moradores estava reunido no corredor, discutindo o que havia acontecido. Um senhor começou a falar, abalado pela triste notícia.

“– A dona Brigitte, que mora no prédio dele, comentou comigo que ele era um rapazinho solitário demais. Era da casa pra escola e da escola pra casa, não tinha amigos...”

“– É verdade que ele se jogou da janela do quarto?”, perguntou uma senhora ao se aproximar do grupo de moradores.

Enquanto isso, no quarto do apartamento sombrio onde ocorreram os assassinatos presenciados pelo garoto falecido, uma jovem estava amarrada e com a boca amordaçada, forçada a assistir à televisão. Na tela, estava passando a entrevista do pai de Guilherme, que se mostrava devastado.

“– Eu estou sentindo uma culpa tão profunda. Eu não percebi os sinais de solidão e sofrimento do meu filho. Ele vivia uma vida monótona e silenciosa no quarto. Eu me sinto o pior pai do mundo nesse momento tão doloroso e...”

Marcus Vinick
Enviado por Marcus Vinick em 06/10/2023
Reeditado em 06/10/2023
Código do texto: T7902332
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