SEXTA-FEIRA 13

Era uma noite escura, de sexta-feira 13, do mês de agosto. Estava eu e uma turma, na praça da viela, por volta das 11 horas em ponto, a conversar, quando de repente, muito mais que de repente, ouviu-se um estrondo, um forte estampido que ecoou pelas ruas da viela e balançou as paredes das casas. Atônitos, com os olhos arregalados, nos entreolhávamos e, tremendo de medo, resolvemos procurar o que foi aquilo e de onde veio. Dividimo-nos. Eu e Jaime descemos na rua do cemitério; Gilmar, Odete e Juca à rua da torre da Telemar; Alfredo, Cremilda e Zeca, à rua do campo. Maria, Jacilda, Nestor e Clóvis ficaram na praça.

Saímos todos cautelosos, devagarinho e, antes de darmos dez passos, ouviu-se outro estrondo seguido de gritos e gemidos; dessa vez mais assustador. Recuamos. Voltamos ao posto que estávamos e esperamos aquela coisa sair pelas ruas.

Alguns moradores da viela se acordaram e se juntaram a nós. Ninguém sabia o que danado foi aquilo e de onde tinha vindo. Resolvemos, todos desta vez, procurar numa só rua. Descemos todos para a rua do cemitério, exceto Maria, Jacilda, Nestor e Clóvis, alguns armados de cacete, foice, machado. Ao se aproximar da rua do cemitério, exato no pé de jatobá, escutamos mais um barulho horripilante. Aproximemo-nos mais um pouco e outra vez o som se repetiu dessa vez mais próximo, horrível e macabro.

Não enxergávamos nada. Tudo estava um breu, escuro e sombrio. Arrepiei da ponta dos pés a ponta da cabeça; os outros também, se arrepiaram. Queríamos correr, mas as pernas trêmulas não tinham força suficiente para carregar o corpo. Ficamos inerte, esperando algo aparecer e apareceu. Era a coisa mais feia que os olhos do ser humano já viram, uma mistura de cavalo com boi, cara de homem, rabo de Elefante, com uns 10 metros de altura. Uma marmota de tão feio! Sei lá o que danado era aquilo! Acredito que na Botânica não há classificação da espécie que bicho seria, mas com o ´passar do tempo, percebemos que não se tratava de nada desse mundo e sim de outro mundo. Ainda inerte, ficamos só observando o bicho passar (ainda bem que não nos viu! acredito...), quando de repente ele deu um uivado mais feio e horrendo ainda. Misericórdia! A sua boca aberta dava mais de metro de abertura. E quietos, ficamos calados. Nenhum pio! Nenhum movimento!

Devagarzinho ele ia passando, sem nos notar. Andou uns 50 metros, quando vimos ele voar pela a imensidão do universo e assim sumindo da nossa vista.

Atônitos como aquilo visto, sem menos esperar, outro bicho sai de dentro do cemitério e ao mesmo tempo sumiu.

Ficamos inculcados com aquilo.

Voltamos para a praça pra junto dos outros e quando chegamos lá, novamente um estrondo soou. Desta vez, tivemos força pra correr. Sumimos no oco do mundo sem desvendar o que danado era aquilo.

Leonires Di Olliveira
Enviado por Leonires Di Olliveira em 04/10/2023
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