APARTAMENTO 667

No coração de uma cidade sombria, erguia-se um prédio antigo e imponente, onde um dos apartamentos era o 667. Aquele lugar escondia uma história macabra, marcada por um suicídio e o trágico homicídio familiar que haviam ocorrido há muitos anos. A atmosfera gélida e as janelas quebradas sugeriam que o imóvel estava abandonado, mas isso estava preste a mudar quando Jonas, em busca de um novo começo, decidiu alugar o apartamento.

Jonas era um homem cético, desafiando as superstições que rondavam a cidade. Ignorando os alertas dos vizinhos e as histórias sobre o apartamento, ele se mudou com a determinação de que o passado sombrio não o afetaria. No entanto, mal sabia ele que forças sombrias estavam ansiosas para encontrá-lo.

Logo após se instalar, Jonas começou a perceber que algo estava errado. À noite, ouvia passos arrastados pelos corredores, portas rangendo e murmúrios inquietantes. Sua racionalidade o fazia buscar explicações lógicas, mas as experiências paranormais persistiam. Uma noite, enquanto Jonas estava folheando um livro na sala, algo arrepiante aconteceu. A temperatura despencou rapidamente, e ele pôde ver sua respiração condensando no ar, mesmo sem haver motivo para tal queda de temperatura. Um calafrio percorreu sua espinha quando ele percebeu uma figura indistinta, uma silhueta pálida e enigmática, observando-o na escuridão. Mas quando tentou se aproximar, a figura desapareceu sem deixar vestígios.

As semanas passaram, e as experiências sobrenaturais se intensificaram. Jonas ouvia risos sinistros no meio da noite e via sombras se contorcendo nas paredes. A sensação de ser observado tornou-se insuportável. Então, em uma noite de tempestade, Jonas fez uma descoberta arrepiante. Enquanto vasculhava o sótão empoeirado em busca de respostas, ele encontrou um diário esquecido, pertencente a um antigo morador. Nas páginas desbotadas, estava registrado o terrível suicídio que havia ocorrido ali, anos atrás. A história macabra narrava como a moradora, uma jovem chamada Lúcia, havia tirado a vida no banheiro do apartamento. As palavras escritas à mão revelavam sua profunda tristeza e seu desejo de escapar do sofrimento. Jonas estava começando a acreditar que o lugar era verdadeiramente amaldiçoado, mas a pior surpresa estava por vir. Uma noite, ao olhar para o reflexo do espelho do banheiro, viu o reflexo de Lúcia. Seus olhos vazios e pálidos fitavam-no com tristeza, e seus lábios se moveram em silêncio, como se tentasse se comunicar. O terror apoderou-se de Jonas. Ele tentou sair do apartamento, mas todas as portas estavam trancadas, as janelas seladas. À medida que os dias passavam, Jonas ouvia os sussurros dela, palavras que se perdiam na penumbra do apartamento. Então, uma noite, Jonas teve a visão mais aterradora de todas. Lúcia estava ali, na carne, pálida e inexpressiva como um cadáver. Ela caminhou até a janela do apartamento e, sem dizer uma palavra, lançou-se na vazio. Jonas correu até a janela, com o coração na boca, mas não havia sinal de Lúcia lá embaixo. Ela havia desaparecido como um fantasma. O pânico o dominou, mas ele sabia que não podia chamar a polícia nem mesmo entrar em contato com ninguém.

O terror e a confusão tomaram conta de Jonas após testemunhar a terrível cena no apartamento 667. Ele se sentiu como se estivesse preso em um pesadelo do qual não conseguia acordar. A atmosfera sombria e opressiva do lugar parecia se intensificar a cada dia, e Jonas começou a duvidar de sua própria sanidade.

À medida que os dias se arrastavam, Jonas mergulhava cada vez mais nas memórias sombrias do apartamento. Ele sentiu um chamado estranho para desvendar o mistério por trás de tudo isso, e suas investigações o levaram a descobertas perturbadoras. Jonas encontrou antigos recortes de jornais que relatavam um caso de homicídio que havia ocorrido naquele apartamento, um caso que ele não conseguia lembrar de ter ouvido falar antes.

Conforme cavava mais fundo em sua busca por respostas, Jonas começou a fazer conexões inquietantes. Ele percebeu que as histórias sobre abusos familiares e o suicídio de Lúcia eram, de alguma forma, ligadas a ele mesmo. À medida que ele reconstruía os eventos em sua mente, ficou claro que ele era o elo comum em todas essas tragédias.

Uma noite, enquanto estava sozinho no apartamento, Jonas foi confrontado por uma aparição sombria, a própria Lúcia, com seus olhos vazios e tristes. Desta vez, ela não estava apenas observando; ela falou com ele em um sussurro gélido. "Jonas, você é a causa de todo esse sofrimento. Foi você quem me levou a tirar minha própria vida e quem se livrou de nossos filhos, lançando-os pela janela."

Jonas estava em choque. As revelações de Lúcia o atingiram como uma lâmina afiada. Ele negou veementemente as acusações, mas as memórias reprimidas começaram a ressurgir. Ele viu flashes do passado, imagens de sua própria crueldade e abusos terríveis contra Lúcia e seus filhos. A verdade se desdobrou diante de seus olhos, uma verdade horrível e insuportável.

Então, em um momento de desespero e remorso, Jonas fez algo impensável. Ele correu em direção à janela, a mesma janela pela qual seus filhos haviam sido lançados à morte anos atrás. Ele se lançou no vazio, caindo em direção ao desconhecido.

Quando seu corpo tocou o chão, Jonas se viu novamente dentro do apartamento, assim finalmente entendendo...

Jonas, então, entrou no apartamento 667 com suas malas, ignorando os relatos dos vizinhos e desafiando as superstições que rondavam a cidade. E assim, ele e Lúcia, condenados dentro do apartamento 667, para viver eternamente toda a dor e o sofrimento.

Marcus Vinick
Enviado por Marcus Vinick em 03/10/2023
Reeditado em 03/10/2023
Código do texto: T7900271
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