A PORCA 🐷
Diziam que era uma louca
Isso se faria como a revelação
Grávida então essa cabocla
Do próprio filho do seu patrão
Pobre daquele novo feto,
Aos porcos seria dado ao nascer
Seu pai, ofereceu o neto,
Para que suínos viessem comer!
Mas ela não daria o filho
Na loucura da trágica imolação,
No campo cheio de milho
Preferia prender sua respiração!
Repudiava aquelas maldições
Do pai e de quem mais quereria,
Sentia do parto as contrações
A hora deste parir logo chegaria
Ao campo o odor de mirto,
Ela descabelada estava tão nua,
Certo animal de pelo hirto
Veria pela posição daquela lua
As passadas eram ruidosas
O vulto negro assim aproximava
Vira as mamas pelancosas
Que naquele certo ódio rosnava!
Não poderia ser sonho horroroso
O vento soprava pela aragem,
Uma porca de tamanho vigoroso
Era a fixa sua única imagem!
Pelo parto ela não teria tal vigor,
Sentiu as viscosidades rentes
E imersa num paralisante horror,
A boca da porca esses dentes
Como na tempestade açoitado,
Antes de tudo escurecer,
Viu nacos de carne pendurado,
E o animal desaparecer!
O clarão da lua foi brilho,
Tudo no medo que se assenta
Na boca da porca o filho,
Devorado junto da placenta!