A PORCA 🐷

Diziam que era uma louca

Isso se faria como a revelação

Grávida então essa cabocla

Do próprio filho do seu patrão

Pobre daquele novo feto,

Aos porcos seria dado ao nascer

Seu pai, ofereceu o neto,

Para que suínos viessem comer!

Mas ela não daria o filho

Na loucura da trágica imolação,

No campo cheio de milho

Preferia prender sua respiração!

Repudiava aquelas maldições

Do pai e de quem mais quereria,

Sentia do parto as contrações

A hora deste parir logo chegaria

Ao campo o odor de mirto,

Ela descabelada estava tão nua,

Certo animal de pelo hirto

Veria pela posição daquela lua

As passadas eram ruidosas

O vulto negro assim aproximava

Vira as mamas pelancosas

Que naquele certo ódio rosnava!

Não poderia ser sonho horroroso

O vento soprava pela aragem,

Uma porca de tamanho vigoroso

Era a fixa sua única imagem!

Pelo parto ela não teria tal vigor,

Sentiu as viscosidades rentes

E imersa num paralisante horror,

A boca da porca esses dentes

Como na tempestade açoitado,

Antes de tudo escurecer,

Viu nacos de carne pendurado,

E o animal desaparecer!

O clarão da lua foi brilho,

Tudo no medo que se assenta

Na boca da porca o filho,

Devorado junto da placenta!

rodrigokurita
Enviado por rodrigokurita em 03/10/2023
Código do texto: T7900230
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