Morto? [miniconto]

Eu aguardava enquanto a luz acesa ainda estava, quando das profundezas o terror chama, me invade um dilúvio, que ainda não encontrei, certamente, um recanto preciso, só ansiedades. Se saiba, por tanto, as tamanhas coisas: estava a salvo devido a já referida, a qual não dependia de mim; talvez, se caso fosse, seria situação de auto-assassinato. Compreendam: enquanto a visão me servisse, não mergulhasse na treva, meu ser livre estava. Como falei, a luminosidade, a qual apenas parcialmente me apanhava, vinha de fonte exterior, um Controlador. Há vários desses, aquele um era o "meu" responsável (incosciente). Minha dor poderia diminuir, mas vejam o que eu via: a monstruosidade a babar, do outro lado, cerrado, na espreita, aguardando momentudes: o apagar. Minha atitude? Mexia o corpo, lado e outro, olhando o feixe saído do latíbulo, no qual pés nenhum pisavam: eu não era fantasma, sou gente, abandonado. Seguia-me a certeza de vir a escuridão, me cercaria e, sabem, estaria dilacerado completamente, com finuras de meu corpo espalhadas e sendo tomadas por mãozinhas. Eu morreria, mas me matei antes. Há quem diga, porém, que há incongruência: vivo não estou. Estou, sim, é em razões. Nada sabem.

Rodrigo Hontojita
Enviado por Rodrigo Hontojita em 26/09/2023
Código do texto: T7894928
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