Trágico encontro com Bram Stoker
Eu estava viajando havia muitas horas e devo ter dormido dentro do trem, pois, se estivesse o tempo todo acordado, teria notado pela janela a paisagem que antes era verde e bem-cuidada agora era de um lugar sombrio e assustador. Não sei se por conta de ter acordado assustado no meio da escuridão, tudo parecia fantasmagórico e algumas estradinhas sinistras surgiam de quando em quando próximas aos trilhos. Para aumentar minha sensação de insegurança, olhei ao meu redor e percebi que estava completamente sozinho no vagão pouco iluminado por algumas pequenas luzinhas.
Tive de me beliscar e esfregar os olhos para ver se estava acordado. Aquilo tudo estava me parecendo um pesadelo horrível e esperava acordar, a qualquer momento, em minha casa. Mas, não! Não adiantava me enganar. Estava realmente acordado, viajando num trem.
De repente ouvi passos que se aproximavam por trás da porta que levava ao outro vagão. A porta se abriu com um longo rangido e um velho, de cabelos grisalhos e mal penteados, vestido de preto da cabeça aos pés entrou e iluminou o piso do vagão com uma pequena lanterna que esparramava sombras enormes para todo lado.
Tentando não demonstrar o medo que me consumia, falei quase num sussurro:
— Boa noite, tudo bem?
— Boa noite. Sou Abraham Bram Stoker, mas pode me chamar de Conde Drácula, respondeu o velho com voz rouca. Bem-vindo ao meu trem. Descanse e tente dormir, pois a noite está fria e será longa.
Depois disso, só escuridão.