O Doce Sabor da Vingança - CLTS24

A mulher de vestes negras se encontrava em prantos quando uma desconhecida se aproximou e lhe entregou um cartão:

— Chame-a se precisar — ordenou a estranha, observando os olhos marejados que a perscrutava em silêncio. Após analisar as letras escuras do pequeno retângulo, a interpelada redarguiu:

— Só há um nome aqui.

— Isso é mais que o suficiente. Repita-o por três vezes e ela surgirá. Depois de atender o seu pedido, desaparecerá para sempre.

— E o que desejará em troca? — questionou a mulher de vestes negras, desconfiada.

— Algo que não lhe fará falta.

A desconhecida se retirou, deixando-a um tanto perplexa ao mirar a mão enfaixada da mulher, enquanto ela esbarrava nos transeuntes até conquistar a saída. Contudo, em seu coração sabia muito bem o que desejaria do nome impresso no cartão.

***

A porta do salão abriu em meio à chuva torrencial na tarde que se arrastava. Isso não era muito bom para os negócios, já que muitas clientes costumam desmarcar o horário. Ninguém gosta de cortar os cabelos, escová-los, para depois tê-los molhados, ou “desmaiados” pela umidade que impera em dias assim. Sem dizer dos malefícios causados aos cabelos cacheados que resolvem ficar armados e rebeldes.

Por esse fato, Lurdinha, a dona do salão, estranhou a mulher adentrar sem horário marcado, e perguntar se podia fazer as unhas e cortar as madeixas compridas. É claro que ela não recusaria. Bem que a cliente desconhecida estava mesmo precisando de um bom corte. Sentou-a na melhor cadeira e chamou Janaína para fazer-lhe as unhas.

— A senhora é nova nesse bairro? — indagou Lurdinha, perscrutando-a pelo espelho, enquanto estendia o manto preto ao redor de seu pescoço.

— Ah, sim. Acabei de me mudar para cá, vindo de São Paulo — respondeu faceira, encarando a Janaína que se sentava em um pequeno banquinho aos seus pés, trazendo consigo a bandeja de esmaltes coloridos.

A manicure franziu o cenho ao notar que na mão esquerda da mulher faltava o dedo mínimo. Assim que pegou em sua mão, sentiu um arrepio percorrer seu corpo. Encarou o rosto da mulher, empalidecendo em seguida. A face desconhecida dançava diante de seus olhos, cada vez que ela piscava de modo forçado, transformando-a em algo horrível. Abaixou a cabeça, perplexa, concentrando-se na lixa. Calçou uma luva descartável. Não queria ter que tocar nas mãos daquela mulher, que falava com Lurdinha na frequência da respiração.

— Como estava lhe dizendo, minha cabelereira era excelente, mas a pobrezinha foi morta. Acredita, nisso? São Paulo está tremendamente violenta.

— Foi morta? Um assalto, a senhora quer dizer? — questionou Lurdinha, erguendo o enorme cabelo da mulher para o alto, passando a tesoura.

— Só as pontinhas, hein? — avisou a mulher, cerrando o olhar na direção do espelho — Não, querida — continuou sem tirar os olhos da tesoura — Não foi assalto. A pobrezinha foi morta pelo ex-namorado ciumento.

— Ah, meu Deus! Não aguento mais esse tipo de notícia — confidenciou Lurdinha, segurando a tesoura displicentemente com uma mão, levando a outra à cintura, enquanto encarava a mulher — É sempre a mesma coisa! Não sei o que acontece com esses machões que pensam que a mulher é propriedade deles. Nem lhe digo o que penso em fazer com um ser destes — proferiu, abrindo e fechando a tesoura várias vezes.

Janaína ergueu os olhos para a patroa, querendo anuir com um ligeiro sorriso, porém ao se deparar com o olhar da cliente que a encarava de forma aguçada, fê-lo desaparecer antes que surgisse em sua boca. Os olhos daquela mulher estranha pareciam negros, sem qualquer sinal de esclera, profundos e malignos.

Assustou-se, arrancando um “bife” das unhas da mulher, que não se importou com o fato. Pareceu até mesmo se divertir vendo o sangue escorrer do corte, sem proferir qualquer impropério contra ela. Outra cliente o teria feito na hora, contudo aquela manteve o colóquio com Lurdinha, que se mostrava entretida com sua fala anasalada. Janaína sentiu um terrível mal-estar ao erguer a cabeça rapidamente e perceber que seus olhos lhe mostravam uma duplicação da face da estranha cliente. Uma encarava a patroa e a outra, coberta por tatuagens, ela.

Retirou as mãos de sobre a cliente suando frio. Fechou os olhos com força e tudo voltou ao normal. O que estaria acontecendo com ela?

— Eu te entendo, Lurdinha — disse a cliente, com uma naturalidade de freguesa antiga — mas a culpa não foi somente do jovem. Não mesmo.

— Não estou entendendo. Não foi o namorado que a matou?

— Sim, contudo o rapaz foi influenciado. O ciúme o enlouqueceu.

— Mas quem o influenciou? Esse rapaz só pode ser um daqueles de mente fraca. Deve ser isso. Matar alguém só porque outra pessoa encheu sua cabeça de bobagens, é uma bela desculpa, isso sim — concluiu Lurdinha, bufando de indignação.

— Mas foi exatamente isso o que aconteceu. A moça, Vanessa, que tinha mãos de fadas e cortava um cabelo como ninguém, devo confessar, tinha uma amiga. Uma dessas amigas maledites. Invejosa ao extremo, porém ela não enxergava o fato. A gente falava para ela, mas a pobrezinha tinha um coração que não cabia no peito.

— Humm. Conheço várias estórias dessas maledites! Mas o que aconteceu? — insistiu Lurdinha, curiosa.

Janaína encontrava-se no momento da escolha do esmalte. Relutou em interromper a conversa, contudo algo a mantinha presa naquela cadeirinha. Sentia o estômago revirar e o suor brotar em sua testa, mesmo a tarde estando fria. Com certeza deveria ser o início de alguma doença.

— Senhora, desculpa interromper, mas qual a cor? — indagou, sentindo-se desconfortável ao mostrar um vidro de esmalte prateado.

— Vermelho sangue! — ordenou a cliente, sem nem mesmo olhar para ela, o que acabou acentuando o mal-estar.

— Aposto que a maledite queria o namorado da sua cabelereira — Lurdinha trouxe a conversa de volta, visivelmente interessada.

— Exatamente. Vanessa era uma mulher linda. Um cabelo negro que caía até o meio das costas. Liso de fazer inveja. Olhos cor de mel, que ressaltava sua pele clara, além de um corpo perfeito. O namorado, um jovem trabalhador, morria de amor por ela. Pelo menos era o que dizia para quem quisesse ouvir. Era um casal bonito de se ver. A maledite, quando os via juntos, era toda sorrisos para eles. Vivia no salão, elogiando Vanessa para as clientes, comprando flores para alegrar o ambiente, fazendo café como se fosse a dona do lugar. Mas quando o rapaz chegava, com uma daquelas motos grandes que chamam a atenção de todos, abria a porta do salão todo lindo e perfumado, tendo olhos só para a namorada e beijando-a sem melindres, os olhos da maledite se inflamavam. A pobre Vanessa não desconfiava de nada.

— Mas é sempre assim! — interrompeu Lurdinha, exasperada — A mulher traída é sempre a última a saber!

— Mas Vanessa não chegou a ser traída pela maledite. Nem de longe! A peste inventou para o rapaz que a Vanessa dava em cima dos clientes, quando ele não estava por perto! Disse que assim que ele deixava o salão, ela ria e contava a todos o quão bobo era por acreditar em seu amor. Uma mentira deslavada. Mas você sabe como é! Um homem desconfiado, para ter a cabeça virada, não custa muito. A falsa inventava as coisas mais absurdas só para depois ficar consolando o rapaz.

Janaína passou a primeira camada de esmalte nas unhas da alcoviteira e, ao fazê-lo, sentiu seu olhar gélido sobre ela. Ergueu a cabeça e sua mão parou no ar, a poucos centímetros da unha seguinte. O rosto da mulher havia mudado, sobremaneira. Os cabelos molhados, negros e longos, desapareceram na cabeça calva, repleta de feridas. Os olhos negros traziam uma fenda amarela no lugar da pupila, enquanto a boca salivava ao encará-la com um prazer mórbido. As letras do alfabeto, cravadas em sua pele, intumesciam e murchavam diante de seus olhos, horrorizados.

A manicure soltou um gritinho, dando um leve pulo na cadeirinha que quase a levou ao chão.

— Pelo amor de Deus, menina! — ralhou Lurdinha, com a mão no peito — Que susto! O que foi?

— Não foi nada, Lurdinha. Eu pensei ter visto algo — respondeu Janaína, evitando olhar para a cliente, cujo rosto voltara ao normal.

— Bom, continuando... — a cliente estalou a língua, satisfeita — como disse, o pobre rapaz acreditou piamente na maledite. Foi então que ele passou a cercar Vanessa por todos os cantos, não a deixando sozinha um minuto sequer. As brigas começaram. Ele chegou até mesmo a bater nela por causa do ciúme doentio. A pobre não teve outra alternativa a não ser a de terminar o namoro. É claro que ele não aceitou.

— Eles nunca aceitam — proferiu Lurdinha, indignada.

— Não mesmo. Mas o plano da maledite, que era separar os dois, foi por água abaixo. Ela pensou que eles iriam terminar e ela iria consolá-lo. Contudo, ele não quis saber dela. Estava obcecado pela namorada. Vanessa chegou até a conseguir uma medida protetiva contra ele. Acuado, o namorado vingativo elaborou um plano que, para ele, seria infalível.

— Santo Deus! Tenho até medo de ouvir o que ele pensou! — concluiu Lurdinha, voltando ao corte, enquanto encarava a cliente pelo espelho.

— Como ele não podia se aproximar de Vanessa, o safado convenceu uma moça a marcar uma hora no salão, quando este estivesse para ser fechado. Ele não queria testemunhas. Entretanto, no dia escolhido, a maledite foi até lá e passou a conversar com a Vanessa, ficando com ela até a hora em que fecharia o salão. E quando a última freguesa saiu, após pagar a conta, Vanessa pôs a mão na maçaneta para fechar a porta de vidro. Foi então que surgiu uma garota, dizendo que estava desesperada para fazer o cabelo já que tinha uma festa logo mais à noite e, por estar trabalhando o dia todo, não tivera tempo de marcar hora em nenhum salão. Casualmente estava passado por ali e o viu aberto.

— Ah, meu Deus! Eu não teria atendido. Essas clientes que chegam do nada, sem hora marcada... Hummm... Sei não! — proferiu Lurdinha, esquecendo-se de que estava cortando um cabelo naquela mesma situação.

— Pois é! Ela não ia mesmo atender a moça, contudo, a maledite se intrometeu na conversa e, quando as três se encontravam entretidas, sem que Vanessa percebesse, o rapaz entrou trazendo fogo nas ventas. Empunhava a arma, ameaçando Vanessa, chamando-a de nomes impronunciáveis, enquanto as outras duas deixavam o salão, de fininho. A coisa toda aconteceu com uma velocidade incrível. Ele atirou duas vezes nela, matando-a ali mesmo. A maledite, depois que ele fugiu, voltou para dentro do salão e, como uma atriz que era, passou a gritar, chorar e pedir socorro. A comparsa do assassino, que abriu caminho para ele, fugiu e ninguém nunca mais a viu. A imagem da câmera de segurança que filmou a mocinha chegando ao salão, não capturou seu rosto. Sortuda ela, não é mesmo? Mas ele não. Seu rosto estava lá! Limpo e claro para quem quisesse ver. Entrando e fugindo do local do crime.

No findar da narração, Janaína sentia os olhos turvos e sua respiração passara a ficar pesada.

— Menina, você está passando mal? — questionou Lurdinha, vendo-a tombar na cadeirinha, indo ao chão.

A cliente manteve-se na cadeira, soprando as unhas, enquanto Lurdinha e as outras funcionárias acudiam Janaína, cujo rosto se mostrava plúmbeo. Assim que ganhou cor, após um copo de água com açúcar, ela foi dispensada do serviço. Aquele dia estava perdido para a manicure, que deixou o salão como se tivesse visto o diabo. Outra manicure a substituiu e o colóquio entre Lurdinha e a cliente foi retomado por mais algum tempo:

— E o rapaz foi preso? — quis saber a cabelereira, curiosa.

— Foi nada. Deu no pé, o infeliz! Dizem que fugiu para a terra dele, lá para os lados de Goiás, eu acho.

— Que coisa! A justiça no nosso país não tem jeito! — lamentou Lurdinha, pegando o secador — E a maledite? A polícia desconfiou dela? Foi, pelo menos, interrogada?

— Foi sim, mas com o larápio foragido, não havia como provar a participação dela no crime. Talvez ela nem soubesse do plano dele. Foi liberada, contudo... — abaixou a voz, fazendo Lurdinha se aproximar — soube, em primeira mão, que ela teve o que mereceu. Um infarto fulminante a matou!

— Um infarto? — repetiu, Lurdinha, embasbacada — Em uma jovem mulher? Que estranho!

— Põe estranho nisso. Quem a viu disse que seus olhos estavam esbugalhados, como se tivesse passado por um momento de profundo terror. Bem feito! Se a justiça dos homens falha... a outra não!

— É verdade — anuiu Lurdinha, sentindo um ligeiro desconforto, tratando de acelerar a escova nos cabelos da mulher — E como a senhora soube que a maledite morreu desse jeito? Que coisa estranha!

— Eu tenho uma amiga que trabalha no necrotério para onde o corpo foi levado — anunciou, denotando um prazer real por suas palavras, fazendo Lurdinha engolir em seco — A outra fugiu — continuou ela, encarando Lurdinha pelo espelho — Fugiu, mas o seu destino já foi traçado.

— O que a senhora quer dizer com isso? — questionou Lurdinha, desligando o secador, sentindo, sem razão aparente, um medo latente.

— Que aqui se faz, aqui se paga!

A mulher se levantou da cadeira, mirou-se no espelho com um sorriso triunfante nos lábios e agradeceu Lurdinha pelo excelente trabalho. Suas unhas longas, extremamente vermelhas, reluziam sob a luz amarela da recepção, enquanto ela assinava o cheque. Um raio cortou o céu da tarde chuvosa, contudo, a cliente não se importou com o aguaceiro que caía. Deixou o salão e desapareceu das vistas de Lurdinha ao se virar para a esquerda.

— Santo Deus! De vez em quando me aparece cada uma! — indagou Lurdinha, benzendo-se, enquanto guardava suas tesouras.

***

Janaína sentia-se febril. Suas mãos tremiam e seu rosto encontrava-se corado quando mirou-se no espelho do banheiro. Tocou a face, contudo não havia sinal de febre. Preparou uma sopa leve e tomou-a no sofá, em frente à televisão. A chuva decidira aumentar e os estrondos no céu davam a impressão de que a casa velha tremia, em protesto.

Depositou o prato fundo sobre a mesinha de centro quando as luzes piscaram duas vezes, apagando em seguida. Ela se ergueu rapidamente, indo em direção à janela, observando que o quarteirão inteiro estava com energia. Um leve barulho vindo do quarto a sobressaltou. Apertou a gola do roupão, sentindo um gosto acre na boca ao encarar o corredor escuro.

Uma sombra se movimentou ali quando outro raio iluminou a sala. Janaína soltou um gritinho, levando a mão à boca. Seus olhos aumentaram nas órbitas. Passos pesados ecoavam abafados pelo piso de tacos. Ela correu para a mesinha de centro em busca do vaso que havia ali. Suas mãos tremiam quando observou um pé de sapato de bico fino sair das sombras do corredor, tocando a soleira da sala.

— Quem está aí? — gritou, brandindo o vaso pesado, sem perceber a água que caía dele, a molhar a parte de trás do roupão.

Dois pés surgiram e Janaína constatou a silhueta feminina no umbral da porta. Os longos cabelos negros e reluzentes a fizeram arregalar os olhos em reconhecimento.

— Como entrou aqui? — questionou, erguendo o vaso, enquanto a figura da mulher passou a rir de forma rouquenha, ao dar um passo à frente.

Um novo ribombar de trovão e a mulher encontrava-se frente à frente de Janaína, encarando-a com a boca sedenta.

— Quem é você? O que quer de mim? — indagou, derrubando o vaso.

A mulher não respondeu. A parca luz amarela do poste, sob a chuva fina, iluminava suas costas, causando um efeito estranho na face assombreada, fazendo Janaína gritar quando esta trepidou e se converteu em duas, como acontecera mais cedo no salão. O pescoço da invasora torceu de um lado para outro, alongando-se, em regozijo.

Os olhos da manicure arregalaram diante do medo. A adrenalina jorrou em seu corpo como uma descarga elétrica, ao ouvir a risada fina da mulher transformar-se em um som gutural, enquanto sua pele, segundos antes, lisa e clara, mostrava-se novamente tatuada, em negro, com as várias letras do alfabeto, excetuando as três novas que surgiam diante de seus olhos, em vermelho incandescente. Os lábios, então grossos e abertos em sorriso, mostravam dentes pontudos e afiados.

O corpo, estando musculoso e ligeiramente deformado, deu mais um passo à frente, estendendo mãos grandes com unhas negras e pontudas em direção à face de Janaína, que se encolheu na parede, enquanto lágrimas banhavam seu rosto aterrorizado. A mão que segurou seu queixo, imobilizando-o com dedos longos e fortes, fez com que sua boca se abrisse, não em protesto, mas sim em dor.

Ela encarava, incrédula, os pequenos chifres negros que repousavam na cabeçorra da criatura, cujos olhos de fendas negras a perscrutavam em um silêncio analítico. Tentou gritar, contudo seus lábios estavam unidos pela força que ela empregava.

O monstro sorriu, ao levar a mão livre ao coração da moça, observando a vida se esvair diante dele.

***

A nova cliente de Lurdinha encontrava-se sentada à mesa redonda, que fora coberta por uma toalha branca onde as letras do alfabeto reluziam em negro. Mantinha os olhos fechados em concentração, enquanto sua íris corria de um lado para outro sob a pálpebra. A mulher de vestes negras à sua frente não ousava interrompê-la. Um quarto de hora havia se passado quando ela abriu os olhos, mantendo-os fixos na parede acima da cabeça da visitante que a perscrutava em silêncio, enquanto prendia respiração.

— Está feito, querida! — dirigiu-se à senhora, com um olhar triunfal.

— Tem certeza, Madame Jaelle? — indagou a mulher de vestes negras, insegura, apertando a mão direita com a esquerda.

— Ousa me questionar? — encarou a pobre mulher à sua frente, que se encolheu amedrontada.

— De forma alguma, madame. Eu não a procuraria se meu coração não estive estilhaçado e em busca de vingança. Minha pobre filha Vanessa... — Lágrimas cobriram sua face dorida.

— Eu jamais falho. Assim como a outra, essa também está morta. Teve o que mereceu.

— E ele? O Assassino maldito que tirou a vida da minha pobre filha?

— Já sei onde está. Estou indo ao seu encontro.

A pobre mãe enlutada e aliviada deixou o local de encontro, logo após depositar sobre a mesa um saquinho bem fechado. Partiu sem olhar para trás e sem remorso algum do que acabara de fazer. Sabia que a mulher desapareceria assim que conferisse o pagamento. Em breve achariam o corpo de Janaína. Seu coração se regozijava ao saber que o maldito assassino de sua filha, logo mais, estaria no inferno junto ao demônio que o levaria consigo.

Madame Jaelle pegou o saquinho da mesa, abrindo-o satisfeita. Ali havia um dedo da pobre mulher. Lembrou-se com prazer da última que procurou por seu serviço e de seu gosto, ao tomar-lhe a forma, antes de se encontrar com a pobre mãe enlutada. Agora era a vez de se transformar na própria e ir atrás do namorado assassino. Deixou-se salivar diante do novo sabor. Afinal, o que era perder um mísero dedinho comparado ao doce sabor da vingança?

Tema Proposto: Salão de Beleza

Amanda Kraft
Enviado por Amanda Kraft em 14/08/2023
Código do texto: T7861517
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