Nós somos os deuses.- CLTS 24
Rio de Janeiro, sexta-feira 29 de julho de 1938
Jornal “A noite” edição das 11 horas
LAMPEÃO FOI DEGOLADO!
A amante do terror do nordeste e mais nove bandidos exterminados do mesmo jeito.
Ferido o Tenente Bezerra, que comandou a coluna volante autora do feito – Morto um dos soldados – Os principais cangaceiros eliminados - expostas em Piranhas as cabeças dos facínoras que vão ser removidas para Maceió. Confirmado oficialmente o mais sensacional furo jornalístico dos últimos tempos, estampado na edição extra de A NOITE de ontem – Como o comandante do 2º batalhão da força pública de Alagoas, aquartelado em Santana do Ipanema relata ao interventor o episódio verificado na fazenda de Angicos...
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Eu conduzirei você curioso leitor até as profundezas, para relatar a história nunca contada de meu primo Virgulino Ferreira Da Silva, sim nos somos primos por parte da família Da Silva, uma família pacata, nossos parentes só matam com motivo, você que está lendo tome cuidado, e fique sabendo. Vem comigo amigo leitor. Tudo aqui relatado, foi a mim falado por meu primo em seu leito de morte.
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TERRA DE NINGUÉM
Nossa rainha e o rei
Do nosso amado sertão
Espíritos sim, acéfalos
Maldita situação
Eles queriam vingança
Colocar no coração
Lampião escrevia no chão com um graveto, com a cabeça debaixo do braço, muito contrariado e sisudo, Maria Bonita em pé de braços cruzados e a cabeça sobre uma pedra compartilhava da mesma indignação:
– Muié, quero ir simbora desse lugar! – Colocou a cabeça numa pedra, e admirava a mulher amada.
– Eu também Virgulino, que lugar mais sem graça. Oxente! Aqui não acontece nada, que paradeiro.
– Verdade Santinha, pense num lugar sem sal.
Um espesso nevoeiro cobria o amaldiçoado lugar, uma sauna infernal, com árvores secas e retorcidas, não muito diferente da caatinga, uma penumbra na caverna, e lagoas de enxofre borbulhante, por toda parte.
– E como vamos sair daqui omi, agente só sabe como entrou, e agora como sai. –Ela já percebia que o marido tinha algo em mente.
– Fica tranquila Santa, já consegui uma audiência com o proprietário do local, agora venha cá me dar um cheiro. – Ele se levantou e agarrou ela por trás.
– Oxi! Virgulino, tome jeito descarado, que aqui nesse lugar essas coisas não nos pertencem mais, mais até que me deu um calor agora. E como tu descobriu quem é o dono daqui?
– Fique tranquila minha bichinha, os informantes daqui são melhores do que aqueles de onde nós vinhemo, venha cá, pra me dar um chamego.
– Para safado a sua pistola tá me cutucando.
Eles se assustaram quando se materializou dois seres altivos, vestindo roupas negras, tinham olhos flamejantes, o de aspecto masculino era impaciente e sua companheira, sua esposa, olhava os recém-chegados com curiosidade, o outro casal apontava os fuzis para aquelas divindades, enquanto tentava segurar suas cabeças(não que isto tivesse muita serventia naquele lugar), era só por habito mesmo.
– Quem de vocês ousou pedir uma audiência comigo? – O ser assustador tinha algo de nobre e amedrontador.
– Fui eu que pedi, eu sou Capitão Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, essa é minha esposa Maria bonita. Quais os nomes de vosmecês?
O ser com uma voz que nem um trovão disse:
– Eu sou Hades, o rei do submundo, está é minha esposa Perséfone. Eu sou muito ocupado chegam novos residentes a todo momento aqui, visto que no mundo dos vivos está tendo uma grande guerra que começou a pouco, estão chegando muitos alemães, poloneses e russos este mês, digam o que querem, sejam breves. – A vestimenta dos cangaceiros a rainha do submundo achou interessante.
Maria abraçada ao marido, segurava sua cabeça e rezava por Deus e nossa senhora acordar daquele pesadelo:
– Que lugar é este? – perguntou a cangaceira:
– Terra de Ninguém é o nome deste lugar, vocês estão aqui porque no submundo e no mundo dos vivos vocês dois não conseguem ser definidos. Heróis ou bandidos, anjos ou demônios?
Lampião retomou a fala:
– Pois é seu Hades, não tô querendo desrespeitar sua autoridade não, num sabe, mas a gente quer ir embora, eu e minha mulher em vida fomos muito temente a Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, Nossa Senhora e meu padim Padre Ciço, e depois que morre vem parar aqui. Oxente! Que desmantelo é esse? A gente já contava ir para o inferno conhecer o Satanás em pessoa, e agora isso, prometo se a gente volta nós acendemos umas velas pro senhor e pra sua senhora.
O Deus tentou explicar de forma simples aquela confusão:
– Nós e os Deuses do Monte Olimpo decidimos a muito tempo não interferir mais, nos assuntos dos humanos, deixamos que eles seguissem seu caminho, depois disso eles criaram várias doutrinas falsas, mas quando vocês morrem, é para meus domínios que são trazidos Capitão Lampião.
O deus abraçado a sua esposa disse:
– Se vocês passarem pelo meu cão Cérbero de três cabeças, que meu sobrinho Hércules devolveu semana passada, vocês poderão retornar ao mundo dos vivos.
Ao ouvir sobre o cão infernal maria fez várias vezes o sinal da cruz, e rezava uma ladainha baixinho.
– Hum! Entendi, seu mundo é complicado, desculpe a ousadia, pra vir tem que atravessar um rio com um barqueiro, e ainda tem que pagar a travessia, eu e Maria deixamos com ele um anel de ouro de cada para pagar a viagem. Pra voltar tem que enfrentar um cachorro? Não tô entendendo, mas a gente aceita o desafio. Cachorro é tudo igual aos donos, não é verdade Santinha?
Perséfone achou graça das palavras de Lampião, e foi a vez de Maria falar:
– Posso ver que vocês são muito decentes, sem querer abusa, tenho um pedido a fazer. – Mostrando a cabeça decepada. – Tem como vocês dá um jeito nisso, anda neste lugar desconhecido, carregando a própria cabeça não vai ser fácil.
A deusa intercedeu, e surgiu um espectro, de uma jovem muito bela:
– Está é Aracne, ela costurará suas cabeças no lugar.
A jovem se metamorfoseou numa pequena aranha, os cangaceiros colocaram as cabeças no lugar, a aranha costurou elas com uma teia fina e prateada, após o serviço pronto, não tinha quem dissesse que tinham sido degolados:
– Vocês podem ir, sigam sempre subindo, próximo a saída vocês encontraram Cérbero, vejo que vocês tem coragem, os nomes de vocês chegaram a este mundo, muito antes de suas mortes, boa sorte no desafio.
Depois de Hades dizer estas palavras, eles seguiram viagem, ao olharem para trás, os deuses abraçados acenavam com as mãos.
***
A TROPA
Era uma longa subida o caminho de volta, mas eles não se cansavam, na verdade não sentiam nada, nem fome, calor, frio, dor ou incomodo.
Atravessando um vale desértico e arenoso, o chão começou a tremer, eles pararam, e em sua direção veio uma volante da polícia marchando, com seus uniformes esfarrapados, todos armados, a marcha em perfeita ordem estremecia o chão, a frente da tropa vinha seu comandante que deu a ordem de parada quando viu o casal, os soldados do pelotão espectral tinham os corpos totalmente descarnados, com os olhos saltando das órbitas:
– ALTO! PELOTÃO, DESCANSAR! Lampião, veja esta tropa, são todos os homens que vocês desgraçados tiraram a vida, vinhémos profetizar que vocês não terão sucesso no seu desafio, vocês tem que pagar pela eternidade neste lugar. Eu sou o capitão José Rodrigues da Silva, você me matou na cidade de Goianinha no Rio grande do Norte em 1927, descobri ao vir para este lugar que somos primos, você derramou seu próprio sangue, eu tinha dez filhos para criar, eu os amaldiçoou. PELOTÃO, SENTIDO! ORDINÁRIO MARCHE!
Novamente a tropa infernal fez o chão tremer, e cantavam uma cantiga de maldição.
Tudo que nós queremos
Morte aos cangaceiros
Atira macacada
São malditos guerreiros
Serão amaldiçoados
Bandidos bandoleiros
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ROLAM AS PEDRAS
Hum! Veja, olhem os pródigos.
Olhem os avarentos
Rolam rochas e pedras.
Parecem uns jumentos.
Hum! Que trabalho vil!
Nos corpos ferimentos.
– Anda santinha, temos que sair daqui, até aqui a maldita macacada nós amaldiçoa!
Ela o abraçou:
– Vosmicê capitão, meu capitão!
Eles se beijaram com fervor, e seguiram viagem.
Após o vale subiram uma cordilheira e chegaram a uma planície, onde acontecia uma cena que muitos os afligiu, uma multidão de espíritos amaldiçoados rolavam enormes pedras morro a cima, no pé da rampa ao lado da sua pedra um homem os aguardava, toda a frente do seu corpo estava em carne viva, ele cumprimentou o casal e disse:
– Eu sou Sísifo, venho dizer para desistirem, tentar enganar os Deuses tem suas consequências, mas se quiserem continuar, me ajudem com essa pedra e lhes mostrarei o caminho.
Os cangaceiros empurravam a enorme pedra, e sentiram todo o sofrimento daquele fantasma, no topo Sísifo apontou o caminho, e novamente sua pedra desceu para a planície.
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CAMPOS DOS EMPALADOS
Sofrimento pelo ânus.
Estacas enfiadas.
Saíam pelas bocas.
As tripas perfuradas.
Os gritos de horror.
Carcaças penduradas.
Eles tiveram uma longa escalada pela frente, suas almas desanimavam.
No topo havia um grande platô.
Um campo repleto de homens e mulheres nus e empalados com grandes estacas.
O casal teve que escolher ao fazer a travessia, ouvir os gritos de dor ou ver tal sofrimento desumano.
Maria escolheu fechar os olhos, e era guiada por Lampião, que tapou os ouvidos, mas tudo via.
Neste vasto campo dos malditos, estão empalados os políticos, que em vida roubaram o patrimônio público.
***
AS SOMBRAS
Fila de mentirosos.
As sombras do submundo.
Uma nuvem de poeira.
Espectros? Seus imundos.
Sofrimento! Tormento!
Escritores do mundo.
Depois de muito andar, o som dos empalados ele pararam de ouvir.
Chegaram a um monte, com uma entrada de uma caverna escura, aonde homens sombra entravam, saiam do outro lado e retornavam ao começo fazendo a volta, um tormento, em loop infinito.
Andavam arrastando os pés, levantando uma nuvem de poeira vermelha.
Nesta fila estão os escritores que difundiram doutrinas falsas em vida. Entre eles estão Machado de Assis, H. P. Lovecraft e William Shakespear e muitos outros.
Uma sombra amiga se aproximou dos cangaceiros, mostrando o caminho que deviam seguir, ele sussurrou:
– Não sai mais, nunca, nunca mais!
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POETAS TURISTAS
Agora eles seguiam por uma trilha tortuosa.
Nossos heróis subindo.
Os poetas descendo.
Alguns querendo sair.
Penando! Padecendo.
Encontro inesperado.
Quarteto se entendendo.
Os heróis a fugir.
Poetas passeando.
Os poetas turistas.
No inferno recitando.
Uma fenda no chão.
Contém sangue espumando.
Ao saírem duma trilha pedregosa, eles saíram numa clareira onde havia no chão uma rachadura, eles puderam ver que o buraco estava cheio de sangue.
Novamente eles sentiram algo muito humano, sede, se encaminharam para a poça, e pararam.
Na sua direção vinham dois homens vestidos com túnicas brancas, nas suas cabeças traziam coroas de louros.
Eles se aproximaram, diante do sangue todos se abaixaram e beberam, até estarem saciados.
Se cumprimentaram, no submundo todos se igualavam, inclusive na língua falada.
Sentaram próximo a grandes rochas. Conversavam sobre a vida, os poetas muito se alegraram ao saber que Lampião era poeta, e em vida também fazia versos para alegrar a alma. O capitão abraçado com Maria bonita falou uma cantiga sua, eram poucos versos, mas de singeleza magistral, que falava de amor.
Olê, mulher rendeira.
Olê, mulher rendá.
Tu me ensina a fazê renda.
Que eu te ensino a namorar...
Eles muito riram e choraram, falando suas poesias, que lembravam da vida que não voltava mais.
Na despedida Virgílio e Dante, falaram do desafio que seus amigos teriam pela frente, Os cangaceiros seguiram na sua subida, e os poetas ladeira a baixo.
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CÉRBERO
Cabeças lhe sobravam.
Aquele cão infernal.
Via as presas! As garras!
Nele havia um mal.
Latido enfurecido.
Anunciava o final?
O casal andava de mãos dadas, margeando um rio de sangue fervente, que os poetas disseram se chamar rio Flegetonte.
Do outro lado da margem, havia ruínas de castelos, eles viam imponentes centauros armados de arco e flecha, atiravam em todas as almas dos assaltantes que saiam de dentro do sangue, perfurando seus peitos, com suas setas certeiras.
Vendo está cena eles lembraram de todos os assaltos feito em vida, e se arrependeram.
Chegando a entrada de uma caverna, com ossos humanos espalhados pelo chão, ouviram um rugir, Cérbero o cão infernal de Hades, saiu lá de dentro, para retirar Lampião e Maria bonita da existência, tinha uma baba peçonhenta, o olhar flamejante, os bandoleiros nada temiam, quando o cachorro se preparava para o ataque, Virgulino pegou o graveto que trazia consigo, mostrou aquela besta maléfica, e gritou:
– VEJA CÃO DOS INFERNOS! VAI BUSCAR!
Capitão arremessou o graveto no sangue fervente do rio, o cão saltou e abocanhou com a cabeça do meio, e caiu, sentiu todo o calor do sangue lhe cozinhar vivo as entranhas, quando tentou reagir todos os centauros encherem ele de flechas, ficou parecendo um porco espinho, e soltando um último ganido de horror, afundou para nunca mais voltar.
Os centauros e os cangaceiros comemoravam, acenando uns para os outros.
***
OS DEUSES SOMOS NÓS
Todo submundo começou tremer, Hades e Perséfone ressurgiram, o deus estava transtornado:
– O que vocês fizeram, malditos, meu lindo cachorrinho. Vocês não saíram daqui.
A deusa o segurou pelo braço:
– Você deu sua palavra meu marido!
– Sim eu dei! Sumam daqui!
O deus se ajoelhou as margem do rio e pranteou por seu fiel amigo.
A deusa lhes mostrou a saída.
Os deuses choraram.
Afogado está o cão.
Maldito cangaceiro.
Rei ruim do sertão.
Centauros vis, traidores.
Lagrimas pelo chão.
***
GROTA DOS ANGICOS
Uma ressurreição?
Por Mãe Gaia paridos.
Ressurgem no sertão.
Bandidos revividos.
De volta estão a ação.
Macacos combatidos.
O caminho que a deusa mostrou, era uma ladeira, um caminho pedregoso, no alto meu primo e Dona Maria podiam ver um feixe de luz. Eles passaram pela passagem estreita. Sendo novamente paridos pela mãe terra.
Ao saírem viram o sol, que novamente aqueceu suas peles, o sangue voltou a correr em suas veias, batidas no coração, o suor voltou a escorrer na testa, e seus pulmões se encheram de ar.
A alegria do casal foi indescritível, se abraçavam, choravam e sorriam ao se beijarem. Estavam em Angicos, na manhã gelada do dia 28 de julho de 1938.
Mas a alegria durou pouco, ouviram um disparo na mata:
– Corre Maria!
Lampião e Maria Bonita foram em direção ao tiro, com suas armas prontas para a luta.
Eles corriam pela floresta, Lampião vinha com um fuzil Mauser, dois revólveres e uma pistola Luger Parabellum.. Ambos vinham armados com um Wincherter 44. Maria trazia consigo dois revólveres cavalinho 38 mm e uma pistola.
Chegaram próximo ao local do acampamento, o tiroteio já começara, a polícia com duas metralhadoras e fortemente armados, pegaram o bando de surpresa.
Os macacos ficaram entre o bando, e o casal que pegou eles pela retaguarda, ficaram no fogo cruzado.
Antes de pararem para recarregar Lampião já havia matado oito soldados, um sargento e feriu gravemente o Tenente Bezerra. Maria não ficou atrás, deu um tiro na cabeça de um soldado que dava cobertura, o tiro vazou e pegou na nuca do cabo que estava com umas das metralhadoras, na primeira leva ela matou oito:
– Atira pra matar, Lampião! – Gritava ela.
Se protegiam por entre as árvores.
Durante a segunda carga, os dois juntos alvejaram mais seis mortalmente, outros seis bateram em retirada pela mata apavorados.
No meio dos fugitivos estava os coiteiros traidores, Pedro de Cândido e Joca Fernandes.
Maria desceu ao acampamento, prestar socorro aos amigos baleados. Encontrou Enedina com o peito cravejado de balas, de uma rajada de metralhadora. Ela segurava em suas mãos, depois da amiga soltar o último suspiro, Dona maria fechou lhe os olhos.
Lampião tomado pelo ódio, sangrou um soldado com seu punhal sangrador, depois tirou seu facão da bainha e começou a decapitar os soldados, o último degolado foi o tenente João Bezerra, que ele encontrou ainda vivo e soltando sangue pela boca:
– Tu vai ver o que é bom! Macaco! Vai andar no inferno sem cabeça. Infeliz! Fio duma égua!
Depois do banho de sangue, eles choraram pelos amigos mortos. Juntaram tudo que puderam:
– Vamos embora deste inferno muié, nossa segunda morte tem que ser em paz.
Então eles galoparam em direção ao oeste.
Vingança muito doce.
Amigos falecidos.
Morte para os macacos.
Pela mata escondidos.
Vivam segunda chance.
Em paz. Desconhecidos!
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A MENTIRA
Naquela manhã, a volante se dividiu em três grupos, a tropa do sargento Aniceto Rodrigues ficou perdida, o guia não conhecia a região direito, quando chegaram já era tarde.
Nove cangaceiros mortos e vinte e quatro soldados mortos, o sargento Aniceto Rodrigues decidiu cortar a cabeça dos cangaceiros, a cabeça de Enedina disseram que era Maria Bonita e usaram outra cabeça de cangaceiro dizendo que era Lampião. Deram fim aos outros corpos e cabeças.
A notícia correu o país.
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LAMPIÃO EM MINAS GERAIS
Nos anos noventa veio a tona a notícia que meu primo morreu em Minas Gerais de velhice, na cidade de Buritis.
Lá ele viveu em paz com sua amada, comprou uma fazenda e tiveram outros filhos.
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O SONHO
Termino essa jornada com um sonho que tive.
O ódio pela polícia na minha família é eterno.
No sonho havia um carro da polícia militar da Bahia, dentro tinha cinco policiais fardados, desesperados eles não conseguiam abriam o carro, estavam gritando. Eu estava vestido de cangaceiro, chapéu de couro, armado, retirei gasolina do carro, e molhei o veículo todo, acendi um cigarro, e joguei o fósforo no combustível.
Tudo virou uma linda bola de fogo laranja, a fumaça do sacrifício subiu as céus, os desgraçados gritavam, um cheiro de carne assada. Meu primo e dona Maria apareceram no meu sonho, Lampião veio até mim e disse:
– Primo! Enquanto tiver macaco nesse mundo, a gente tem que matar!
***
Você que leu a história? Eu tenho que lhe dizer, o povo de Teixeira de Freitas-BA sempre diz, “acredite em Deus, não em mim”.
“Brasil aqui nasceu a Fake News.”
TEMA: CANGACEIROS.
Glossário:
Hades(deus submundo), Peséfone(esposa de Hades), Aracne, Hércules, Sísifo, Cérbero, Centauros, Gaia. = MITOLOGIA GREGA.
Virgílio e Dante(Divina comédia).
Macaco = polícia (Expressão usada na época do cangaço).